Falece o dramaturgo Zé Celso

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O teatro brasileiro está triste. O dramaturgo José Celso Martinez Corrêa faleceu nesta quina-feira (06/07), aos 86 anos, em São Paulo. O diretor estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas, desde terça-feira, após ter 53% do corpo queimado em incêndio que atingiu seu apartamento. 

Zé Celso nasceu em 1937 e é conhecido como um dos maiores dramaturgos do Brasil, responsável pela criação do Teatro Oficina, uma das companhias mais antigas no país. A iniciativa surgiu em 1958, quando o diretor e ator se juntou a Amir Haddad, Renato Borghi, Etty Fraser, Fauzi Arap e Ronaldo Daniel. Assinou o texto e direção de inúmeras peças que chegaram a incomodar o governo no período da ditadura militar, entre as décadas de 60 e 70, como “O Rei da Vela” e “Roda Viva”, marcadas pelo sarcasmo, a constestação de ideias e, em muitas vezes, pela nudez física e filosófica dos artistas.

Em 22 de maio de 1974, foi abordado por agentes da ditadura e levado ao Departamento de Ordem Política e Social, o Dops, onde foi torturado e confinado em uma solitária. Quase um mês depois, Zé foi solto em liberdade condicional, tendo que responder ao Dops semanalmente. Em setembro do mesmo ano, se exilou em Portugal com outros integrantes da então Comunidade Oficina Samba. O grupo só retornou ao Brasil em 1979, depois de atuar com o teatro e cinema em capitais da Europa como Lisboa, Paris e Londres, e até mesmo em Moçambique. Em abril de 2010, Zé Celso recebeu uma indenização de R$ 570 mil do Estado pela perseguição que sofreu durante o governo militar.

Em 2022, Zé Celso fez parceria com Fernando de Carvalho na direção de “Fausto na travessia brasileira”, uma releitura da obra de Christopher Marlowe, estrelada por Leona Cavalli e Ricardo Bittencourt. Nos últimos meses, Zé estava envolvido na adaptação do livro “A Queda do Céu”, organizado pelo francês Bruce Albert a partir de gravações do xamã yanomami Davi Kopenawa.

À família do dramaturgo Zé Celso, nossos sentimentos de pesar.