Organizado pelos coletivos Madalena Anastácia e Madalenas Rio, o Painel Temático: “Tereza de Benguela – Interseccionalidade e Feminismos Possíveis” tem como objetivos: promover a discussão sobre o machismo e racismo estrutural, através do trabalho desenvolvido na criação de ações contra essas opressões, em território nacional e internacional; conscientizar a necessidade da luta antirracista feminista; promover a troca de experiências; discutir o trabalho que vem sendo desenvolvido. O Painel visa trazer a troca de saberes a partir do protagonismo das mulheres e as questões que as atravessam.
O evento celebrará uma data muito importante no que se refere à luta das mulheres, o Dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha, em homenagem à rainha Tereza de Benguela.
Segundo estatísticas reunidas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada, dentre estas, as mulheres negras são as principais vítimas letais. A ONU situa o Brasil na 5º posição em um ranking de 83 países em assassinato de mulheres. De acordo com o Mapa da Violência 2015, entre 2003 e 2015 o número de homicídios de mulheres brancas caiu em 9,8%. No mesmo período, o número de homicídios de mulheres negras aumento em 54,2%.
Os dados seguem demonstrando em diversos recortes a necessidade de se pensar o feminismo de forma interseccional, em que raça e classe não estejam dissociadas da questão de gênero.
O Painel Temático integra a programação do Circuito Teatro do Oprimido 2018/2020, realizado pelo Centro de Teatro do Oprimido, com patrocínio da Petrobras.
Quem foi Tereza de Benguela?
“Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé, Mato Grosso. Ela liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados. Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, com aproximadamente 79 negros e 30 índios. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770 – alguns dizem que a causa foi suicídio; outros, execução ou doença. Sua liderança se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Ali, era cultivado o algodão, que servia posteriormente para a produção de tecidos. Havia também plantações de milho, feijão, mandioca, banana, entre outros. (fonte: site Geledés)
O dia 25 de julho é instituído no Brasil pela Lei 12.987 como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Os coletivos organizadores integram a Rede Magdalena Internacional de Teatro das Oprimidas
Madalenas Rio é um coletivo de mulheres que, através do Teatro das Oprimidas, investiga as relações sociais de gênero, tendo como princípio atuar pela ampliação do debate sobre estratégias de superação feminista nos cotidianos pessoais e sociais, ao levar o debate e a vivência coletiva de nossos corpos para o encontro de outras mulheres.
Madalena Anastácia é um coletivo, de carreira internacional, composto por mulheres negras que, através de suas produções artísticas, discute as opressões que articulam gênero e raça, desafiando a vida das mulheres negras. Por meio de oficinas, seminários, palestras, laboratórios de criação artística, o coletivo segue em direção a movimentos sociais, organizações e espaços de expressão para mulheres, onde possam refletir sobre a especificidade de suas opressões, se fortalecendo na luta para ampliação de direitos conquistados. No currículo estão os espetáculos: “Consciência do Cabelo aos Pés” (2015) e “Nega ou Negra?” (2016).
Serviço
Painel Temático: Tereza de Benguela – Interseccionalidade e Feminismos Possíveis
Data: 20 Julho de 2018
Horário: 19h às 22h
Local: Centro de Teatro do Oprimido
Endereço: Av. Mem de Sá, 31, Lapa, Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2215-0503
ENTRADA FRANCA
Programação
19h – Abertura
19:10h às 19:30h – Apresentação da performance “Nós Todas” pelos coletivos Madalena Anastácia e Madalenas Rio 19:30h às 21h – Mesa: Machismo | As diversas violências contra mulher
| Raça e classe. Convidadas: Barbara Santos, Celina Rodrigues, Fátima
Lima, Sol Miranda e Renata Souza
21h às 22h – Apresentação de performance e Música com DJ Pietra
Durante o evento haverá a “Mostra fotográfica Madalenas Rio Anastácia Berlim” com imagens de Noélia Albuquerque a respeito do Festival Internacional Madalenas que aconteceu em Berlim no ano 2017.
Sobre a performance “Nós Todas”: Um grupo de cerca de 20 mulheres caminha pelo espaço, até que uma delas cai. Nesse momento uma outra mulher declama um verso de uma música popular brasileira com conteúdo machista. Em seguida acontece a mesma situação com outra mulher que ao cair é citado um verso de outra canção machista da MPB. Isso acontece até todas cairem. Após a última mulher cair, essa se levanta e canta uma música exortativa original da Rede Madalenas: “Ei, ei, ei, o longo dos anos me transformei…”. Essa canção serve como despertar da demais mulheres que em conjunto se levantam apoiando umas às outras até que todas voltem a ficar de pé e caminhar, dessa vez, mais fortalecidas e apoiadas. As mulheres caem novamente, mas dessa vez não tombam ao chão, pois uma apoia a outras, ou seja, todas as mulheres, segura a aquela que vau cair. Apoiadas umas sobre as outras o grupo se transforma numa árvore, cantam juntas a canção das Madalenas e chamam o público.