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Louise Cardoso e Luiz Octavio Moraes em “Os bolsos cheios de pão”

Aprovado pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar, “Os bolsos cheios de pão” estreia na noite de 30 de março, na Arena do Sesc Copacabana. Formado por duas peças curtas de Matéi Visniec, O Último Godot e Os Bolsos Cheios de Pão, o espetáculo dirigido por Fernando Philbert é uma comédia absurda estrelada por Louise Cardoso e Luiz Octavio Moraes que traz, finalmente, Godot, o personagem icônico de Samuel Beckett, entrando em cena pela primeira vez.

Em O Último Godot vemos um embate entre o personagem Godot e o seu criador. Expulso do teatro fechado, Godot acaba conhecendo seu criador, Samuel Beckett em pessoa, que foi também jogado na rua. Godot vê nesse encontro uma possibilidade de existir finalmente, já que é um personagem que nunca entrou em cena. Criador e criatura expressam seu amor incondicional pelo palco e lamentam a tragédia da morte da cultura, mas um afeto vai nascendo entre eles que pode resultar em uma rica parceria artística. Será?

Já Os Bolsos Cheios de Pão conta a história de dois senhores que estão indignados porque um cachorro foi jogado, sabe-se lá por quem, dentro de um poço. Debatem calorosamente quem foi capaz de fazer tal atrocidade, por que, se o cão ainda vive, se quer sair de lá e até se não se jogou no poço. Buscam todos os meios de salvar o animal, cada um defendendo sua própria ideia que acham infinitamente melhor que a do outro. Discutem todas as soluções possíveis para tirar o cachorro do poço, até que a noite chega e eles resolvem deixar esse assunto para o dia seguinte, amanhã. 

– Estes dois textos tem um humor peculiar e potente e uma humanidade latente, mesmo em sua estranheza e absurdo humor sobre a sociedade – comenta Fernando Philbert. 

Na encenação de Fernando Philbert essas duas peças se comunicam. Duas peças curtas, dois personagens, dois universos do absurdo. Como é possível existir e não existir, ser e não ser ao mesmo tempo, esse é o embate de Godot. Uma discussão sobre a existência e a decadência da cultura. Na outra história, há uma tentativa do diretor em aproximar os espectadores da discussão entre teorias de dois indivíduos, numa cena plenária que tem início com esses dois personagens nascendo do esgoto.

Entre as duas histórias há um corte “cinematográfico”. A primeira não terminou, ela continua com Godot fazendo sua primeira aparição pública, sua estreia como personagem que finalmente passa a existir e, então, há o corte para apresentar uma outra história, que já acontecia em uma ação anterior, uma ação que o espectador não assistiu, mas vai intuindo ao acompanhar a discussão extremista dos homens nascidos do esgoto.

A solidão desses personagens, nos dois textos, exprime a solidão comum entre nós espectadores dessa contemporaneidade líquida, em que as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, fugazes e maleáveis. 

– Eu nunca vi um autor traduzir tanto o que é o mundo, como faz Matéi. É impressionante a capacidade que ele tem de entender o giro do mundo. De escrever uma peça que está sempre se repetindo. Uma peça dele dos anos 80 parece que foi escrita para os dias de hoje –, comenta Fernando Philbert. 

Louise Cardoso se profissionalizou em 1976. Em sua memória afetiva-profissional, O Tablado – escola de improvisação teatral criada por Maria Clara Machado, no Rio de Janeiro – é muito importante. Ela encara essa produção teatral como uma forma de homenagear O Tablado, inclusive revisitando alguns personagens masculinos que interpretou, Pluft, por exemplo, e também Dansen, um vendedor de porcos na peça que foi ensaiada no Tablado, O Beco do Brecht sob a direção de João Carlos Motta. 

– O Tablado está bem presente neste espetáculo. Tem um pouco a ver com a concepção de como uma mulher faz um personagem masculino no teatro, por experimentar coisas, de ir por caminhos não tradicionais. A gente experimentava muito no Tablado, então esse espírito está sendo muito bom para mim nesse espetáculo –, comenta Louise. – E o Luiz Octavio é meu grande companheiro do Tablado, eu dirigi e fiz peças com ele –, conclui a atriz.

 

Ficha técnica

 

Direção: Fernando Philbert

Autor: Matéi Visniec

Tradução: Roberto Mallet/É Realizações Editora

Elenco: Louise Cardoso e Luiz Octavio Moraes

Cenografia: Natália Lana

Figurinista: Mel Akerman

Iluminação: Vilmar Olos

Direção Musical e Música Original: Marcelo Alonso Neves

Movimento: Toni Rodrigues

Visagismo: Rose Verçosa

Identidade Visual e Projeto Gráfico: Ludmila Valente – Brain Storm Design

Fotografia: Cristina Granato

Redes Sociais: Orla Comunicação Integrada

Assistente de Direção: Ana Victoria Almeida

Produção: Cristina Leite e Gledson Teixeira

Realização do Espetáculo: Louise Cardoso Produções Artísticas

 

Serviço 

Sesc Copacabana – Arena

Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro.

Informações: 21 2547-0156

Temporada: 30 de março a 23 de abril de 2023, quinta a domingo, às 20h

Valor do ingresso: R$ 30,00 (inteira) R$ 15,00 (meia entrada para casos previstos por lei, estendida a professores e classe artística mediante apresentação de registro profissional) R$ 7,50 (credencial plena SESC) Gratuito (público PCG)

Funcionamento da bilheteria: Terça a sábado – 09hs às 20hs e Domingos 13hs às 20hs

Duração: 70 minutos

Classificação: 12 anos

Realização SESC

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