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Projeto do Sindratar-RJ capacita mulheres de favela para trabalhar em refrigeração

Iniciativa pioneira no país na capacitação de mulheres de favela para trabalhar no campo da refrigeração, o projeto Mudando o clima ocupará o Centro de Treinamento do Sindratar-RJ (Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento do Ar do Estado do Rio de Janeiro) de 23 a 27 de setembro. Ali, acontecerão as aulas para a primeira turma do projeto, formada por dez alunas selecionadas por ongs que atuam no complexo Fallet-Fogueteiro, região central do Rio de Janeiro. 

Idealizado pela entidade e pela consultora em ESG Silvia da Costa e patrocinado pela seguradora PASI, o projeto tem o objetivo de ampliar as possibilidades de trabalho e ajudar na emancipação e empoderamento de mulheres periféricas. 

Além de aprenderem a lidar com a manutenção e reparo de aparelhos de refrigeração, as alunas receberão orientações do Sebrae sobre empreendedorismo e capacitação financeira e uma mentoria de desenvolvimento pessoal, dada por Silvia. 

“Sou formada em engenharia mecânica, com especialização em robótica e, como mulher negra, me incomoda ver que, para o senso comum, capacitar uma mulher negra é limitá-la a atividades apenas de cunho estético, sem considerar que há outros mercados, inclusive o técnico, onde ela terá novas possibilidades”, diz a consultora. 

As aulas do Mudando o clima terão lugar no centro de treinamento que a multinacional japonesa Daikin equipou e doou para o Sindratar-RJ. 

“O centro é um dos grandes orgulhos de nossa entidade e, em um ano, formou mais de 500 alunos. De setembro a novembro, sempre nas últimas semanas do mês, será a vez das alunas do Mudando o clima. É um projeto que pretendemos ver reproduzido por todo o país”, diz o presidente do Sindratar-RJ, Leonardo Salles. As alunas serão sempre selecionadas por ongs com atuação em territórios de favela. 

Ao conceber o projeto, Silvia da Costa, que também é Líder de Núcleo do Grupo Mulheres do Brasil (criado pela empresária Luiza Trajano), focou em qualificação, desenvolvimento social e empregabilidade das mulheres de favelas e comunidades periféricas: 

“Vamos pegá-las pela mão e ajudá-las a caminhar, mas sem assistencialismo. Para receber o certificado de conclusão do curso, cada aluna terá de fazer estágio em alguma empresa de refrigeração”.

 

O curso

A carga do Mudando o clima será de 40 horas/aula, com aulas de segunda-feira (23/9) a sexta-feira (27/9), das 8h30min às 17h30min. Além de transporte gratuito, as alunas terão o café, almoço e lanche cobertos pela organização do curso. 

De segunda a quinta, as aulas serão eminentemente técnicas, ministradas por um professor do centro de treinamento. Na sexta-feira, pela manhã, acontecerá o encontro com o Sebrae, que tem um setor voltado a projetos de capacitação de moradores de regiões periféricas. 

As alunas aprenderão, por exemplo, como compor um preço para a execução dos serviços que estarão aptas a prestar a partir do curso. À tarde, Silvia tratará de temas como apresentação pessoal, montagem de currículo e dará dicas úteis no ambiente de trabalho – p.ex, como atender o telefone da forma certa. 

A especialista em ESG acredita que o projeto será bem sucedido se construir um legado, que se dá a partir da recorrência e da resiliência. Para entender “de dentro” as questões que afetam as vidas das futuras alunas, Silvia se mudou para a favela do Fogueteiro. 

“Só entende da dor real se estiver dentro da bolha. De fora, é utopia. Entendi que, para criar credibilidade em um território tão diverso e vulnerável como as favelas, teria de praticar ESG de maneira real”, diz.

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