GRES Renascer de Jacarepaguá anuncia seu enredo para o Carnaval 2024

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A Escola de Samba Renascer de Jacarepaguá anunciou seu enredo para o Carnaval 2024: “Ubúntu: Do berço ancestral, um ideal para mudar o mundo”, de autoria e desenvolvimento do carnavalesco Rodrigo Pacheco. 

A agremiação  disputa a Série Prata, da Superliga. 


Confira a sinopse.

“Introdução: Este enredo vai mostrar que o continente africano, exaustivamente celebrado no carnaval brasileiro pelo vigor de suas danças, de seus tambores, de sua religiosidade e de sua mão-de-obra, fundamental para o desenvolvimento da História universal, também pode e deve ser mostrado pelo seu conhecimento a respeito do papel dos seres humanos no conjunto de fatores que determinam a vida no Universo. Sim! O pensamento africano também procura compreender o Mundo, estudando os aspectos fundamentais da existência humana. E, assim, produz Filosofia. Revelando isto, a Renascer acredita estar contribuindo para o aumento do respeito aos afrodescendentes e sua ancestralidade, com vistas ao fim do racismo e à construção de um mundo realmente democrático, próspero, acolhedor e inclusivo.

Justificativa: A cultura africana enraizada no Brasil nos desperta para a seguinte reflexão: Que o olhar para o passado, para nossa ancestralidade, é um convite ao reconhecimento e ao resgate de nossa plena condição de seres humanos. Nestes tempos em que não há mais espaço para o individualismo, a importância de contemplar a essência de nossa ancestralidade se faz necessária. Pelo fato de a África ser o berço da Humanidade e de grandes civilizações, nossos ancestrais africanos desenvolveram muito cedo a consciência do que é viver em comunidade. Assim, Ubúntu é a cosmovisão que leva o povo negro-africano a enxergar o mundo em que vivemos como um Universo de união, solidariedade, respeito, igualdade, coletividade e resistência. É a filosofia de vida que nos ensina a construir pontes ao invés de muros, que nos ensina a trilhar caminhos para a construção de uma sociedade mais igualitária. Ubúntu é o remédio para curar as feridas, na identidade e no sentimento de comunidade. É o acolhimento, é união, é generosidade. Ubúntu é fortalecer a luz que existe em cada um, potencializando a voz, para que reverbere por todo mundo. É tornar-nos mais humanos, com o entendimento que só somos pessoas porque nos relacionamos com outras pessoas.

Mesmo diante de tempos desafiadores, o Samba se propõe a vislumbrar impactos positivos para a sociedade por meio da poesia. Então, derrubar os muros da desigualdade, romper as fronteiras do preconceito é a missão de nosso enredo. E isto para que floresça e se pavimente esta jornada filosófica, para as novas gerações que estão por vir. Comprometida com o seu papel social e cultural, nossa agremiação se inspira em provérbio do povo Xhosa da África do Sul, que é o povo do líder Nelson Mandela, Prêmio Nobel da Paz em 1993 e o pai da moderna nação sul-africana. O provérbio diz: “UMUNTU NGMUNTU NGABANTU”, ou seja, “Uma pessoa só é uma pessoa por causa das outras pessoas”. E isto porque nossa agremiação entende o samba como instrumento de transformação de vida, capaz de contribuir para uma sociedade mais justa e mais igualitária. Porque realizar a prática Ubúntu… É o desejo da Renascer de Jacarepaguá.

Sinopse: África mãe ancestral, majestosa e imponente em sua diversidade cultural, étnica e lingüística. Solo sagrado que transpira a sensibilidade e a magia que aguçam nossa imaginação. Gênese natural da humanidade, genitora sagrada de nossa ancestralidade que nos inspira a viajar nos encantos e mistérios que permeiam sua existência. Terra pulsante, naturalmente vibrante, fértil solo que nutre o baobá, elo de conexão entre o divino e a humanidade, que brota e frutifica abundantemente para alimentar seu povo de coragem, força, resistência e união. Árvore da vida
ancestral, símbolo fundamental da cultura e resistência de seu povo; que inspira poesia, ritos e lendas. Testemunha fiel dos tempos imemoriais, e de tudo que permeia sua historia. És a própria essência Ubúntu: tua sabedoria transborda como a seiva a nutrir suas raízes, para que ramifique e perpetue o teu legado. Coube aos teus leais guerreiros, os bantos, a missão de difundir teus ensinamentos, semeando no tempo, na esperança que o vento espalhasse tua ideologia. Mesmo diante de tuas lesões, insististe em deixar pro mundo tua reflexão de tolerância, igualdade e união. Mostrando assim que és o berço de grandes civilizações. Tocar na tua ferida é relembrar as dores e sofrimentos que te fizeram impotente, pois impiedosamente te viste obrigada a reerguer potências com o suor e as lágrimas de teus filhos. Marcaram tua pele retinta com as duras batalhas que travaste para defender os teus. Que forçados, atravessaram mares bravios semeando teus encantos, e sobre ti ecoaram sua força e sua resistência, mostrando ao mundo tua diversidade cultural, tuas riquezas e teus fascínios. Além de todas as atrocidades cometidas contra ti – movidos pelo ódio que repudia o que é diferente – ainda insistiram em manchar as páginas de tua história. O racismo impregnado nas leis e costumes daqueles que te colonizaram, já não cabia mais. Então, teus filhos, nas terras de origem e na Diáspora levantaram-se heroicamente para combater a opressão e encarar, frente a frente, a segregação que insistia em separá-los para diminuir sua força. Esta resistência os levou ao triunfo contra as diferenças e os unificou na luta contra a discriminação racial e a favor da liberdade.

Hoje, o gotejar de seus dolorosos ferimentos, muitos quase incuráveis, nos fazem seguir seus passos, colorindo o mundo com nossas artes e tradições comuns; enfeitiçando a Humanidade com nossa capacidade de celebrar a união, fazendo dela a essência única. Ainda temos muito que lutar, na esperança de ver renascer a cada dia o respeito e a liberdade! Basta de preconceito e de intolerância, coisas que só causam dor e marcam a alma! É preciso celebrar as diferenças, a união, a coletividade, a tolerância e a benevolência. Somos únicos, somos diferentes, mas somos todos iguais, diferentemente iguais. Neste carnaval, vamos reviver os ideais dos ancestrais bantos do povo brasileiro, para enfim entender o Ubúntu como filosofia de vida capaz de transformar a nossa existência. É preciso nos reconectarmos com nossa ancestralidade, com a humanidade e a natureza, para juntos celebrarmos os novos tempos. Inspiremos amor, espalhemos amor, sejamos amor! Despertemos para o melhor sentimento que existe em
cada um de nós. É essa a força capaz de nos transportar para onde quisermos. Que nos leva a sonhar, viajar, acreditar. E que faz “Renascer em Jacarepaguá” à vontade e o desejo de sua comunidade de semear “Um Ideal Pra Mudar o Mundo”. Ubúntu é o que desejamos!”

Texto de Rodrigo Pacheco e Alex Santos. Consultoria: Nei Lopes.