A Escola de Samba Tradição, que divulgou o enredo “Clarice” para o Carnaval 2021, no ano do centenário da escritora Clarice Lispector, terá a participação da atriz Rita Elmôr encenando a diva da Literatura. Ao receber o convite da presidente Raphaela Nascimento e do carnavalesco Leandro Valente, para ser a “Clarice” no desfile da azul e branco, a atriz nos conta que ficou muito honrada e emocionada, pois, segundo ela, representar a Clarice Lispector na Avenida será algo simbólico em sua vida, já que a escritora faz parte de sua trajetória artística.
“Fiquei muito feliz com o convite. Acho emocionante a Tradição levar Clarice Lispector para o Carnaval. Uma bela contribuição da Escola para popularizar a leitura em nosso país. Será uma honra representar uma das maiores escritoras do Brasil no desfile na Maques de Sapucaí. É uma bela homenagem à escritora que me ensinou tantas coisas com seus livros. Para representá-la, eu entrei no universo literário de suas obras e continuo apaixonada, já fiz duas peças sobre ela. Posso dizer que ela é uma espécie de mãe das artes para mim. É como se eu tivesse feito uma formação sobre a observação do que é ser humano a partir de sua obra. Ela sempre me transforma e me ensina algo. É uma grande inspiração na minha vida. Atualmente, estou com a peça “Clarice Lispector e eu. O Mundo não é chato”, espetáculo cujo roteiro é de minha autoria. Posso adiantar que o público vai delirar no desfile com esse maravilhoso enredo da Tradição”, salientou.
Rita aproveitou para acrescentar que Clarice Lispector surgiu em sua vida como uma forte inspiração para a arte. Falar da escritora, para Rita, é olhar a vida de forma poética e mais humana.
“Clarice chegou em minha vida como uma amiga que aos poucos foi me ensinando a desenvolver uma nova percepção sobre tudo que me cercava. Ela me encorajou a olhar para o meu avesso, pois passou a vida praticando a auto-observação e escreveu bastante sobre isso. Quando leio Clarice sinto mais coragem para trilhar caminhos internos que muitas vezes me obrigam a enxergar partes que são muito bonitas na minha pessoa. Mas a partir dessa percepção me movo de uma nova maneira na vida. Ela foi uma estudiosa dos infinitos movimentos da alma. Esse estudo ultrapassa a própria literatura. Sinto uma comunicação entre nossos inconscientes, algo não racional. Ler Clarice é uma experiência mística. Eu adoro Carnaval e desfilo sempre em blocos carnavalescos. Será uma grande alegria vir na última alegoria da Tradição representando a homenageada. Estou muito feliz por isso”, destacou.
Rita Elmôr é formada em Artes Cênicas pela Uni-Rio e pós-graduada em filosofia pela PUC. Atualmente, está com a peça “Clarice Lispector e eu. O Mundo não é chato”, em circulação pelo Sesc Rio, monólogo com textos de Clarice Lispector misturados aos textos da própria atriz, direção de Rubens Camelo. Além dessa peça, está como autora, em cartaz no teatro j.Safra ( S.P), com a peça “Parabéns, senhor Presidente”, interpretada por Danielle Winits e Christine Fernandes, e circulando pelo Brasil como diretora e autora da peça “Mulheres que nascem com os filhos”, com as atrizes Samara Felippo e Carolina Figueiredo.
Rita iniciou a carreira montando o seu primeiro monólogo sobre Clarice Lispector – “Que mistérios tem Clarice” -, com direção de Luiz Arthur Nunes, trabalho que lhe rendeu indicação ao prêmio Shell de melhor atriz, em 1998. Ao longo da carreira a atriz interpretou Ofélia na montagem de “Hamlet” de Diogo Vilela; a psicanalista Paula Heimenn na peça “Melanie Klein”, com Nathalia Timberg e direção de Eduardo Tolentino.
Protagonizou ao lado de Beatriz Segall, a peça “Histórias Roubadas”, direção de Marcos Caruso. Adaptou e interpretou Teresa D’Ávila, no solo “A Santa Descalça”, fez duas versões da peça “Pai”, monólogo de Cristina Mutarelli. A primeira como teatro-dança e a segunda com direção de Bruce Gomlevsky. Interpretou Lucia em “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, direção de Renato Carrera; “A Escola do Escândalo”, direção de Miguel Falabella; “A Casa de Bernarda Alba”, de Frederico García Lorca, direção de Claudio Mendes.
Trabalhou com o grupo AMOK na peça “Agreste”, de Nilton Moreno, “A Mais forte”, de Strindberg, com direção de Camilla Amado. Na TV, seu trabalho mais recente, 2018, foi na novela das 19h, “Deus Salve o Rei” da TV Globo. Em 2017, fez uma participação especial em um episódio do seriado “Cidade Proibida”, da mesma emissora. Integrou também o elenco principal da novela das 18h, “Boogie Woogie”, em 2015. Protagonizou o episódio “Canalha Psicanalista”, do seriado “As Canalhas” no GNT. Atuou na novela das 21h ,”Salve Jorge”, da TV Globo.
Integrou também o elenco principal em todas as temporadas do seriado “Macho Man”, do mesmo canal. Interpretou Anete, a chefe sedutora de Vladimir Brichta, em todas as temporadas do seriado “Separação!?”, ambos com direção de José Alvarenga Junior e texto de Fernanda Young e Alexandre Machado. Recebeu indicação ao prêmio “Contigo”, pelos dois trabalhos. Ainda, na Rede Globo, trabalhou com o diretor Luiz Fernando Carvalho na microssérie “Capitu”, em elogiado trabalho de composição física para criar a velha prima Justina e na minissérie “Os Maias”, como a ingênua Terezinha. No cinema está no filme “Até Que A Sorte Nos Separe 1” e “Até Que A Sorte Nos Separe 2”, com o ator Leandro Hassum e, em “?Cilada.com?”, de Bruno Mazzeo.