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Música que Transforma – cursos na 19ª edição do Festival Vale do Café

O Festival Vale do Café, que este ano realizou a sua 19ª edição entre os dias 19 e 28 de julho, vai além das apresentações de música instrumental nas fazendas históricas e cidades da região Sul Fluminense. Uma parte potente do evento é voltada à realização de cursos de música, oferecidos gratuitamente a jovens, adultos e crianças durante a segunda semana do evento. 

Em 2024, foram 112 inscritos nos cursos de violão, violino, canto, musicalização e prática de orquestra, com alunos com idades entre 5 e 38 anos, vindos de 12 projetos sociais, além de outras instituições de ensino. Nesta edição particularmente, um fato chamou a atenção dos professores e organizadores do evento: carinhas já conhecidas de anos anteriores retornaram ao Festival, mas em outro patamar.

Estudantes nas edições passadas do Festival Vale do Café agora vieram como professores de projetos sociais participantes, levando seus alunos pela mão para terem a mesma vivência que tiveram  anos atrás. Entre os que retornam, está Rodrigo Belchior. Ele já foi aluno, professor, e, este ano, atuou como coordenador dos cursos de música, organizando a intensa grade de atividades conduzidas  por 5 dias consecutivos. 

 “Retornar ao Festival como coordenador dos cursos é extremamente recompensador. É como olhar para trás e ver como começou minha própria história com a música, quando participei pela primeira vez dos cursos por indicação do Turíbio. Conhecer alunos e estar com outros professores foi muito enriquecedor para minha trajetória”, diz Rodrigo, que começou a estudar flauta no projeto desenvolvido no Museu Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, na época dirigido pelo consagrado violonista Turíbio Santos. 

Segundo Rodrigo, que foi morador da comunidade Dona Marta (Zona Sul do Rio),  com tantas dificuldades enfrentadas diariamente pelos adolescentes vindos de localidades mais carentes, é fácil ter o caminho desviado para algo errado ou mesmo danoso para si. Ao participar de um evento voltado à música, os jovens são intensamente estimulados a continuar com seus estudos.

Durante os cinco dias de convivência, eles veem o que os professores alcançaram, assim como os colegas que estão mais avançados, muitos levando a música de maneira profissional. “Estar com jovens que têm a música como interesse comum potencializa a vontade de continuar e mostra que é uma escolha profissional possível. E não há nada mais inspirador do que ver exemplos tão próximos de si”, ele diz. 

Das 16 instituições participantes dos cursos oferecidos pelo Festival Vale do Café, cinco  tiveram ex- alunos como representantes, atuando como professores nos projetos A Casa Amarela, no Morro da Providência, no Rio de Janeiro; Aprendiz Musical, em Niterói; Escola de Música da Rocinha  e o Solar Meninos de Luz, também no Rio de Janeiro, entre outros. 

Algumas dessas histórias foram contadas na primeira das três palestras do Café Cultural realizado no Centro Cultural Cazuza, na cidade de Vassouras (RJ), como programação do Festival. Com entrada franca e grande adesão do público, o evento começava com a apresentação de um tema, depois abria para debate e finalizava com uma audição dos jovens estudantes de música.

Entre as participantes do bate papo estava Glaucia Maciel, professora do projeto A Casa Amarela. “Estou muito grata de estar aqui no Vale do Café, porque foi meu primeiro festival e mudou a minha vida. Os amigos que fiz na época ainda são próximos e eu tenho certeza que essa experiência também vai mudar a vida dos meus alunos”, contou ela. 

De acordo com Rodrigo Belchior, os professores também se beneficiam muito da experiência. “Pudemos ver vários deles compartilhando informações entre si, trocando partituras para levar para sua sala de aula e dar continuidade ao que foi iniciado no Festival, em um verdadeiro intercâmbio pedagógico”. 

Uma das particularidades dos cursos do Festival Vale do Café é que são apropriados para os iniciantes na música, de todas as idades. Com aulas de musicalização, canto e prática dos violinos para crianças, além de  uma oportunidade para quem está começando, são fonte de aprimoramento para os mais avançados. 

“Estar no Festival Vale do Café mudou meu ponto de vista em relação à música, me incentivou a tentar tocar algumas obras que eu sequer havia tentado. Sem dúvida, me aprimorei muito e conheci alunos e professores sensacionais” contou Luiz Miguel Ferreira, aluno da instituição Solar Meninos de Luz. 

O coordenador dos cursos também observou algo raro hoje em dia: quase não se via jovens absorvidos pelo celular. “Diferente dos alunos das escolas em que dou aula, durante o Festival, os meninos só pegaram o celular para falar com os pais. O grande barato é fazer música.”. 

Para a edição de 2025 , Rodrigo quer ampliar ainda mais a experiência dos jovens estudantes, levando-os a se apresentarem em outros momentos da programação. Afinal, ele sabe por causa própria como é memorável para um aluno de 13 anos tocar junto a profissionais, tanto para a sua confiança como para seu portfólio. 

“Queremos aprofundar o poder transformador da música, que planta uma semente de resiliência de querer mudar o mundo e de promover para muitos outros a oportunidade que tivemos. Alimentamos o desejo de gerar o bem para a coletividade”, ele finaliza. 

 

Sobre os cursos de música do Festival Vale do Café 

Foram oferecidas aulas de violino, canto, violão, musicalização e prática de conjunto (cordas friccionadas e sopros). Entre os dias 22 e 26 de julho,  na parte da manhã e à tarde e palestras e audições comentadas no turno da noite. Além disso, foram promovidos ensaios na sede do Programa de Integração pela Música (PIM) e em ambientes ao redor do Centro Histórico de Vassouras, como a praça Barão de Campo Belo. 


Instituições participantes dos cursos de música do  Festival Vale do Café: 

Escola de Música da Rocinha – Polos da Rocinha e Muzema

Instituto Emunah – Taboinhas

Solar Meninos de Luz – Pavão-Pavãozinho e Cantagalo

Escola de Artes do Spanta – Santa Marta

Agência do Bem: Orquestra da Guanabara

Assembleia de Deus – Serro Corá

Escola de Música Rio Cello – Museu Villa-Lobos

Instituto Brasileiro de Música e Educação – IBME

Orquestra Sinfônica Juvenil Chiquinha Gonzaga

Assembleia de Deus – Santa Marta

Igreja Tabernáculo Cristão Kadosh

Biblioteca Parque da Rocinha (C4)

Cisco – Polo Muzema

Uni Rio

Programa Aprendiz Musical – Niterói

 

O Festival Vale do Café é um projeto da Backstage Produções que, em sua 19ª edição, é apresentado pelo Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, conta ainda com o patrocínio de MRS, Sebrae e Secretaria de Estado de Turismo, incentivo FUNARJ, apoio Institucional da Secretaria de Estado Cultura e Economia Criativa, parceria cultural Sesc RJ e parceria de mídia da OnBus Digital e Fluxxo Comunicação. Uma realização do Governo Federal – União e Reconstrução.

 


SERVIÇO:


19ª Edição do Festival Vale do Café

Ocorreu de 19 a 28 de julho de 2024 com concertos e visitas em 10 fazendas históricas, concertos gratuitos nas cidades Barra do Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Paty do Alferes, Piraí, Valença e Vassouras e cursos de música gratuitos para 112 alunos.

Site: www.festivalvaledocafe.com.br

Instagram: @festvaledocafe

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