Carnaval de rua: blocos pedem menos burocracia e mais apoio em audiência na Câmara do Rio

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Mudança no formato de organização do carnaval de rua da cidade, com mais apoio e menos burocracia para as centenas de blocos que desfilam pelas ruas do Rio. Esta foi a principal reivindicação de organizadores de cortejos carnavalescos durante uma audiência pública realizada na Câmara Municipal do Rio nesta quinta-feira (25), pela Comissão Especial do Carnaval, presidida pela vereadora Monica Benicio (PSOL). 

No encontro, representantes de blocos e do Executivo discutiram entraves e propostas para dar suporte à festa popular. Para a vereadora Monica Benicio, o modelo de caderno de encargos adotado pela Prefeitura – em que uma empresa vence uma concorrência para patrocinar a festa de rua – tem prejudicado os blocos independentes e de menor investimento. “A prefeitura só se esforça para atingir o patrocínio, enquanto os demais blocos ficam sem nenhuma assistência”, afirmou. 

A parlamentar também criticou a burocracia na legalização dos blocos de rua, que desestimula fazedores de cultura popular, e apontou que recebeu denúncias de que a atual gestora do Carnaval, a Riotur, já repassou ações de fiscalização, de sua responsabilidade, para a empresa patrocinadora, encarregada pelas comunicações em canais oficiais do Executivo. 

Segundo o pesquisador do carnaval Victor Belart, em um relatório produzido pela Liga Coreto, que reúne diversos blocos da cidade, constatou-se que 71% dos produtores culturais acham a experiência de trabalhar no carnaval ruim, regular ou péssima. “Em qualquer lugar do mundo é para parar o que está sendo feito, significa que tem coisa errada”. Para Belart, a festividade não é tratada da forma que deveria porque, mesmo com tantas dificuldades, sempre acontece todo ano.

Trompetista e um dos fundadores da Orquestra Voadora — bloco que reúne mais de 200 mil foliões pela cidade —, Tiago Rodrigues falou sobre as dificuldades em conseguir patrocínio para desfilar, sendo necessário muitas vezes os próprios organizadores arcarem com os custos. Para o produtor, é preciso pôr um fim ao modelo de caderno de encargos adotado pela prefeitura, “fadado a acabar com o Carnaval de rua do Rio”.

 

Festa cultural 

Juliana Costa, representante da Liga Coreto, questionou o motivo do Carnaval ser gerido pela Riotur em vez da Secretaria de Cultura (SMC). Segundo a foliona, “o Carnaval é uma manifestação cultural, e uma empresa de turismo não pode assumir uma responsabilidade que não é dela”. Para ela, o atual formato de organização prioriza o lucro em vez da cultura. 

A vereadora Monica Cunha (Psol) ressaltou a importância da cultura afro para a história da cidade e, também defendeu a necessidade de facilitar o acesso aos editais da prefeitura, para abranger pessoas que muitas vezes não conseguem ultrapassar as barreiras burocráticas. “Tem muita burocracia que as pessoas não conseguem acessar, e precisamos pensar em formas de mudar isso”, disse.

Coordenadora de fomento da SMC, Veruska Delfino reforçou que a pasta entende os desafios e está aberta ao diálogo para entender se as iniciativas têm sido suficientes para lidar com as demandas. “Não podemos abrir mão da burocracia, mas é possível pensar em alternativas para que os grupos e blocos acessarem o fomento público de maneira mais facilitada”.

A Riotur foi convidada para a audiência, no entanto não enviou representantes.