Estão abertas as inscrições para o II Congresso Internacional de Estudos Afrodiaspóricos Sesc RJ, que acontecerá entre nos dias 5,6 e 7 de setembro na sede do Sesc RJ, no Flamengo. O evento anual reunirá pesquisadores de diversas nacionalidades para discutir o pensamento decolonial afrodiaspórico e a intensa potência artística e poética resultantes dos deslocamentos forçados, para muito além das narrativas sobre traumas e dores, mas sobretudo, produção de narrativas subjetivas, vida e resistência.
Assuntos em torno da teoria e da história da arte, das reflexões filosóficas, das performatividades e das produções em arte serão abordados em mesas com convidados do Brasil, África do Sul, Guiné-Bissau, Haiti e Senegal, países com forte presença no desenvolvimento de epistemologias no campo. O evento terá condução cerimonial de Obirim Odara, ativista anticolonial, doutoranda em Filosofia e idealizadora da plataforma “Não me colonize”.
Uma aula magna será ministrada por Mamadou Baila Ba, ativista político antirracista e tradutor luso-senegalês. O convidado internacional analisará as contribuições da diáspora africana para a formação das sociedades contemporâneas e para a construção de identidades afrodescendentes.
Além das rodas de conversa, as atividades incluem também uma oficina de percussão afroamazônica, conduzida pelo Mestre Pedro Bolão, artista quilombola e um dos maiores divulgadores da cultura amapaense. Na oficina, ensinará a confecção de instrumentos de materiais recicláveis, bem como o toque dos instrumentos através dos saberes do batuque e do marabaixo. Haverá também uma apresentação de Musikeletrofolk, projeto de música afrodiaspórica desenvolvido pelo artista Spirito Santo.
As inscrições para palestras, debates, oficinas e demais atividades serão realizadas pela internet antecipadamente, e o credenciamento será nos dias do evento. O Congresso contará com recursos em acessibilidade como tradução simultânea para o inglês, LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e audiodescrição. O evento resultará em publicação impressa e digital, que contará com textos produzidos pelos convidados, e tradução para o português, Libras e legendas nos vídeos gravados durante os 3 dias do evento.
SERVIÇO
II Congresso Internacional de Estudos Afrodiaspóricos Sesc RJ
Data: 05 a 07 de setembro
Horários: 10 às 12h | 15h às 18h (somente dia 7/9: 10h às 17h)
Rua Marquês de Abrantes, 99 – Flamengo | Auditório Fecomércio RJ
Inscrições: https://forms.office.com/r/UBbiTj4iHR
Evento gratuito, sujeito à lotação, porém com inscrição prévia.
Classificação indicativa: livre.
PROGRAMAÇÃO
Dia 5/09
De 10 às 12h – Aula Magna
Com Mamadou Baila Ba
Através de uma abordagem interdisciplinar, serão analisadas as contribuições da diáspora africana para a formação das sociedades contemporâneas e para a construção de identidades afrodescendentes. Mamadou Baila Ba é um ativista político antirracista e tradutor luso-senegalês. Já foi laureado com o Prémio Front Line Defenders at Risk.
De 15h às 18h – GASTRONOMIA, MEMÓRIAS E NARRATIVAS
Com Thais de Sant’Anna, Leila Leão e Aline Chermoula. Mediação: Andressa Cabral
A conversa explorará esta expressão cultural que carrega consigo memórias e narrativas profundas. Quando explorada a gastronomia afrodiaspórica, há um universo rico em sabores, técnicas culinárias e tradições que refletem a história e a diáspora africana. Neste contexto, os pratos e ingredientes se tornam veículos de conexão com as raízes, transmitindo histórias de resistência, resiliência e celebração.
Dia 6/09
De 10h às 12h – REESCRITAS E RELEITURAS DE HISTÓRIAS
Com Loudmila Amicia Pierre Louis, Elton Pananby, Jorge Vasconcellos. Mediação Janaina Damaceno
As versões oficiais da história foram marcadas por um projeto político, muitas vezes compactuando com o racismo. Assim, imperadores, militares, possuidores de grandes fortunas se tornaram nomes de rua, ganharam estátuas de bronze em monumentos públicos. Hoje, existe a tarefa da reescrita, da reparação, do que Denise Ferreira da Silva conceituou como uma “dívida impagável” frente aos povos escravizados, subalternizados, roubados em sua liberdade. Contudo, a reescrita da história tem sido, também, o lugar de evidência das falas que sempre estiveram presentes em sistemas de pensamento filosóficos, políticos e culturais.
De 15h às 18h – RODA DE CONVERSA “100 ANOS DE AMÍLCAR CABRAL: INTELECTUALIDADES, LITERATURAS E INDEPENDÊNCIAS AFRICANAS NOS CONTEXTOS DE LÍNGUA PORTUGUESA”
Com Amauri Mendes Pereira, Marina Berthet, Maurício Wilson Camilo da Silva, Camila do Valle e Iris Amâncio
A conversa partirá de reflexões sobre a resistência anticolonial e suas interfaces com as escritas literárias africanas e afrodiaspóricas com o propósito de visibilizar e problematizar as relações entre ativismo político, produção intelectual e expressões artísticas como modos de afirmação de identidades negras nos – e a partir dos – espaços afrorreferenciados e colonizados por Portugal até os anos 1970. Essas percepções críticas fazem ainda mais sentido neste 2024, ano comemorativo do centenário do ativista, intelectual e poeta independentista guineense Amílcar Cabral, de ascendência cabo-verdiana. Mobilizações de jovens ativistas e estudantes africanos em meados do século XX revelam-se, neste século XXI, como pilares significativos para os olhares críticos contemporâneos sobre as dinâmicas sociopolíticas, educacionais e artísticas em diferentes espacialidades de Língua Portuguesa, especialmente no Continente Africano e nas suas diásporas.
Dia 7/09
De 10h às 13h/ 14h às 17h – Oficina “Percussão afroamazônica: saberes e fazeres do marabaixo”
Com Mestre Pedro Bolão
Oficina de toques e confecção de instrumentos com materiais recicláveis. O Marabaixo é uma forma de expressão elaborada pelas comunidades negras do estado do Amapá, manifestada especialmente por meio da dança e das cantigas, espécie de poesia oral musicada a partir dos toques das caixas, instrumentos de percussão produzidos pelos próprios tocadores.
De 18h30 às 19h30 – Palestra-Show com Mestre Spirito Santo e Apresentação musical de MusikEletroFolk
Musikeletrofolk é o projeto musical idealizado por Spirito Santo, para o qual o experiente artista convidou músicos oriundos do Projeto Musikfabrik (projeto idealizado pelo mesmo e ativo há mais de 30 anos, produzindo instrumentos musicais tradicionais africanos e recriações originais destes) e também do Grupo Vissungo, fundado por ele nos anos 1970 e também dedicado ao repertório africano e afrodiaspórico, somados a um DJ/percussionista/beatmaker, permitindo uma confluência entre as sonoridades dos instrumentos construídos pelo próprio Spirito Santo em conjunto com seus alunos, com peças musicais criadas a partir de criações e releituras originais de musicalidades africanas e afrodiaspóricas.