Diretores do AfroReggae conhecem Casa de Humanização e projetos da Seap

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Representantes do Grupo Cultural AfroReggae, originário do Rio de Janeiro, visitaram em Belém, na última  quarta-feira (03/07), as obras da Casa de Humanização, Assistência e Proteção ao Apenado de Belém (Chapa), unidade-modelo voltada exclusivamente à reinserção social, a partir da qualificação profissional e colocação no mercado de trabalho, que está sendo construída pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado Administração Penitenciária (Seap).

A Seap e o AfroReggae estão alinhando uma parceria para instalar no Pará a Agência de Empregos Segunda Chance, criada pelo Grupo Cultural para atender egressos do sistema penitenciário, garantindo acesso a empregos por intermédio de parcerias com empresas e entidades. Os representantes do AfroReggae também conheceram projetos de reinserção desenvolvidos pela Seap.

A Agência de Emprego Segunda Chance já atendeu mais de 22 mil pessoas, garantindo emprego para mais de 4 mil egressos do sistema penal no Rio de Janeiro. Em 31 anos de atuação, esta será a primeira vez que o AfroReggae atuará em outro estado.

Durante a visita à Casa de Humanização, Danilo Costa, diretor Executivo do AfroReggae, e João Paulo Garcia, diretor Operacional, foram acompanhados pelo titular da Seap, Marco Antonio Sirotheau Côrrea Rodrigues; o secretário-adjunto de Gestão Operacional, Ringo Alex Rayol Frias, e pelo diretor de Reinserção Social, Valber Duarte.

Danilo Costa explicou que a Agência Segunda Chance é um projeto criado em 2008, com o nome de Empregabilidade. Em 2012, ganhou a denominação de Agência Segunda Chance. Com o apoio do governo de Estado, via Seap, a parceria deve ser consolidada para implantar o projeto no Pará.

“Apesar de nós reconhecermos que oferecemos a primeira chance efetiva de muitas pessoas, o AfroReggae tem a história de uma instituição com 31 anos, um histórico de transformação social e uma predileção por aqueles que são excluídos ou rejeitados. O egresso, o apenado, é talvez o recorte mais prejudicado, mais excluído, mais vulnerabilizado em todo esse histórico. E a Agência tem o papel dela: contribuir com a ressocialização, a reintegração desse egresso, por meio do mundo do trabalho”, ressaltou Danilo Costa.

Oportunidades – A Agência Segunda Chance faz um trabalho de intermediação de mão de obra, procurando empresas e instituições parceiras para garantir oportunidades de trabalho aos egressos. “Fazermos um importante trabalho de sensibilização e conscientização, para disponibilização de vagas direcionadas a esses egressos. E da mesma forma temos um banco de dados, onde temos o perfil desses egressos e fazemos esse match da vaga, o perfil da vaga com o perfil do egresso, para poder aumentar aí a possibilidade de contratação, de reintegração do apenado, desse egresso no mundo do trabalho”, acrescentou o diretor Executivo do AfroReggae.

Sobre a parceria com o Governo do Estado, ele avaliou como “importante a gente compreender que o que inicia aqui é uma parceria. Depois, como isso vai se desdobrar é algo que ainda precisa ser conversado. É algo que ainda precisa ser construído”.

Danilo Costa disse ter ficado surpreso, positivamente, com os projetos mantidos pelo sistema prisional paraense. “O que nós estamos vendo aqui, não conseguimos enxergar em outros locais do País. É algo realmente diferenciado. Demonstra que tem, de fato, um valor associado por trás, buscando a ressocialização. O que o governo do Estado está construindo aqui certamente vai impactar positivamente no resultado da segurança pública do Estado para os próximos anos, de forma muito efetiva. O trabalho é realmente diferenciado e com muita qualidade e muito compromisso com a sociedade, com o todo”, reforçou Danilo Costa o diretor.

O secretário Marco Antonio Sirotheau Corrêa Rodrigues destacou a importância da parceria entre o AfroReggae e a Seap para concluir a ressocialização dos custodiados, garantindo a inserção no mercado de trabalho.

“A Casa de Humanização, Assistência e Proteção ao Apenado consiste em uma unidade voltada inteiramente para a reinserção social, por meio de projetos e parcerias que já estão sendo alinhadas. Iremos construir uma nova história no sistema penitenciário paraense, pautados no trinômio religião, educação e profissionalização. Almejamos que o custodiado, ao se tornar egresso, saindo por estas portas, já esteja inserido no mercado de trabalho”, frisou o titular da Seap.

Transformação de vidas – João Paulo Garcia, hoje diretor Operacional do AfroReggae, é um exemplo de mudança de trajetória graças ao trabalho oferecido pela organização não governamental (ONG). Ele, que passou pelo sistema penal, ficou entusiasmado com o trabalho de reinserção social desenvolvido no Pará, via Seap.

Juntamente com Danilo Costa, ele conversou com alguns internos que serão monitores dos demais custodiados na Casa de Humanização, e ressaltou a importância das oportunidades oferecidas e seus impactos na mudança de vida de cada interno.

“Eu, como egresso de tempo prisional, nunca vi uma coisa parecida com o que está acontecendo aqui no Estado do Pará. Eu estou muito feliz de poder trocar experiências. Na verdade, é tão incrível! Não tenho nem palavras para falar. O AfroReggae está vindo com a expertise de 31 anos. E assim, cada vez mais complementar um trabalho incrível, que já está sendo feito aqui. Como egresso do sistema prisional, o que estou vendo aqui nunca vi em unidade nenhuma no Rio de Janeiro, e nunca ouvi falar em nenhum estado o que está sendo realizado aqui”, afirmou João Paulo Garcia.

O diretor de Reinserção Social Valber Duarte explicou que a Chapa vai garantir “o que a Lei de Execução Penal nos orienta, que é fazer a custódia e também a reinserção. Essa unidade será totalmente voltada à humanização”.

A chegada do AfroReggae ao Pará visando conhecer outras iniciativas do governo do Estado, prosseguiu o diretor, aponta algo histórico. “Eles não tinham essa pretensão de sair do Rio, no sentido de levar um projeto deles, que é um projeto de grande credibilidade no País”, acrescentou.

“A parceria com o AfroReggae vai dar a possibilidade de trazer os empresários para dentro do sistema da Chapa”, disse ainda Valber Duarte.

Conquista – Rodrigo Cecim, 32 anos, um dos primeiros internos da Chapa, lembrou que, ao entrar no sistema penal, não teve a oportunidade hoje oferecida pela Seap. “Quando eu cheguei, em 2016, não tinha essa oportunidade. Mas quando o governo criou a Seap, dentro desse ambiente que hoje chamamos de reinserir, eu agradeci a Deus”, relatou o custodiado. 

“Fiz uma prova, que é um exame nacional, e tirei uma boa nota. Tive a oportunidade de me profissionalizar dentro do cárcere, e de ser um dos bibliotecários em uma unidade, onde hoje posso entender que tudo cooperou para a minha melhoria. E esse projeto lindo e maravilhoso, chamado Chapa, tem ressignificado a minha vida. Eu aprendi uma coisa com o governo do Estado: oportunidade não se ganha, se conquista”, reforçou Rodrigo.