Em um evento realizado nesta sexta-feira (19/05) na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), representantes das cinco montadoras que compõem o Cluster Automotivo Sul Fluminense afirmaram que as empresas da região enfrentam uma série de dificuldades operacionais e de custeio, levando a uma perda de competitividade na ordem de 40% em relação às empresas que atuam no Sul ou Sudeste brasileiro. Entre os entraves, o Cluster aponta a necessidade de automatizar o processo de restituição e transferência de créditos acumulados no ICMS no estado do Rio. Em São Paulo, essa liberação é muito mais ágil.
Considerado o 2o maior polo automotivo do país em número de empresas, integram o Cluster as montadoras Stellantis, Nissan, Jaguar Land Rover, Hyundai, Volkswagen Caminhões e Ônibus, além da Michelin e mais 23 empresas sistemistas, que compõem a cadeia produtiva do setor no Sul Fluminense. No entanto, atualmente fornecedoras de peças e equipamentos estão deixando o Rio de Janeiro em direção a outros estados.
As empresas automotivas do Sul Fluminense também questionam o alto custo da transmissão da energia elétrica no estado do Rio, na ordem de 30% maior do que a média Brasil, além da alíquota do ICMS sobre a tarifa de energia elétrica no estado do Rio. Além disso, o propalado 5G ainda não chegou em 11 municípios da região.
“O Sul Fluminense corre o risco de se desindustrializar com a perda de competitividade do setor automotivo e a fuga de empresas para outros estados”, destaca o vice-presidente da Firjan CIRJ e diretor Institucional da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Marco Saltini.
O encontro contou com a participação de deputados estaduais e federais e secretários do governo do estado do Rio, entre eles, Vinicius Farah, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Na abertura, o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, destacou que, segundo o mapeamento do setor, feito pela federação em 2021, registrava que a cadeia do setor automotivo gera 24 mil empregos na região. “Hoje pleiteamos redução da tarifa de energia elétrica e solução para a questão do crédito de ICMS, além de obras de infraestrutura. Para o futuro, defendemos a redução das taxas de juros, para alavancar esse mercado que é ponta do nosso desenvolvimento industrial”, afirmou.
Antonio Vilela, presidente do Conselho Empresarial de Energia Elétrica da Firjan, disse que o debate sobre a qualidade e a falta de energia elétrica é fundamental para o setor automotivo: “A falta de energia e a quantidade de interrupções afetam em muito o setor que é altamente automatizado. Qualquer interrupção de segundos exige uma reprogramação do sistema, que pode levar horas. Isso aumenta muito o custo operacional das empresas”.
Demandas do setor
Entre as demandas apontadas pelo Cluster Automotivo, que pedem uma solução o mais breve possível, está a de autorizar a cessão de saldo credor acumulado em programas de recuperação de créditos tributários; viabilizar a transferência de créditos para utilização em investimentos estratégicos; extinguir o Fundo Orçamentário Temporário (FOT); e retirar a substituição tributária dos produtos fluminenses.
Na área de infraestrutura, a entidade pede também o aumento da energia elétrica através da modernização da regulação; consideração de novos indicadores de continuidade abaixo de 3 minutos; do fomento à construção da linha 230 KV de alta tensão; e ampliar o acesso dos consumidores industriais ao mercado livre de energia, por meio de redução de encargos e subsídios; e avançar com o Regime Especial do rateio do crédito do ICMS no compartilhamento de energia entre montadores e fornecedores na SEFAZ-RJ.
Já em logística e mobilidade, o grupo pede a construção de viadutos e vias para unir o polo industrial Nissan aos polos industriais Volkswagen Truck & Bus e Stellantis; avançar com o arco viário para circulação de veículos leves e pesados entre as cidades de Itatiaia e Porto Real, entre outras ações.