A foto de uma paisagem prosaica de Jacarepaguá, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, acabou causando uma associação de ideias e uma composição musical um pouco inusitada.
Postada no perfil de Marco Homobono, músico e compositor carioca, guitarrista e vocalista dos Djangos, alguns comentários sugeriam que a foto quadrada seria a capa de algum disco. Xan Brás, produtor cultural do norte fluminense, foi mais longe, escrevendo que parecia ser a capa do “Supercarioca” do subúrbio. Ele fazia menção ao cultuado álbum da banda supercarioca, Picassos Falsos, que fora lançado na década de 80. Homobono retrucou perguntando se ele não se referia ao “SUBCARIOCA”. Pronto, o brainstorm espontâneo tinha dado um fruto. Afeito a provocações gráficas, Homobono perfilou o nome “SUBCARIOCA” em uma fonte do tipo eloquente no topo da foto seguido de seu pseudônimo. Postou em seu perfil no facebook, inocentemente. Então, alguns comentários cobrariam agora pela música, que até então não existia. Isso deu o ensejo que o compositor tanto esperava para escrever uma canção falando de sua cidade natal, o Rio de Janeiro, tão combalido por notícias de corrupção e violência, e a falta de expectativas econômicas que adviessem da música. A estrutura modesta para apresentação da música independente na cidade e o fechamento de clubes e casa de shows, em virtude da pandemia, ilustram bem essa espécie de limbo profissional no qual estão os artistas atualmente.
A poucos dias das eleições municipais de 2020, já no fim de um ano conturbado, a música fica pronta.
Com a participação de Melvin Ribeiro, no baixo, Jomar Schrank, nos teclados e Rafael Lima, nos vocais, Homobono mixa vários cortes da realidade urbana do carioca, com a batida e melodias chupadas diretamente do funk (uma obsessão sua) e algo entre o afrobeat e dub, cristalizados nesse single ungido na espera e na dor.
Escute nos fones.
SPOTIFY: https://open.spotify.com/track/3qC7iASeY2eSIb6WAQ4rBB
SUBCARIOCA
Single – Independente
Homobono – voz, guitarras, beats e programações
Melvin Ribeiro – baixo
Jomar Schrank – teclado
Rafael Lima – vocais
Mixagem – Wlamir Rocha (Fusão Madô)