O comércio de bens, serviços e o turismo são três das mais relevantes áreas da nossa economia e, mais do que isso, é um termômetro fidedigno da economia real do país. A Fecomércio RJ defende que o Banco Central tenha uma postura mais flexível em relação à meta de inflação, que viabilize a redução da Selic para padrões que estimulem a economia. Não se trata de discutir a independência do Banco Central, mas a meta de inflação e, por consequência, a taxa de juros devem ser revistas em razão das inúmeras evidências técnicas, no país e no mundo, de que metas de inflação descoladas da conjuntura atual têm sido mais prejudiciais para a atividade econômica do que um caminho para combater a inflação.
Na teoria, uma meta de inflação baixa ou baixíssima poderia representar avanços institucionais. Mas o que vemos na prática é que, em uma análise técnica, a meta de inflação no padrão atual está em descompasso com o desempenho da economia brasileira e do mundo. O resultado disso é que o Banco Central tem aplicado taxas altas, impraticáveis e, infelizmente, ineficientes ao seu propósito. Assim, deve-se discutir a flexibilização das metas, de modo que o Banco Central possa na sequência reduzir as taxas sem se descolar de metas, sempre dentro da realidade e do momento de nossa economia.
Essa situação, vale dizer, não é exclusiva do Brasil e até nos Estados Unidos, país cuja taxa de juros impacta no mundo todo, também se discute se o rigor de cumprir metas irrealistas pode ser mais nocivo que benéfico. Há inúmeros economistas renomados internacionalmente que defendem essa tese, a exemplo do professor do MIT e ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard.
No mundo todo, o debate atual é o mesmo que também vale para o nosso país: a conjuntura atual da economia deve estar conectada a uma meta realista, que traga benefícios concretos à atividade econômica com uma taxa de juros mais equilibrada.
Antonio Florencio de Queiroz Junior, presidente da Fecomércio RJ
Sobre a Fecomércio RJ
Reúne 59 sindicatos patronais, líderes empresariais, especialistas e consultores com o objetivo de fomentar o desenvolvimento dos negócios no setor do comércio de bens, serviços e turismo no estado do Rio de Janeiro. Desenvolve soluções, pesquisas e disponibiliza conteúdo sobre questões que impactam a vida do empreendedor e colaboram nas decisões dos gestores públicos. Representa mais de 330 mil estabelecimentos, que respondem por 2/3 da atividade econômica do estado e 68% dos estabelecimentos, gerando mais de 1,6 milhão de empregos formais, que equivalem a 60% dos postos de trabalho no estado. Através do Serviço Social do Comércio (Sesc RJ) atua em assistência social, cultura, educação, lazer e saúde aos comerciários e população carente, enquanto o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac RJ) promove educação profissional voltada para o setor.