A quinta edição do Sesc EntreDança, considerado um dos maiores eventos do gênero do país, segue até 16 de maio, no Rio de Janeiro. O evento começou dia 29 de abril, quando é celebrado o Dia Mundial da Dança. Após a interrupção nos dois últimos anos por causa da pandemia, o festival do Sesc RJ – duas vezes indicado ao Prêmio Cesgranrio – dá continuidade ao tema abordado na última edição, “O corpo negro”, e reúne em sua programação obras de dança criadas e executadas por artistas negros e negras.
A programação acontece nas unidades do Sesc em Copacabana, Ramos e Madureira, além da Praia de Copacabana, UNIRIO e escolas públicas. O evento reúne grupos do Rio e de mais 5 estados brasileiros: Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo. A maioria dos espetáculos são inéditos no Rio. Diversas atividades são gratuitas, e as pagas têm preços populares: entre R$ 5 e R$ 30. Confira a programação completa e as sinopses abaixo e no site www.sescentredanca.com.br.
Novidades – Entre as novidades desta edição estão uma mostra audiovisual com produções relacionadas ao recorte curatorial. Também foi formado um núcleo de crítica que produzirá textos sobre os espetáculos desta programação, que serão publicados no site do projeto. Pela primeira vez, o EntreDança será realizado conjuntamente com o Polo Sociocultural do Sesc Paraty e o Centro Cultural do Polo Educacional Sesc (em Jacarepaguá), administrados pelo Departamento Nacional da instituição.
Destaques – Este ano, entre os destaques da programação está presença do Reinado de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá, irmandade formada por cerca de 150 pessoas que mantém ativa a tradição do Reinado há mais de 130 anos. Trata-se de uma fundamental expressão cultural de matriz banto no país, e é hoje encontrada em sua maior parte no estado de Minas Gerais. O Reinado apresentará “Cortejo e louvação” nos dias 13 e 14 de maio, na UNIRIO e na Praia de Copacabana, respectivamente, onde o público poderá conhecer a força e a importância histórica, social e cultural das confrarias negras católicas no Brasil.
Inspirações – Dentro das ações de formação e reflexão do projeto, a professora e pesquisadora Leda Maria Martins – integrante do Reinado de Jatobá e Rainha de Nossa Senhora das Mercês – ministra a aula magna “Corpos bailarinos, saberes em trânsito”, no dia 16 de maio – no auditório do CCH, na UNIRIO. Ela abordará as relações entre corpo, saber, memória e território, temas que perpassam a programação desta edição em suas variadas atividades. A atividade é gratuita.
Públicos variados
Noites do passinho, Formigueiro e Oficina Afrofunk apresentam experiências das danças urbanas em diferentes formatos, convidando o público jovem a participar da programação. Isaque Badalado, Severo IDD, Igor Imperador, Codazzi, Cebolinha, Celly IDD são alguns dos bailarinos com presença marcante no cenário da atualidade.
Alguns destes são relíquias do Passinho, ou seja, expoentes da sua primeira geração, que criaram este gênero e apresentam seus solos em Noites de Passinho. Taísa Machado é fundadora do AfroFunk Rio, uma plataforma de experiências e conteúdos para o movimento funk carioca, onde a dança é ferramenta de tecnologia social e o corpo é fonte de conhecimento e inspiração.
Ela ministra a oficina Afrofunk que exalta a participação feminina no movimento funk, utilizando-se da dança como espaço civilizatório. Bruno Duarte é um dos principais representantes do Krump no Brasil, e em Formigueiro, mescla técnicas desta expressão das danças urbanas com outros elementos coreográficos.
PROGRAMAÇÃO RESUMIDA:
SESC COPACABANA
Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia-entrada para casos previstos por lei), R$7,50 credencial plena), gratuito (estudantes de Artes Cênicas com documentação válida)
Formigueiro | espetáculo com Bruno Duarte
11 e 12/05 | Sesc Copacabana | 20h | Pago | 12 anos
Noites de passinho | espetáculo com Isaque Badalado, Severo IDD, Igor Imperador, Codazzi, Cebolinha, Celly IDD
11 e 12/05 |18h | Sesc Copacabana | Pago | Livre | Duração: 60 minutos
EntreImagens | Cavalo | exibição
13/05 | 19h | Sesc Copacabana | Grátis | 14 anos | Duração: 84 minutos
Programa duplo: Metamorfose e Resistência | espetáculo com Aline Corrêa
14 e 15/05 | Sesc Copacabana | 18h | Pago | Livre | Duração: 40 minutos
SÓlidão | espetáculo com Elton Sacramento
14 e 15/05| 20h | Sesc Copacabana| Pago | Livre | Duração: 50 minutos
SESC RAMOS
Ingressos: R$10,00 (inteira), R$5,00 (meia-entrada para casos previstos por lei), gratuito (credencial plena Sesc, estudantes de Artes Cênicas com documentação válida)
Noites de passinho | espetáculo com Isaque Badalado, Severo IDD, Igor Imperador, Codazzi, Cebolinha, Celly IDD
14/05 | 16h | Sesc Ramos | Pago | Livre | Duração: 60 minutos
SESC MADUREIRA
Ingressos: R$10,00 (inteira), R$5,00 (meia-entrada para casos previstos por lei), gratuito (credencial plena Sesc, estudantes de Artes Cênicas com documentação válida)
Noites de passinho | espetáculo com Isaque Badalado, Severo IDD, Igor Imperador, Codazzi, Cebolinha, Celly IDD
13/05 |19h | Sesc Madureira | Pago | Livre | Duração: 60 minutos
PRAIA DE COPACABANA (altura da Av. Atlântica, 250)
Cortejo e louvação | performance com o Reinado de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá
14/5 | 16h | Grátis | Livre
UNIRIO
Cortejo e louvação | performance com o Reinado de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá
13/05 | 15h | UNIRIO | Grátis | Livre
Palestra | EntreFalas | Aula Magna: Corpos bailarinos, saberes em trânsito com Leda Maria Martins
16/05 | 14h às 16h | UNIRIO – Auditório do CCH | Grátis | Livre
ESCOLAS PÚBLICAS
Marias – As Negras Brasileiras | espetáculo com Grupo Akanni
10 a 13/05 | 14h | exclusivo para alunos de escolas da rede pública de ensino das cidades do Rio de Janeiro | Grátis | Livre | 60 minutos
PROGRAMAÇÃO DETALHADA
SESC COPACABANA
FORMIGUEIRO | Espetáculo com Bruno Duarte (RJ)
O espetáculo Formigueiro, concebido e coreografado por Bruno Duarte, é um solo de dança, que se utiliza das técnicas de break, krump e gestos experimentais na sua composição. Ele discute a relação sujeito x coletivo, com um olhar macro para a coreografia existente nas interações das pessoas no meio urbano. Em meio às multidões que se aglomeram em diversas situações cotidianas, como nas ruas e nos transportes públicos, questiona-se: O que afeta e como se é afetado? Partindo da premissa que essas pessoas se relacionam, se atravessam e cruzam o caminho umas das outras, a metáfora do formigueiro abriga a mescla de um indivíduo em muitos. A ideia é mostrar que há uma espécie de metamorfose diária a cada vez que se percorre um caminho de um ponto a outro das grandes cidades. E como o gestual de um sujeito é diretamente impactado pelo movimento do coletivo. Na criação desta coreografia, Bruno buscou observar como o movimento do coletivo influenciava no seu próprio corpo, e de que maneira ele poderia se expressar para reverberar, em cena, a potência dessas transformações. Ainda mais quando se analisa os impactos sofridos por ele, um homem preto, que transita entre as áreas periféricas e centrais, com as vestes que o identificam como um artista das danças urbanas. Duração: 40 minutos. Classificação indicativa: 12 anos.
METAMORFOSE E RESISTÊNCIA | Espetáculo com Aline Corrêa (RJ)
Programa duplo. Metamorfose: O corpo muda de acordo com o tempo, sentimento e lugar é uma mutação constante e o objetivo desse processo de criação é mostrar os efeitos de todo o processo de investigação, vivência e influências que o corpo vem absorvendo ao longo dos anos tornando uma linguagem única e particular. O solo utiliza o poema da Clarice Lispector (Sabedoria é não entender) e as pinturas expostas no Centre d’histoire de la resistance et de la deportation Lyon como ponto de partida e inspiração. Duração: 20 minutos. Classificação Indicativa: Livre. Resistência: O corpo como objeto de resistência. Um corpo que teve que resistir a cada etapa de aprendizagem e experiências no corpo e no emocional. O corpo se converte em um lugar cheio de cicatrizes, onde o passado se encontra a flor de pele, porém sua presença, visível ou oculta, permite ter os olhos abertos ao presente. Duração: 20 minutos. Classificação Indicativa: Livre.
NOITES DE PASSINHO | Espetáculo com Isaque IDD, Severo IDD, Cebolinha, Iguinho IDD, Celly IDD, Codazzi IDD (RJ)
Isaque IDD, Severo IDD, Cebolinha, Iguinho IDD, Celly IDD, Codazzi IDD, bailarinos de diversas gerações do Passinho Carioca apresentam seus trabalhos autorais, em diálogo com a cena contemporânea e questões da atualidade. Duração: 60 minutos. Classificação indicativa: Livre.
SÓlidão | Espetáculo com Elton Sacramento (RJ)
A obra propõe atravessamentos e questionamentos tradicionais e contemporâneos referentes a existência do Corpo Negro com um olhar atento às perspectivas da Filosofia Afrikana. Aborda questões como a solidão do corpo negro, o corpo negro nas artes, o corpo negro na dança contemporânea e sobretudo as reverberações ocasionadas pelo racismo. SÓlidão é a possibilidade real de construir narrativas autônomas Pretas em potência sobre o Corpo Preto falando sobre o Corpo preto. Rompimento do imaginário social pejorativo. Realocar imagens pretas no tempo e espaço transformando através da Cultura. É poética em vida! O pilar da obra é estudar o impacto da solidão do Corpo Negro na contemporaneidade de uma forma mais humana promovendo artísticamente criar uma relação de debates. Fica a pergunta: Que reflexo social e político a obra imprime? Tem ação na rua… o que você vê? Duração: 50 minutos. Classificação Indicativa: Livre.
ENTREIMAGENS | Cavalo | Rafhael Barbosa / Werner Salles Bagetti. AL / Brasil. 2020. 84 min. 14 anos.
Envolvidos num processo artístico, o documentário Cavalo acompanha a vida de sete jovens dançarinos que são provocados a um mergulho em suas ancestralidades.
SESC RAMOS
NOITES DE PASSINHO | Espetáculo com Isaque IDD, Severo IDD, Cebolinha, Iguinho IDD, Celly IDD, Codazzi IDD (RJ)
Isaque IDD, Severo IDD, Cebolinha, Iguinho IDD, Celly IDD, Codazzi IDD, bailarinos de diversas gerações do Passinho Carioca apresentam seus trabalhos autorais, em diálogo com a cena contemporânea e questões da atualidade. Duração: 60 minutos. Classificação indicativa: Livre.
SESC MADUREIRA
NOITES DE PASSINHO | Espetáculo com Isaque IDD, Severo IDD, Cebolinha, Iguinho IDD, Celly IDD, Codazzi IDD (RJ)
Isaque IDD, Severo IDD, Cebolinha, Iguinho IDD, Celly IDD, Codazzi IDD, bailarinos de diversas gerações do Passinho Carioca apresentam seus trabalhos autorais, em diálogo com a cena contemporânea e questões da atualidade. Duração: 60 minutos. Classificação indicativa: Livre.
UNIRIO
CORTEJO E LOUVAÇÃO | Performance com a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá (MG)
Sobre os Reinados: Os Reinados, também conhecidos como Congados, são uma das manifestações culturais mais ricas e expressivas dos saberes bantos no Brasil. Segundo Leda Martins, os Reinados derivam das antigas coroações de Reis Negros no Brasil, cujo registro recua ao século XVII. Nos Reinados, celebra-se sua maior autoridade, Nossa Senhora do Rosário, carinhosamente chamada de Unganda Manganá. A narrativa mística de retirada de Nossa Senhora do Rosário das águas estrutura sua organização, o papel das Guardas, de variadas designações, a função do Trono Coroado e da capitania que, unidos, regem as cerimônias e os festejos devocionais que relembram a história da diáspora negra, a travessia marítima, as lutas de resistência contra a escravidão e o papel do negro na construção e formação do Brasil. Por meio de cerimoniais complexos, cantares, danças e de toda uma organização ritual e litúrgica, se restituem em territórios brasileiros, em particular em Minas Gerais, onde se sobressaem, acervos extraordinários de conhecimentos devocionais, filosóficos, técnicos, linguísticos e estéticos, fundantes das gnosis negro africanas e suas transcriações, inscritos pela memória oral.
Segundo Leda Maria Martins: “Sob o manto do Rosário, a gunga canta, a gunga chora, a gunga toca, irmanando os sujeitos e as coletividades nos terreiros do sagrado que a todos unem. Assim, a devoção ao Rosário dos Pretos, restitui a presença do ancestral em cujo entorno gravitam as forças vitais sagradas que asseguram a permanência da vida e o sopro divino sempre evocado nos cerimoniais. Esses saberes retecem e restituem a memória e a história do negro pelas diásporas. Sob o prisma das reminiscências, as giras do Rosário, um modo de louvação, de celebração e de reminiscência, acentuam a importância e primazia desses saberes bantu no Brasil.” Duração: 60 minutos. Classificação indicativa: Livre.
ENTREFALAS | AULA MAGNA: CORPOS BAILARINOS, SABERES EM TRÂNSITO | Leda Maria Martins
A aula vai abordar as intrínsecas relações entre corpo, saber e memória, corpo e território, corpo e temporalidades, corpo, sonoridades e cromatismos, em especial no âmbito das culturas negras, explorando as corporeidades espiraladas nas quais o tempo bailarina. O encontro dá início às atividades do Sesc EntreDança | afrografias, que oferece um percurso teórico, prático e processual de estudo e formação sobre as corporeidades negras e seus saberes.
PRAIA DE COPACABANA
CORTEJO E LOUVAÇÃO | Performance com a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá (MG)
Sobre os Reinados: Os Reinados, também conhecidos como Congados, são uma das manifestações culturais mais ricas e expressivas dos saberes bantos no Brasil. Segundo Leda Martins, os Reinados derivam das antigas coroações de Reis Negros no Brasil, cujo registro recua ao século XVII. Nos Reinados, celebra-se sua maior autoridade, Nossa Senhora do Rosário, carinhosamente chamada de Unganda Manganá. A narrativa mística de retirada de Nossa Senhora do Rosário das águas estrutura sua organização, o papel das Guardas, de variadas designações, a função do Trono Coroado e da capitania que, unidos, regem as cerimônias e os festejos devocionais que relembram a história da diáspora negra, a travessia marítima, as lutas de resistência contra a escravidão e o papel do negro na construção e formação do Brasil. Por meio de cerimoniais complexos, cantares, danças e de toda uma organização ritual e litúrgica, se restituem em territórios brasileiros, em particular em Minas Gerais, onde se sobressaem, acervos extraordinários de conhecimentos devocionais, filosóficos, técnicos, linguísticos e estéticos, fundantes das gnosis negro africanas e suas transcriações, inscritos pela memória oral.
Segundo Leda Maria Martins: “Sob o manto do Rosário, a gunga canta, a gunga chora, a gunga toca, irmanando os sujeitos e as coletividades nos terreiros do sagrado que a todos unem. Assim, a devoção ao Rosário dos Pretos, restitui a presença do ancestral em cujo entorno gravitam as forças vitais sagradas que asseguram a permanência da vida e o sopro divino sempre evocado nos cerimoniais. Esses saberes retecem e restituem a memória e a história do negro pelas diásporas. Sob o prisma das reminiscências, as giras do Rosário, um modo de louvação, de celebração e de reminiscência, acentuam a importância e primazia desses saberes bantu no Brasil.” Duração: 60 minutos. Classificação indicativa: Livre.