O Dia Internacional do Café (14/04), traz motivos para lembrarmos da trajetória e novas tendências com relação ao grão cuja bebida vive popularidade crescente no mundo todo. O produto, que tem o Brasil como segundo maior consumidor, passa por momento de gourmetização, com maior foco no sabor e qualidade do que propriamente no efeito da bebida. O que especialistas chamam de “terceira onda do café”, em que o rastreamento da produção e práticas sustentáveis são fundamentais para o reconhecimento da qualidade do café, pode ser conferida pelos turistas que visitam o Vale do Café, região turística do sul do Rio de Janeiro.
A relação do café com a região data do século XIX, que teve auge de produção do grão entre as décadas de 1850 e 1880, quando municípios como Vassouras, Valença, Barra do Piraí e Rio das Flores, entre outros, foram responsáveis pela produção de 80% de todo café consumido no mundo. Com a abolição da escravatura, arrasamento do solo e decorrente queda do preço do grão, o cultivo extensivo de café desapareceu. Felizmente preservadas, algumas fazendas históricas ainda existem e podem ser visitadas, oferecendo em sua arquitetura e mobiliário importante registro de uma época.
Reunindo 5 fazendas históricas já em atividade turística na região, o projeto “Vocações Regionais da Cultura Fluminense”, realizado pelo Sebrae Rio, sob gestão da analista Lidia Espíndola, atualmente conduz etapa final no processo de implementação. Segundo ela, a ideia do Sebrae foi aproveitar a proximidade da região com a cultura do café e unir a demanda dos visitantes à tendência no consumo de café de alta qualidade.
“Durante o Festival Vale do Café, apoiado pelo Sebrae Rio, os visitantes, sempre encantados com a história, perguntavam-se por que não podiam ver os pés de café. Poucas fazendas abertas à visitação ainda mantinham a cultura, e decidimos ampliar essa prática incluindo novas propriedades produtoras e afinando o processo dos cultivos já existentes”, conta Lidia.
Após 2 anos de trabalho, a Fazenda União, em Rio das Flores, espera a primeira safra comercial para maio deste ano. Os 9 mil pés de café Arábica produzirão cerca de 70 sacas, que serão vendidas internamente em forma de bebida e em grãos aos visitantes da fazenda.
Na União, a visita começa pela sede da fazenda, famosa pelo rico acervo histórico, com itens de museu, e continua com breve caminhada até o cafezal, para explicação da produção e posterior degustação.
Como parte do projeto, a fazenda prepara um jardim de variedades para apreciação, com espécies do Brasil Império como Typica, Bourbom amarelo, Bourbom vermelho, entre outras.
“Na implantação e manejo do cafezal, recebemos, com apoio do Sebrae Rio, orientação do professor Flavio Borem, da Universidade Federal de Lavras, especialista em cafés especiais, que sugeriu a irrigação por gotejamento. Um mostra do nosso solo foi enviada à Universidade para avaliação e posterior enriquecimento. Tudo indica que teremos um grão de excelente qualidade”, conta o empresário Mário Vasconcelos, proprietário da Fazenda União.
Na Fazenda Alliança, em Barra do Piraí, toda a produção é orgânica, incluindo o novo cafezal, que já está em processo de colheita, toda feita manualmente. A visita começa com apresentação do original circuito de lavagem e seleção de café, algo único na região, criado pelo antigo proprietário, o Barão de Rio Bonito. Os visitantes percorrem o caminho do grão, que era levado por água até o terreiro de secagem. Após, seguem para o plantio do grão, que embeleza o morro, em curva de nível, entendendo-se por área de mais de 2,2 hectares.
Com proposta agroecológica de produção de hortaliças, frutas e búfalas orgânicas, a Fazenda Alliança já possuía produção espontânea de café sombreado, remanescentes do café original, que aparece como ingrediente de bolos e doces servidos ao fim da visita. Também está no cardápio o queijo de minas orgânico, feito a partir do leite de búfala produzido na fazenda.
“Nosso intuito é em breve oferecer um café personalizado, com secagem natural e torra definidos de acordo com o desejo de cada cliente. A produção é exclusiva, propositalmente em pequena escala, possibilitando um contato com todo o processo de produção do grão.”, conta a arquiteta Josefina Durini, proprietária da Alliança.
Para Lidia, além de vender um produto de alto padrão, o objetivo é agregar a história e tradição da região na produção do grão.
“Participando desse movimento em que o café deixa de ser commodity para tornar-se um produto diferenciado, plantado e colhido com cuidado, a região agrega qualidade à sua imagem, abrindo caminho para o reconhecimento de demais produtos da região.”
Serviço:
Visita à Produção de Cafés Especiais no Vale do Café, RJ.
Hotel Fazenda União
(Rio das Flores, RJ)
Visitação guiada com historiador pela casa sede e passeio pelo cafezal.
Reservas: (24) 99915-1210 | www.fazendauniao.com.br
Fazenda Alliança
(Barra do Piraí, RJ)
Visita pelo antigo circuito e café e visitação ao cafezal orgânico
Reservas: (21) 97034-2948 | (21) 99321-1646| fazendaallianca.com.br