Maternidade faz parte da rotina de 74% do empreendedorismo feminino no Brasil

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O empreendedorismo e a maternidade possuem pontos em comum. Envolvem geração e crescimento. Exigem cuidados, especialmente nos primeiros anos, dedicação e investimento de tempo e de dinheiro. Viver as duas experiências simultaneamente é um desafio e tanto, mas tem demonstrado dois atributos maternos importantes também nos negócios: a capacidade de cuidar e de se adaptar rapidamente a situações de crise. 

De acordo com dados do Sebrae, já são mais de 10,3 milhões de mulheres à frente de negócios no Brasil, número recorde. Ainda segundo a entidade, 74% das empreendedoras brasileiras são mães e, conforme a Rede Mulher Empreendedora (RME), 68% começaram a empreender depois de ter filho. Apesar dos números, as mulheres ainda são as que tem menos acesso a programas de aceleração e aporte em seus negócios, conforme aponta o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental. 

– A maternidade nos ensina a ter mais afetividade, carinho e seriedade nas relações, estendendo-se também para o mundo corporativo. Passamos a ver as reais necessidades de cada cliente, parceiro e colaborador. O propósito de cuidar do próximo passa a nos acompanhar para sempre, nos tornando mais criativas para proporcionar um resultado customizado e pautado pela excelência. Cada trabalho passar a ser como um filho, que, como tal, precisa de entrega, cobrança e amor – explica a especialista em negócios e mãe de dois filhos Jaqueline Garcia. 

Diante disso, conheça as trajetórias de empreendedoras, seus relatos sobre maternidade e os obstáculos que superaram na vida e carreira:

 

1 – Izabelly Miranda, fundadora e diretora técnica da rede Cuidare 

A potiguar Izabelly Miranda é enfermeira e criou, em 2016, a empresa Cuidare junto de seu marido, Etevaldo de Miranda Júnior, após perceber a carência de serviços de cuidadores qualificados e humanizados na região. A empresa cresceu rapidamente e tornou-se uma das maiores redes de cuidadores do país, presente em 20 estados brasileiros. Atualmente, a maioria dos cargos de liderança da rede é ocupada por mulheres, incluindo mães. 

Mãe de uma menina de cinco anos e de um menino de dois, ela relata que conciliar a maternidade com o dia a dia do negócio exige muita dedicação e tempo, mas empreender possibilita um planejamento maior do seu tempo. “É um desafio, mas consigo me dedicar muito mais aos meus filhos, pois faço os meus horários e consigo flexibilizar muito mais. Não tenho dúvidas que trabalho muito mais, pois preciso dar conta de todas as demandas, porém consigo ser presente em todos os momentos da vida dos meus filhos e tenho certeza que isso é a maior satisfação do meu trabalho. Sou realizada profissionalmente e na maternidade”. 

Site: www.cuidarebr.com.br

 

2 – Monique Rodrigues, CEO da rede Clinicão  

A Clinicão é a primeira franqueadora de serviços veterinários do Brasil, liderada pela carioca e veterinária Monique Rodrigues, que começou sua carreira em 1987. A empresa tem um modelo de negócio inovador e apoia o desenvolvimento de veterinários empreendedores. Com cinco unidades em São Paulo e Minas Gerais, a rede dispõe de um clube de assinaturas, o Clinicão Plus. Monique, que também tem MBA em Gestão Empresarial e Economia, dá todo o suporte para o franqueado ou a franqueada – em geral, profissional da área da saúde animal – na sua formação e preparação para administrar um negócio. Esse desenvolvimento acompanhou um nascimento, o de Letícia Cesário, hoje com 23 anos. “A maternidade exige muito da mulher. Eu levava minha filha para o trabalho. Foi criada dentro da clínica”, conta. Essa rotina acabou sendo decisiva para o futuro da filha, que segue os passos da mãe e hoje cursa medicina.

– O desafio de empreender é ainda maior para nós mulheres e mães, ao ter que gerenciar a nossa carreira profissional e função materna. Infelizmente, a responsabilidade dos cuidados com a prole ainda recai mais sobre as mulheres. Para mim, o que me ajudou a atender a todos estes aspectos foi a organização, e acredito que meus filhos têm orgulho de ver a mãe deles empreendendo e gerando emprego e renda – revela.

Site: www.clinicao.com.br 

 

3 – Bianca Oliveira, CEO da rede Cicatrimed 

A Cicatrimed é uma rede de franquias especializada em prevenção e tratamento de feridas, criada em 2008 pela médica intensivista Bianca Oliveira em Vitória da Conquista (BA). A rede conta atualmente com 21 unidades em 09 estados brasileiros e já conquistou a certificação da ONA e o Selo de Excelência da ABF. Bianca, que começou a empreender aos 30 anos com dois filhos pequenos, é uma referência nacional e internacional na área. 

– A vida da mulher profissional e que empreende é um desafio, mas mesmo com todas as tarefas de mãe, mulher e médica, o empreendedorismo me fazem querer inovar e fiz disso um hábito em minha vida. Esbarrei em machismos e preconceitos. Mas também fiz ótimas parcerias, e conheci tantos que me ajudaram em minha trajetória e foram fundamentais no crescimento da Cicatrimed. Não dá para romantizar escolher ser uma mulher empreendedora, são muitas horas de trabalho, investimento de tempo e dinheiro. Não acredito em caminhos mais fáceis, mas em uma trajetória de sucesso que exige muito suor, trabalho, estudo e dedicação. Há algo que me faz acordar todo dia renovada em querer continuar a escrever esta história, que é a certeza que minha empresa pode fazer a diferença na vida de muitas pessoas – conta. 

Site: https://cicatrimed.com.br/

 

4 – Nadia Benitez, fundadora e CEO da rede Ginástica do Cérebro 

A história de empreendedorismo da paranaense Nadia Benitez desafia todos os prognósticos, prova de que perseverança, estudo e uma boa dose de ousadia são ingredientes fundamentais para alcançar os objetivos. Natural de Foz do Iguaçu, no Paraná, ela desejava, desde muito cedo, abrir o seu próprio negócio, ainda que não tivesse qualquer histórico do tipo na família. Foi assim que, em 2011, tornou-se franqueada, em parceria com o marido, de uma marca do ramo da educação, a Tutores. A empreitada deslanchou e foi aí que ela começou a desenvolver o projeto do curso de neuroaprendizagem “Ginástica do Cérebro”. Em pouco tempo, o negócio virou franquia, se desenvolveu como rede e se consolidou como referência em estimulação cognitiva. A rede conta atualmente com 18 unidades em 10 estados. Além da dedicação ao negócio, Nadia é palestrante e promove encontros para incentivar o empreendedorismo feminino. Mãe de três de filhos, ela conta que a maternidade agrega um “espírito de genitora” que acaba impactando em todas as suas demais atividades. 

– Nenhuma mulher continua a mesma com a maternidade. Acredito que temos uma sensibilidade maior para o cuidado, a preocupação com o bem-estar, com a vida. E o mundo empresarial, de forma geral, é muito ‘selvagem’. Penso que nós podemos humanizá-lo partindo da apreciação do ser humano que está em todas as relações de negócio, crescimento e mudança de mindset. Nós, mulheres modernas, devemos nos assumir como multipotenciais, não multitarefas. Estamos cada vez mais sendo sobrecarregadas de demandas. Contudo, devemos saber entender os limites do nosso corpo x cérebro x emoção. Somos muito versáteis, mas precisamos fazer essa “ginástica”, porque não tem outro jeito – alerta. 

Site: www.ginasticadocerebro.com.br