A Secretaria de Estado de Saúde inicia nesta semana, no Hemorio, uma série de estudos para utilização da técnica do plasma convalescente para tratamento de pessoas com quadro grave de Covid-19. O procedimento consiste em infundir o plasma – parte do sangue que contém anticorpos – colhido de pacientes curados para transfundir em infectados e com quadro grave. A mesma técnica já foi aplicada nas epidemias de ebola e H1N1 e surge como mais uma possível estratégia para o combate do coronavírus. Pacientes curados no estado do Rio de Janeiro serão convocados e avaliados como potenciais doadores do plasma.
O plasma convalescente não é novidade no Hemorio. Anteriormente, em parceria com a Fiocruz e a Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, o hemocentro já havia estudado a mesma técnica para o vírus da dengue, e bons resultados foram obtidos (em laboratório).
Para o secretário de Estado de Saúde, Edmar Santos, o tratamento dos pacientes é o principal foco, assim como o isolamento social.
– É uma alternativa terapêutica promissora que poderá dar uma nova chance a muitas pessoas. Estamos empenhados em avançar nos estudos e, se os resultados vierem, será mais um meio de salvarmos vidas. Quanto menos pessoas infectadas ao mesmo tempo, menos mortes. Por isso, faço mais um alerta para as pessoas ficarem em casa – diz.
Em contato constante com diversos serviços de sangue mundo afora, o Hemorio tem notícias de que países como França, Canadá, Israel e Espanha também estão se preparando para a utilização do plasma convalescente, como já é feito nos EUA. Na China, a publicação do balanço de um experimento com pacientes graves com Covid-19 indica bons resultados em uma parcela dos testados.
O diretor do Hemorio, Luiz Amorim, explica que cada plasma coletado pode fornecer tratamento para até três pessoas. O plasma doado pelos pacientes curados ficará na unidade e será distribuído mediante solicitação dos hospitais que tratam casos graves de Covid-19.
– A expectativa é que haja melhora da evolução da doença e redução da mortalidade nos pacientes que recebam a terapia, além de os riscos serem praticamente zero. No entanto, só os resultados dos estudos determinarão se a abordagem é de fato eficaz – disse ele.