Uma boa dica para o final de semana : Quem quiser conhecer um pouco do dia a dia da história de Madureira, o charmoso bairro do subúrbio carioca, que é considerado o berço do samba, é só colocar na agenda que no Sesc, tem a Exposição : ‘Madureira em Transe’ . A mostra interativa , é o registro fiel e uma verdadeira imersão através das lentes do fotógrafo Edu Monteiro do que acontece nos quintais, terreiros , feiras e festas populares do bairro. São representações de momentos únicos, mostrados também através de esculturas, com um olhar diferenciado.
Para o encerramento da exposição , que durante quase três meses , recebeu a visita de centenas de pessoas , os organizadores prepararam algumas novidades como: neste sábado (05/11), às 14 horas ,acontecerá uma feijoada performática com o artista Rona , que desenha, escreve e dança desde menino, quando ele mostrará uma linguagem que tem tudo a ver com a exposição . Além disso o público também poderá participar de um debate falando sobre o tema, com a antropóloga Ana Paula Alves Ribeiro .
Vale a pena conferir .A mostra conta com a curadoria do escritor e professor do Instituto de Artes da UERJ, Maurício Barros de Castro.
Durante o período de exposição, foram realizadas uma série de atividades paralelas como oficinas, encontros, entre outras. O projeto foi selecionado por meio do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar e é uma realização da Rapsódia Empreendimentos Culturais .
O acervo da exposição é resultado de um ano de trabalho de Edu Monteiro, período em que ele se dedicou a fotografar manifestações artístico-culturais do bairro de Madureira, na Zona Norte do Rio, famoso pelas rodas de samba, atividades nos quintais, feiras, além da religiosidade nos terreiros de matriz africana. As imagens captadas contam muito das pessoas, comidas típicas, instrumentos, objetos de culto e rituais, enfim, do viver em Madureira. Algumas dessas imagens fazem parte do livro “Quintais do Samba da Grande Madureira”, e outras são inéditas, compondo a mostra no Sesc, que inclui também esculturas e outras imagens confeccionadas em couro.
“Sábado vamos encerrar a exposição com chave de ouro e muito axé A impressão de imagens em couro, agregam uma materialidade diferente, estabelecendo um diálogo direto com o tambor, instrumento essencial nas manifestações afro-diaspóricas, uma das vertentes sócioculturais mais presente no bairro e o público ainda terá chance de participar deste momento neste sábado “, explica Edu Monteiro.
Transe e herança
O conceito de transe, que dá título à exposição, começa logo na entrada do Sesc, a partir do movimento das grandes fotografias impressas em tecidos.
“É como um convite para que os visitantes entrem no espaço da mostra, iniciando ali a transição, o transe, que também marca os rituais de origem afro-diaspórica”, explica Edu Monteiro.
Maurício Barros de Castro lembra que a ancestralidade africana fez de Madureira um bairro protagonista na formação cultural do Rio de Janeiro.
“Madureira é um bairro fundamental para a afirmação da herança africana no Rio de Janeiro, cultuando os quintais, feiras e terreiros como alicerces de sua comunidade. Portanto, o bairro é um território onde o transe pode ser pensado de forma expandida, evocando ambientes do sagrado e do profano, remetendo a uma cultura sempre em movimento e, ao mesmo tempo, vinculada à sua ancestralidade”. fala Maurício
Serviço :
“MADUREIRA EM TRANSE”
Local – SESC Madureira – Rua Ewbank da Câmara, 90
Horário – sábado e domingo, das 10h às 17h
Classificação Etária: Livre
Entrada gratuita
FICHA TÉCNICA
Realização: Rapsódia Empreendimentos Culturais
Artista / Concepção Artística: Edu Monteiro
Curadoria: Maurício Barros de Castro
Assistência de Curadoria: Bernardo Marques-Baptista
Consultoria Técnica (Arte e Tecnologia) e Expografia: BWMB Arte e Mídia
Produção Executiva: Rapsódia Empreendimentos Culturais
Montagem: Moises Barbosa / Kbedin Montagem e Produção Cultural
Serviços Gráficos: Gouvea Artes
EDU MONTEIRO
Edu Monteiro é artista e doutor em Artes pela UERJ (2018), contemplado com o programa PDSE – CAPES junto à Universidade das Antilhas, Martinica, local onde pesquisou a Ladja. Como desdobramento dessa pesquisa, também passou duas temporadas no Senegal. Edu materializa suas investigações sobre as danças de combate e outras manifestações africanas e diaspóricas através de objetos escultóricos e fotografias, uma travessia que navega nos gestos de resistência corporal e nos atravessamentos das fronteiras físicas e culturais de suas expressões na contemporaneidade. Realizou as exposições “Corpos em Luta”, na galeria Movimento (2019), e “Costas de Vidro” na Z42 (2018), ambas no Rio de Janeiro, e “Invisible Fight”, no China Art Museum em Shanghai, China (2017). Foi primeiro lugar no XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia (2022). É autor dos livros Paisagem Vertical (Nau editora, 2022), Autorretrato Sensorial (Pingadoprés, 2015) e Saturno (Azougue Editorial, 2014) e responsável pelo ensaio fotográfico do livro Nos Quintais do Samba da Grande Madureira (Olhares, 2016). Tem obras no acervo do MAM-RJ/Coleção Joaquim Paiva– RJ, entre outras. É representado pela galeria Movimento.
MAURÍCIO BARROS DE CASTRO
Maurício Barros de Castro nasceu em 1973, em Niterói (RJ) e, atualmente mora no Rio de Janeiro. É escritor, pesquisador e curador independente. Doutor em História pela USP, é professor do Instituto de Artes e dos programas de pós-graduação em Artes (PPGARTES) e História da Arte (PPGHA) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Foi professor visitante na Universidade da Califórnia, Berkeley. Realizou a curadoria das exposições Carlos Vergara: Carnavais Revelados (Galeria Índica, 2016), Esqueleto: Uma História do Rio (com Fred Coelho, Galeria Aymoré, 2019), ESQUELETO: 70 anos da UERJ (com Analu Cunha e Marcelo Campos, Paço Imperial – 2019-2020) e Pixinguinha: um maestro batuta (com Julio Ludemir e Marcelo Campos, Museu de Arte do Rio, 2022). É autor, entre outros, dos livros Zicartola: política e samba na casa de Cartola e Dona Zica (2a ed., 2013). Pela Editora Cobogó, publicou Carnaval-Ritual: Carlos Vergara e Cacique de Ramos (2021), Arte e cultura: ensaios (org., 2019) e Gilberto Gil: Refavela (2017). Entre 2013 e 2014, viajou por nove países africanos em busca dos lugares de memória da escravidão no continente, uma aventura que resultou no livro Do outro lado (2014) e inspirou a série de documentários Sankofa: a África que te habita (2020).
A RAPSÓDIA
A Rapsódia Empreendimentos Culturais é uma produtora, que acompanha a dinâmica e evolução da produção cultural no Brasil, com uma equipe apaixonada pela cultura e por uma forma de fazer acontecer que responde aos desafios do setor. Seus profissionais são qualificados e graduados em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e cada um com uma especialidade em campo distinto, como Gestão Cultural, Políticas Culturais de Base Comunitária e Educação e Novas Tecnologias. São diferentes dos outros e, entre si, combinam uma variedade de formações acadêmicas, experiências profissionais e personalidades, que permitem desenvolver diversas funções nos campos da produção e da gestão cultural. A produtora participou de importantes projetos culturais, como a Exposição Senna Emotion – Continuidade; Jorge Amado em 4 Faces; Exposição Grael – Amor pelo Mar; e Exposição Transeuntis Mundi; entre outras.