Na noite de 4 de janeiro, o Teatro Firjan SESI Centro recebe a Armazém Companhia de Teatro com o espetáculo Brás Cubas, versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima de Machado de Assis, que trás o Bruxo do Cosme Velho para o centro da cena, como personagem. Com dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça, a nova montagem da Armazém tem elenco formado por Bruno Lourenço, Isabel Pacheco, Jopa Moraes, Felipe Bustamante, Lorena Lima e Sérgio Machado, iluminação de Maneco Quinderé, cenografia de Carla Berri e Paulo de Moraes, figurinos de Carol Lobato, direção musical de Ricco Vianna e direção de movimento de Patricia Selonk e Paulo Mantuano. A temporada no Teatro Firjan SESI Centro será de 04 de janeiro a 04 de fevereiro de 2024, quintas e sextas às 19h, sábados e domingos às 18h, para maiores de 14 anos, com ingressos adquiridos na bilheteria do teatro ou no site da Sympla.
Foi a partir da 1881, com Memórias Póstumas de Brás Cubas, seguido por Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial Aires que Machado de Assis começou a desenvolver seu extraordinário realismo psicológico, permeando seus romances com impetuoso sarcasmo. Memórias Póstumas de Brás Cubas é considerado um romance original desde a sua dedicatória “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver” e prossegue na ideia de um defunto autor que, para fugir ao tédio do túmulo, escreve suas memórias.
– Brás Cubas é um dos personagens mais icônicos da literatura brasileira. Tratar de um personagem pretensioso e prepotente, um recordista de fracassos, que tem uma aversão por si mesmo absolutamente merecida – e que nos fala tanto sobre a formação da elite brasileira –, era muito sedutor. Mas traduzir a experimentação formal de Machado para o palco – conversando com o publico de hoje – me parecia desafiador. Porque Machado escreve com um nível de sutileza raro. Então, com certeza o nosso grande embate durante a descoberta da peça tem sido como fazer com que essa literatura sutil se transforme numa ação dramática contundente. –, declara o diretor Paulo de Moraes.
A dramaturgia de Brás Cubas, assinada por Maurício Arruda Mendonça, é uma adaptação do romance de Machado de Assis, mas não uma adaptação no sentido clássico porque insere o próprio autor na peça, como personagem. “O espetáculo tem uma certa vinculação com o sonho. A gente constrói essa história como se estivéssemos dentro da casa do Machado, acompanhando a sua criação. E o ponto central da nossa adaptação é o delírio que o personagem do Brás tem momentos antes de sua morte.”, comenta Paulo de Moraes.
A peça da Armazém desmembra o personagem Brás Cubas em dois. Sérgio Machado interpreta Brás Cubas desde seu nascimento até sua morte (não necessariamente nessa ordem) e Jopa Moraes assume Brás Cubas já como o defunto que narra suas memórias póstumas. “Esse defunto está pouco vinculado ao século 19, quer e precisa se comunicar com as pessoas de agora”, comenta o diretor. A dramaturgia tem uma estrutura em três planos: o plano da memória – que são as cenas vividas por Brás; o plano da narrativa – onde entram as divagações e reflexões do defunto; e um terceiro plano em que o próprio Machado de Assis (vivido por Bruno Lourenço) invade sua narrativa com comentários que visam conectar contemporaneamente suas críticas à sociedade brasileira. “Nosso Machado não é um personagem biográfico. Embora todas as questões que o personagem coloque na peça tratem de assuntos sobre os quais Machado escreveu, estão colocadas em contextos diferentes. É uma brincadeira a partir de detalhes biográficos. Um personagem imaginário tentando se comunicar com o nosso tempo.”, finaliza Paulo.
Brás Cubas participou, no final de outubro/23, do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, na China, ao lado de importantes nomes do teatro mundial, como Robert Wilson e Joël Pommerat; e foi aclamado pelo público chinês como o melhor espetáculo do festival.
Acompanhe as redes sociais do Teatro Firjan SESI Centro @teatrofirjansesicentro e da @armazemciadeteatro para saber mais a respeito desta e de outras notícias do Brás Cubas da Armazém Companhia de Teatro.
Sobre a Armazém Companhia de Teatro
A Armazém Companhia de Teatro foi formada em 1987, em Londrina, em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 80 – de onde saíram nomes importantes no teatro, na música e na poesia. Liderados pelo diretor Paulo de Moraes, o senso de ousadia daqueles jovens buscando seu lugar no palco impregnaria para sempre os passos do grupo: a necessidade de selar um jogo com o seu espectador, a imersão num mundo paralelo, recriado sobretudo pela ação do corpo, da palavra, do tempo e do espaço.
Com sede no Rio de Janeiro desde 1998, a companhia celebra agora 35 anos de sua formação. Sempre baseando seus espetáculos em pesquisas temáticas (com a criação de uma dramaturgia própria com ênfase nas relações do tempo narrativo) e formais (que se refletem na utilização do espaço, na construção da cenografia, ou nas técnicas utilizadas pelos atores para conviver com o risco de encenar em cima de um telhado, atravessando uma fina trave de madeira ou imersos na água), a questão determinante para a companhia segue sendo a arte do ator. Busca-se para o ator uma dinâmica de corpo, voz e pensamento que dê conta das múltiplas questões que seus espetáculos propõem. E a encenação caminha no mesmo sentido, já que é o corpo total do ator que a determina.
Apesar da construção de espetáculos tão díspares e complementares como A Ratoeira é o Gato (1993), Alice Através do Espelho (1999), Toda Nudez Será Castigada (2005), O Dia em que Sam Morreu (2014), Hamlet (2017) e Angels in America (2019), a Armazém Companhia de Teatro segue sua trajetória sempre investindo numa linguagem fragmentada, que ordene o movimento do mundo a partir de uma lógica interna. Essa lógica interna é a voz da Armazém, talvez a grande protagonista do mundo representacional da companhia.
Para conhecer mais sobre a Armazém: https://www.armazemciadeteatro.com.br
Ficha técnica
Direção: Paulo de Moraes
Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça
Montagem da Armazém Companhia de Teatro
Elenco/personagens: Sérgio Machado (Brás Cubas), Jopa Moraes (Defunto), Bruno Lourenço (Machado de Assis), Isabel Pacheco (Virgínia), Felipe Bustamante (Quincas) e Lorena Lima (Marcela e Natureza).
Músico em cena: Ricco Viana
Cenografia: Carla Berri e Paulo de Moraes
Iluminação: Maneco Quinderé
Figurinos: Carol Lobato
Direção Musical: Ricco Vianna
Direção de movimento: Patrícia Selonk e Paulo Mantuano
Colaboração na Dramaturgia: Paulo de Moraes
Designer Gráfico: Jopa Moraes
Fotografias: Mauro Kury
Cabeça do Hipopótamo: Alex Grilli
Direção de Produção: Patrícia Selonk
Assistente de Produção: Maria Luiza Selonk
Coordenação do Projeto: Paulo de Moraes e Patrícia Selonk
Apoio Institucional: Banco do Brasil
Serviço
Brás Cubas
Temporada: de 4 de janeiro a 4 de fevereiro de 2024
Dias e horários: quintas e sextas às 19h, sábados e domingos às 18h.
Teatro Firjan SESI Centro
Rua Graça Aranha nº 1, Centro do Rio de Janeiro
Valor do ingresso: R$ 40 (inteira) e R$20 (meia)
Todos os segmentos previstos por lei pagam meia entrada.
Ingressos adquiridos na bilheteria do teatro ou antecipadamente pelo site sympla.com.br
Capacidade de público: 338 lugares
Classificação: Indicado para maiores de 14 anos
Duração: 110 minutos