Pandemia vai atrasar projeto de recuperação do Museu Nacional

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Museu Nacional da UFRJ, na Quinta da Boa Vista, um ano após o incêndio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O projeto executivo que servirá de base para o estudo arquitetônico de reconstrução da fachada e do telhado do primeiro bloco do Palácio São Cristóvão, sede do Museu Nacional, está pronto. O próximo passo é a escolha da empresa que vai tocar o projeto arquitetônico. Em setembro de 2018, o Museu Nacional pegou fogo.

Segundo a reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a qual o Museu Nacional é vinculado, Denise Pires de Carvalho, a conclusão da obra não será rápida. Os trabalhos continuam com a previsão de que o primeiro bloco do Palácio, que é o maior entre os quatro, e o Jardim das Princesas fiquem prontos em 2022. A professora afirmou que os blocos 2, 3 e 4 são menores e, por isso, as intervenções devem levar menos tempo.

“Uma vez que a gente consiga a fachada e o telhado do Bloco 1, a gente pode fazer um evento que se insira nas comemorações do bicentenário da Independência, o que vai orgulhar muito não só a universidade, mas a sociedade carioca”, disse, acrescentando que o próximo passo será licitar a obra.

Apesar da estimativa, a reitora disse que ainda não pode determinar quando as obras vão começar. “É impossível determinar um prazo. É de alguns meses, mas não mais do que três ou quatro meses. No início de 2021, com certeza, as obras estarão sendo iniciadas”, completou a reitora.

A previsão inicial era de que as obras de recuperação do Museu Nacional começassem em março, mas segundo o diretor Alexander Kellner, o processo sofreu impacto da pandemia da covid-19. “Isso atrasou, porém, graças a participação de todos os parceiros estamos atuando para que a gente consiga devolver parte do Museu Nacional, incluindo parte do Palácio [São Cristóvão, sede do museu] em 2022”, disse, acrescentando, que o projeto Museu Nacional Vive ganhou mais um parceiro. O banco Bradesco liberou R$ 50 milhões.

Incêndio no Museu Nacional

A reitora revelou que durante a pandemia a empresa contratada encontrou dificuldades para seguir com o projeto executivo da reconstrução da sede do Museu. “No meio do caminho nós precisamos cuidar de esculturas integradas ao prédio que precisam ser refeitas junto com a obra da fachada e do telhado. Não é uma fachada e um telhado de um prédio qualquer. Queria aproveitar para agradecer o apoio do Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional] na revisão desse projeto”, contou Denise Pires de Carvalho.

“Durante a pandemia ficou tudo mais lento. Não é fácil acompanhar um projeto executivo de uma obra à distância”.

Prédio Administrativo
Ainda segundo a reitora, toda a área do prédio administrativo de pesquisa e ensino do novo campus do Museu, já está cercada e com a infraestrutura interna em fase final. Lá, funcionarão entre outras secretarias, a de pós-graduação. A professora estimou que também em 2021 estarão prontos todos os laboratórios.

A instalação de novos módulos para guarda de acervos e de apoio à biblioteca também está em andamento. Os recursos de uma emenda parlamentar impositiva, proposta pela bancada dos deputados federais do Rio de Janeiro, liberados no final de 2019, garantiram as obras de reforma e ampliação da biblioteca, no valor de R$ 12 milhões. A biblioteca tem um acervo de 500 mil livros, incluindo 1,5 mil obras raras. A transferência de todo o acervo para locais de guarda temporária foi concluída em novembro. A gestão do contrato é da Associação Amigos do Museu Nacional e o prazo de execução da obra é de 12 meses.

O apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Museu Nacional alcançou R$ 50 milhões, que serão aplicados na reforma do telhado, da biblioteca central e do novo prédio administrativo. O banco quer avançar no apoio e estrutura do fundo patrimonial para dar sustentabilidade financeira ao museu e atrair novos investidores.

Projeto arquitetônico
A representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Isabel de Paula, que participa do Projeto Museu Nacional Vive, estimou que a empresa que será responsável pelo projeto arquitetônico seja contratada no início de 2021. “Após a finalização desse projeto arquitetônico vão se iniciar as obras. Têm um processo ainda. É um prédio tombado que precisa dos pareceres necessários do Iphan sobre a questão da preservação, então, temos alguns passos pela frente, mas já estamos bastante avançados”, disse.

Dentro do Projeto Museu Nacional Vive coube à Unesco acompanhar o processo do projeto arquitetônico de reconstrução e revitalização do Museu Nacional.

Acervo
A pandemia da covid-19 atrasou também o processo de resgate das peças que estavam dentro do prédio atingido pelo incêndio no Museu Nacional. O diretor da instituição, Alexander Kellner, informou que o acervo que estava dentro do Palácio São Cristóvão está praticamente todo resgatado. “O problema é que a pandemia nos atrapalhou muito. Prosseguimos nessa recuperação mas teve que ser de maneira lenta, porque inclusive tivemos situação de covid dentro dessa equipe. Estamos na fase final e a gente aproveita para agradecer a Universidade Federal do Rio de Janeiro que está fazendo uma nova licitação, para uma nova equipe, nos auxiliar nessa fase final”, disse.

O diretor destacou o trabalho de retirada e estabilização do acervo no Palácio São Cristóvão e acrescentou que é preciso garantir recursos para fazer com que as peças possam voltar a ser expostas para visitantes. “Isso vai acontecer se tivermos investimentos que precisam ser realizados na restauração desse acervo, ou seja, não só na restauração do palácio que está muito bem encaminhado, mas na questão de restauração e inventário do acervo resgatado”, observou.

Recursos
A reitora Denise estima que ainda faltam cerca de R$ 150 milhões para a conclusão do projeto Museu Nacional Vive. De acordo com o diretor do Museu, o custo do projeto é de R$ 378,9 milhões. Desse total, 65% foram captados e prometidos por diversos parceiros que participam da recuperação da instituição científica e museológica mais antiga do Brasil. A reitora espera a colaboração de novos parceiros. “Projetos não nos faltam, mas estamos abertos a financiamentos”, disse.