O número de casos de Covid-19 cresce a cada dia no Rio de Janeiro, o que não deixa dúvidas que a ameaça está por perto. Mas como ter a noção exata do perigo? O causador da doença, o novo coronavírus, pode permanecer em suspensão no ar por horas, mesmo se pessoas contaminadas tiverem apenas passado pelo ambiente? Pesquisadores do Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (Laramg) do Departamento de Biofísica e Biometria da Uerj vão buscar estas respostas.
O grupo, liderado pelo professor Heitor Evangelista, coletará amostras em locais de grande circulação, como comunidades e estações de transporte público, para detectar a carga viral presente no ar.
– Vi que, na China, estavam usando equipamentos similares aos que usamos aqui em outros projetos de monitoramento atmosférico. Então reuni todas as instrumentações do laboratório que operam com material biológico e fiz algumas adaptações para a coleta de vírus – explica.
A proposta é que, tendo em mãos dados precisos sobre o inimigo invisível, seja possível avaliar a necessidade de implementação de novas medidas mitigadoras dos riscos de propagação, como maior ventilação, maior assepsia, uso de proteção mais eficiente e controle do número máximo de pessoas.
De acordo com Evangelista, serão usados dois tipos de sistemas, um coletando o ar como um todo e outro, de forma estratificada, ou seja, pelo tamanho das partículas em suspensão.
– Quando uma pessoa espirra, o vírus rapidamente interage com o material que está na atmosfera. São micropartículas de diversos tamanhos. As maiores ficam mais retidas nas vias aéreas superiores e as menores podem chegar até a área dos pulmões diretamente. Esse equipamento faz uma simulação do sistema respiratório. É uma sequência de peneiras, onde podemos saber em que fração de tamanho aparece uma carga viral maior – afirma o pesquisador. Ele acrescenta que a quantidade de micro-organismos pode variar, conforme as condições ambientais, como umidade, poluição e incidência de luz solar.
O material recolhido pela equipe do Laramg será analisado pelo Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação da Uerj (HLA) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Além do Sars-CoV-2 (novo coronavírus), a técnica empregada poderá detectar também outros vírus presentes no ar que gerem implicações para a saúde humana.