Mesclando mitologia dos povos originários e aventura, “Karaíba” entra em cartaz com o intuito de repensar algumas lacunas na pré-história brasileira. A estreia será no Teatro Ruth de Souza, no Parque das Ruínas, no próximo dia 10 de dezembro e é um exercício de imaginação sobre como seriam os povos e a vida nestas terras antes da chegada dos europeus. Destinado ao público infanto-juvenil e com classificação livre, o projeto deseja ainda realizar parcerias de formação de público com escolas, contribuindo com a execução da lei que torna obrigatório o ensino de história e sua cultura.
A peça é inspirada na obra literária do indígena da etnia Mundurucu, Daniel Munduruku, filósofo, historiador, psicólogo, doutor em Educação pela USP, pós-doutor em Linguística pela UFSCar, atual diretor-presidente do Instituto Casa dos Saberes Ancestrais (UKA) e autor de mais de 50 livros para crianças, jovens e educadores. Para Rafael Barcelar, diretor do espetáculo, “Karaíba” nasce de uma ação política:
“Quem poderia imaginar que em 2022, diante de um aumento do massacre aos povos originários, um grupo de artistas majoritariamente indígenas conseguiria estrear um espetáculo teatral para as infâncias? A partir do movimento de recuperação da memória dos antepassados, construímos uma narrativa ficcional que reinventa este fragmento de tempo apontando caminhos para o presente e futuro. Este trabalho é um ato de resistência diante de um passado de raízes arrancadas. Uma disputa do imaginário e do simbólico”.
E para contar essa narrativa, o canto, a dança, a poesia, a oralidade e a sonoridade compõem uma história cheia de ensinamentos e alianças. Com isso, o público terá elementos lúdicos que os estimulem a pensar essa terra antes da colonização, percebendo como que o encontro com os europeus é um capítulo decisivo da história, mas não é o começo dela. “Karaíba” mescla arte ao conteúdo programático escolar e encoraja discussões que podem ser estendidas a todos, como a pluralidade cultural brasileira e a quebra de estereótipos raciais.
Juliana Gonçalves é a diretora de produção e idealizadora da peça, que começou a ser pesquisada durante a pandemia: “Conheci o trabalho de Daniel Munduruku quando me aprofundava na pesquisa que desenvolvo sobre a história do Brasil a partir da ótica de pesquisadores e professores indígenas. Mandei um e-mail tímido a ele dizendo: li seu livro, estou apaixonada e gostaria de produzir uma adaptação pros palcos, podemos conversar sobre? Estamos construindo uma nova e linda trajetória com esse projeto, carregando um ineditismo em diversos âmbitos”.
Já a dramaturga Idylla Silmarovi realizou a adaptação do livro para a peça: “Fui desafiada a me debruçar sobre esse texto e tentar imaginar, numa perspectiva teatral, esse mundo contado por Daniel. Esta montagem colabora profundamente para as artes da cena contemporânea e para as artes da cena indígena contemporânea”.
O espetáculo fica em cartaz entre 10 e 18 de dezembro, no Teatro Ruth de Souza, do Parque das Ruínas, sempre às 16h, e tem o apoio do Fomento à Cultura Carioca 2021, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (PCRJ) e da Secretaria Municipal de Cultura (SMC). Os ingressos estão a 20 reais (inteira) e 10 reais (meia). Indígenas têm entrada gratuita.
Serviço:
Espetáculo: KARAÍBA
Local: Teatro Ruth de Souza
Parque das Ruínas, Rua Murtinho Nobre, 169 – Santa Teresa – Rio de Janeiro – RJ
Estreia 10 de dezembro de 2022.
Temporada: 10 de dezembro a 18 de dezembro de 2022, às 16h.
Valor do ingresso: 20 reais (inteira) e 10 reais (meia)
O espetáculo é gratuito para indígenas.
FICHA TÉCNICA
Idealização: Juliana Gonçalves
Dramaturgia: Idylla Silmarovi
Direção: Rafael Bacelar
Assistente de direção: David Maurity e Marcus Liberato
Direção de Produção: Juliana Gonçalves
Produção executiva: Marcus Liberato
Elenco: Danilo Canindé, Jéssica Meireles, Ludimila D’Angelis e Yumo Apurinã Direção de arte: Winona Evelyn
Visagismo: Luisa Kwarahy
Figurino: Wanglêys Mendonça
Direção Musical: Felipe Estorino
Iluminação: Lilian da Terra
Fotos de divulgação: Gustavo Paixão
Identidade Visual: Isza Santos
Ilustrações: Jaú Ribeiro Vieira
Fomento à Cultura Carioca 2021 | Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (PCRJ) | Secretaria Municipal de Cultura (SMC)