Tesouro arqueológico é encontrado durante obras de reforma do RioZoo

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Reproduzimos, na íntegra, matéria publicada no site da Prefeitura do Rio de Janeiro, sobre tesouro arqueológico encontrado durante as obras de reforma do Jardim Zoológico do Rio.

“Um verdadeiro tesouro arqueológico de mais de 30 mil peças foi encontrado durante as obras de modernização do RioZoo, administrado pela Prefeitura do Rio. Os objetos, datados do início do século 19 até os primeiros anos do século 20, contam um pouco da história do país, do Rio de Janeiro e de um pedaço da cidade que abrigou no passado a família real, a Quinta da Boa Vista.

Boa parte dos itens remonta a meados do século 19, quando no local existia uma vila de funcionários do Palácio Imperial. Mas também foram encontrados vestígios de um antigo quartel, construído após a Proclamação da República sobre algumas das antigas casas – com objetivo nada nobre de apagar o passado monárquico do Brasil. Entre os achados estão muitos itens pessoais e do cotidiano, como louças, xícaras, pratos, talheres, ferraduras e até botões e broches de roupa com o brasão imperial, oriundos das roupas de militares.

Uma parte dos objetos se tornará uma mostra permanente dentro do novo zoológico, exibida na antiga sede do RioZoo, onde funcionou uma escola de formação técnica para os trabalhadores do Palácio da Quinta da Boa Vista, inaugurada por Dom Pedro II. A instituição era mista, ou seja, para meninos e meninas, uma inovação para a época. Além disso, recebia filhos de escravos.

A estrutura do quartel será incorporada ao roteiro de visitação do novo zoológico, dentro da Biosfera dos Primatas, Ursos e Animais Aquáticos – interação única entre meio ambiente e cultura. A primeira vez que a construção apareceu em um mapa foi em 1910, mas em jornais de anos anteriores há referências às obras. A previsão é de que a atração seja aberta ao público no final deste ano, já com a exposição em funcionamento.

A maior parte do acervo, no entanto, será destinada ao Museu Nacional, que sofreu um incêndio no ano passado e perdeu milhares de seus objetos expostos. E de certa maneira, muitos itens acabarão retornando para sua antiga casa.

– Acreditamos que muitos objetos foram doados pelo palácio para os moradores do entorno. Funcionava como política de boa vizinhança – explica o arqueólogo e historiador Filipe Coelho, diretor da Autonomia, empresa responsável pelo mapeamento e resgate do patrimônio descoberto.

Isso explica o fato de muitos itens encontrados serem de alto valor.

Alguns deles possivelmente vieram da Europa junto com a Família Real, que chegou ao Rio de Janeiro em 1808.

– Descobrimos um tipo de cerâmica mais nobre, chamada faiança, que apresenta pinturas. Isso não era comum entre a população mais pobre.

Só depois que esse material virou moda. Os movimentos que aconteciam na Quinta, em pequena escala, depois se refletiam para o Brasil todo – diz Coelho.

Os trabalhos de escavação e resgate arqueológicos foram acompanhados por técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional) e funcionários da Fundação RioZoo.

– Estamos modernizando o zoológico e, ao mesmo tempo, preservando a história da cidade. Além da função educativa e de conservação dos animais, os visitantes vão ter contato com objetos que datam do período imperial, com uma exposição permanente, com descrição de cada item e sobre o período – afirma a presidente da Fundação RioZoo, Suzane Rizzo, que ressalta o papel de guardiã do patrimônio e a revitalização pela qual a instituição está passando.”