O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o secretário municipal de Cultura, Marcus Faustini, anunciaram nesta quinta-feira (04/02) o edital “Cultura do Carnaval Carioca”, que vai distribuir um total de R$ 3 milhões em prêmios para auxiliar quem promove a folia de rua. O documento prevê a escolha de 125 projetos inéditos sobre o setor e as inscrições começam em março.
– O edital busca um olhar para a economia do carnaval carioca de rua. Tem gente que depende disso. Desde que tomei a iniciativa de cancelar a festa, já tinha pedido para o Faustini e a Riotur prepararem alguma coisa de fomento, principalmente, para quem trabalha na ponta, na base dessa economia – afirmou Paes.
As propostas para o edital devem ser apresentadas por grupos formados por representantes de blocos, bandas, bailes, turmas, fanfarras, cordões e outras manifestações culturais que tenham o mínimo de três anos de existência no carnaval carioca. Um edital voltado para os trabalhadores das escolas de samba será divulgado em breve pela Riotur.
Além de ser um instrumento reparatório e estimulador da cadeia produtiva, elaborado pela prefeitura menos de um mês após o cancelamento oficial da festa, por causa da pandemia de Covid-19, o edital tem por objetivo fomentar a cultura do carnaval e reforçar o compromisso com a vida. Por isso, os participantes terão em contrapartida que gerar conteúdos e produtos inéditos sobre essa cultura e estimular a criação estética por parte dos grupos carnavalescos.
Os conteúdos foram divididos em três categorias: “Origem”, que prevê a produção de um minidocumentário ou um projeto de memória; “Som”, uma faixa musical; e “Estética”, uma fantasia/adereço original.
Na categoria “Origens”, 50 grupos serão contemplados com prêmios de R$ 30 mil para cada um; “Som” premiará 40 grupos com o valor de R$ 20 mil; e “Estética”, 35 grupos com R$ 20 mil.
– A intenção desse edital é a defesa da vida na cidade do Rio de Janeiro. A Prefeitura reitera mais uma vez seu posicionamento de apoio ao carnaval de rua carioca. É o início de um diálogo para reconstrução da cultura no Rio. A cultura como elemento central do desenvolvimento da cidade. Passamos quatro anos sem aposta, sem diálogo e, nesse momento de crise, a Prefeitura está novamente apontando o caminho de diálogo, de apoio e centralidade na cultura – ressaltou o secretário de Cultura.
As inscrições para a premiação terão início em março e poderão ser feitas por pessoa física (representante do grupo, desde que se comprometa a repassar para os demais integrantes o valor), pessoas jurídicas com e sem fins lucrativos e MEI (Microempreendedor individual).
As categorias de produção
Origens: A proposta contemplada precisará gravar e editar um minidocumentário de 5 a 10 minutos sobre a história dos grupos ou realizar um projeto de registro de memória. Os conteúdos irão compor a plataforma digital “Cultura do Carnaval Carioca”.
Som: Gravação de uma música inédita para a participação na playlist “O som do carnaval carioca”, organizada pela Secretaria Municipal de Cultura em parceria com o Spotify.
Estética: Confecção de fantasia, camiseta ou estandarte original do Carnaval 2021 para a exposição “Estética do Carnaval Carioca”.
A comissão de avaliação será composta por 15 representantes da sociedade civil, presidida por um representante da Secretaria Municipal de Cultura.
Cotas territoriais e desconcentração de recursos
Os projetos serão selecionados por meio de cotas territoriais, com a garantia de descentralização do investimento por todas as áreas da cidade. Na seleção, serão valorizadas as propostas que se comprometerem em repartir o recurso entre o maior número de pessoas.
Participaram do encontro representantes de vários blocos e ligas. Rita Fernandes, presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro (Sebastiana), agradeceu a atitude da Prefeitura.
– Quero agradecer em nome de todos os blocos, todas as ligas do Rio de Janeiro, não só a dedicação ao carnaval de rua, mas também por ouvir nossos pleitos. Antes de tudo, viemos trabalhando muito nos últimos quatro anos, independentemente do poder público, por nossa conta – disse Rita.