O documentário capixaba “Presença” terá uma sessão especial no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no dia 08 de julho, às 19h, durante o Festival Internacional do Rio LGBTQIA+. O longa está incluído na mostra competitiva do festval carioca, onde terá a primeira exibição em uma sala de cinema, o diretor e parte da equipe do filme estarão presentes no dia.
Com roteiro e direção de Erly Vieira Jr, o longa será lançado nas salas de exibição de todo Brasil no dia 1° de agosto. Antes do lançamento em circuito nacional, o filme também vai participar do Festival de Cinema de Vitória no dia 20 de julho, a data de abertura do evento. O filme é produzido pela Ladart Filmes e distribuído pela Livres Filmes.
“Presença” é um documentário em longa-metragem, sobre três artistas brasileiros, nascidos no Espírito Santo e com carreiras consolidadas internacionalmente, que fazem de seus corpos o meio e objeto de sua arte. Marcus Vinícius, Castiel Vitorino Brasileiro e Rubiane Maia construíram suas carreiras percorrendo o mundo em busca da reinvenção do próprio corpo a partir da performance, aqui entendida como uma cura decolonial.
Ao fazer seu corpo performático surgir numa explosão, e muitas vezes enfrentando riscos físicos, Marcus Vinícius se propôs, através da sua arte, transfigurar a dor em leveza e em silenciosos rituais cotidianos. Rubiane sempre teve o desejo de voar como quem dança, mas o confronto direto com o racismo, após uma temporada vivendo na Europa, a fez buscar outros modos de conexão com os pés e pulmões ancestrais, que atravessaram o Oceano Atlântico na diáspora afro-brasileira. Castiel se autodeclara triplamente curandeira
(como psicóloga, artista e macumbeira), que “escolheu ser peixe antes de ser humana”, entende sua travestilidade como uma transmutação, numa conexão espiritual com as matas e a força das águas, capaz de romper as armadilhas da racialização e da colonialidade.
Questões como a relação com a paisagem e a conexão com a natureza e seus elementos, a fragilidade da experiência humana, a solidão existencial, a espiritualidade, a racialidade, a performance como uma metodologia de contato íntimo com o espectador, mas também de cura para quem performa, são alguns dos temas universais que o filme aborda.
Sobre o Festival Internacional de Cinema Rio LGBTQIA+ 2024
Em sua 13ª edição, o Festival Internacional de Cinema Rio LGBTQIA+ 2024 é uma celebração da diversidade e inclusão e conta com uma seleção de 90 filmes brasileiros e internacionais na programação. O festival acontecerá entre os dias 04 e 10 de julho e os filmes escolhidos pelo público e pelo júri serão premiados pela Naymovie e pelo CTAv – Centro Técnico Audiovisual.
O festival oferece mais uma década uma experiência imersiva completa com a presença de diretores, produtores e atores dos filmes, para compartilhar suas visões e insights sobre os filmes produzidos. Os público poderá conferir uma série de debates e encontros que promovem uma discussão significativa sobre questões importantes para a comunidade LGBTQIA+.
Sinopse:
Três artistas afro-brasileiros, com carreiras reconhecidas internacionalmente, transmutam-se a cada performance. Marcus Vinícius, Rubiane Maia e Castiel Vitorino Brasileiro fazem uma reflexão sobre os limites que apontamos para nossos próprios corpos.
ELENCO: Marcus Vinícius, Rubiane Maia, Castiel Vitorino Brasileiro, Augusto Brasileiro, Manuel Vason, Tom Nóbrega e Tatiana Rosa
FICHA TÉCNICA
Roteiro e Direção: Erly Vieira Jr
Produção: Ursula Dart
Assistente de direção: Melina Galante
Direção de produção: Maria Grijó
Som direto: Natália Dornelas
Direção de fotografia: Ursula Dart
Montagem: Carol Covre
Desenho de som: Marcus Neves
Trilha Sonora: Marcus Neves e Gimu
Empresa Produtora: Ladart Filmes
Empresa Distribuidora: Livres Filmes
DOCUMENTÁRIO EM LONGA METRAGEM (2023) 71 minutos
ERLY VIEIRA – diretor:
Erly Vieira Jr (1977) é Erly Vieira Jr (1977) é cineasta, pesquisador, curador audiovisual e professor no curso de Cinema e Audiovisual da UFES. Vive e trabalha em Vitória, ES. É autor do livro Realismo sensório no cinema contemporâneo (Edufes, 2020), entre outros, e desde 2012 atua como curador em diversos festivais e mostras de cinema. Realizou dez curtas-metragens, entre ficções e documentários, incluindo Macabéia (2000), Saudosa (2005), Grinalda (2006), Avenca (2009) e O ano em que fizemos contato (2010). Presença é seu primeiro longa-metragem.
Artistas
RUBIANE MAIA
Nascida em Caratinga (MG, 1979) graduada em Artes Visuais e mestra em Psicologia institucional pela Ufes, iniciou sua carreira no Espírito Santo. Seu trabalho é um híbrido entre a performance, a instalação e outros modos de expressão, como a escrita, a fotografia, o vídeo e a pintura. Em geral, interessa-se pelo corpo, linguagem, memória, fenômenos e matérias orgânicas, sendo especialmente atraída por estados diferenciados de percepção e sinergia que englobam relações de interdependência e cuidado entre seres humanos e não humanos, como minerais e plantas. Os elementos da natureza, a paisagem e o meio ambiente muitas vezes são guias e co-criadores de suas obras. Em 2015, participou da exposição ‘Terra Comunal – Marina Abramovic + MAI’, no SESC Pompéia. Em 2016, realizou o projeto ‘Preparação para o Exercício Aéreo”, viajando por paisagens de altitude como Uyuni (Bolívia), Pico da Bandeira e Monte Roraima. Dirigiu, entre outros, os curtas-metragens “EVO”(2015), “ÁDITO” (2017) e “Minha bateria está fraca e está ficando tarde” (2020). Desde 2018 vem desenvolvendo o projeto ‘Livro-Performance’, criando ações que são concebidas em resposta a textos autobiográficos, particularmente influenciados por memórias transgeracionais conectadas a questões de
gênero e raça, apresentado em diversos países.. Em 2022, lançou o projeto Divisa, uma instalação online que pode ser acessada em www.projetodivisa.com. Em 2023, participou da 35a. Bienal de São Paulo. Site: https://rubianemaia.com/
CASTIEL VITORINO BRASILEIRO
Artista plástica, escritora e psicóloga, Nasceu na Fonte Grande (1996), em Vitória (ES). Graduada em psicologia pela UFES e mestra em psicologia clínica pela PUC-SP. Vive e trabalha no planeta Terra. Em sua prática multidisciplinar, Castiel estuda o mistério entre vida e morte, a chamada Transmutação, e as formas de se locomover entre essas zonas existenciais. Seu pertencimento familiar na diáspora Bantu-brasileira é o fundamento articulado em suas pesquisas sobre medicinas e espiritualidade interespecífica (entre formas de vidas diferentes). Castiel é autora do livro “Quando o sol aqui não mais brilhar: a falência da negritude” (2022), e participou de exposições coletivas e individuais dentro e fora do Brasil, incluindo a Serpentine Gallery,
em Londres, e a 35a. Bienal de São Paulo (2023). Foi selecionada na edição 2021 do Prêmio Pipa. Sua exposição individual, “Relembre-se de Quando Conversamos sobre o nosso reencontro” (2023), foi realizada na Mendes Woods Gallery (Nova Iorque). Como documentarista, é interessada em construir e registrar a complexidade da sua ontologia Bantu, em filmes como “A cambonagem e o silêncio inevitável” (2021), “Uma noite sem lua” (2021) e “Para todas as moças” (2019), premiado como melhor curta nacional no XII Janela Internacional
de Recife. Atualmente, desenvolve o projeto de longa duração “Kalunga: a origem das espécies” e, em maio de 2024, abre sua exposição individual “A linguagem dos anjos”, em Bruxelas (Bélgica), composta por trabalhos realizados durante uma longa viagem ao deserto do Marrocos. Site: https://castielvitorinobrasileiro.com/
MARCUS VINÍCIUS – Vitória, 1985 – Istambul, 2012 (In Memorian) foi um artista visual brasileiro que viveu e trabalhou no mundo, e um dos mais importantes nomes da geração de performers surgida no Brasil na primeira década do século XXI. Cresceu na ilha de Vitória e graduou-se em Artes Visuais pela Ufes. Em 2008, radicou-se em Buenos Aires. A partir de 2007, passou a fazer do corpo o principal objeto e meio de sua arte, criando trabalhos em vídeo, fotografia, instalação, desenho e, principalmente, performance. Durante cinco intensos anos de produção solo, ele passou a explorar os limites físicos e mentais do seu ser, resistindo à dor, à exaustão, ao silêncio e ao perigo na busca pela transformação emocional e espiritual em trabalhos duracionais. Em seus rituais silenciosos, lentos e de gestos mínimos, muitas vezes enraizados na experiência cotidiana, ele explorava diversas dicotomias: ação/inatividade, movimento/imobilidade, presença/ausência, leveza/risco. Apresentou trabalhos internacionalmente em galerias, projetos e festivais de 22 países de quatro continentes: Brasil, Reino Unido, Argentina, Colômbia, México, Bolívia, Estados Unidos, Polônia, Portugal, Espanha, Itália, Rússia, Finlândia, Suécia, Estônia, Letônia, Noruega, França, Peru, Palestina, Filipinas e Mongólia, onde realizou seu último trabalho presencial, em 2012, dentro da 2nd Land Art Biennial LAM 360°. Em 2011, foi professor visitante de Performance Art na Svefi – Sverigefinska Folkhögskolan, na Suécia. Também atuou como curador independente no campo da performance, tendo sido o coordenador do LAP! _Laboratório de Ação e Performance e um dos organizadores do projeto Trampolim_ Plataforma de encontro com a arte da performance (2011-2012), um festival itinerante de performance que percorreu diversas cidades no Brasil e na Colômbia, reunindo artistas de diversas nacionalidades. Após seu falecimento precoce, sua família doou seu acervo de obras e textos para a Galeria de Arte Espaço Universitário (Vitória, ES), que realizou, em 2016, a retrospectiva “Marcus Vinícius”. Também em 2016, foi lançado o livro “Marcus Vinícius: A presença do mundo em mim”, organizado por Erly Vieira Jr, cobrindo sua produção nas áreas de performance, fotografia e vídeo. Sua obra fotográfica e audiovisual pode ser acessada no site https://acervomv.com/, lançado em 2024.
LADART FILMES – Produtora
Ladart Filmes é uma produtora de audiovisual sediada na cidade de Vitória, ES. Dentre suas obras audiovisuais, Os Incontestáveis, de Alexsndre Serafini, O Deserto de Akin, de Bernard Lessa e a série infantil Olha o Passarinho, em coprodução com a Caju Produções. A empresa tem como sua sócia diretora Ursula Dart, produtora e diretora de fotografia de sócia diretora de títulos como Os Primeiros soldados, de Rodrigo de Oliveira, As horas vulgares, de Rodrigo de Oliveira e Vitor Graize, Didi, de Thiago Moulin, Toda noite estarei lá, de Tati Franklin e Suellen Vasconcellos.
LIVRES FILMES – Distribuidora
A Livres Filmes é uma empresa que entrou no mercado de distribuição há 12 anos, com a missão de atuar junto ao nicho do cinema autoral, buscando as produções independentes, e se utilizando do circuito cultural das salas de cinema, das plataformas e das TVs. Para isso, a Livres Filmes quer atingir um mercado consumidor de cinema cultural, interessado na produção nacional ou em coprodução com o Brasil, bem como contribuir na formação deste público, por meio de ações integradas de difusão em festivais, mostras e cineclubes. Ao longo deste tempo, a distribuidora vem trabalhando com um calendário de lançamentos, que inclui filmes de realizadores veteranos e estreantes.
Hoje a Livres Filmes traz no seu catálogo, filmes de ficção, documentário e animação. Além disso, ainda para 2024 está prospectando filmes de todos os gêneros já finalizados, e que atualmente fazem carreira em festivais, além de acompanhar projetos em fase captação e produção de realizadores independentes, a fim de alcançar o mercado.