A Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense divulgou a logo e a sinopse do enredo “Só dá Lala”, que a verde, branco e dourado de Ramos apresentará no Carnaval 2020.
A proposta é uma releitura do clássico desfile de 1981, que alçou a agremiação ao seu primeiro bicampeonato.
Atualizado pelo carnavalesco Leandro Vieira, a nova proposta prioriza a obra do artista homenageado tendo como direcionamento a realização de um mergulho na festiva e diversificada obra musical do compositor Lamartine Babo (1904-1963).
A Imperatriz Leopoldinense será a quinta Escola a desfilar no sábado de carnaval (22/02/2020), na Marquês de Sapucaí, pela Série A da LIERJ.
Confira a sinopse.
SINOPSE DO ENREDO “SÓ DÁ LALÁ” – GRES IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE –
CARNAVAL 2020
Por Leandro Vieira
Alguns artistas dão à obra que edificam uma áurea mítica. Eles conseguem
dar àquilo que executam um contorno intangível – muitas vezes, de
difícil definição – que só aqueles que merecem o adjetivo “genial”
parecem alcançar tal êxito. Lamartine Babo, o artista que apresentamos
como enredo no carnaval de 2020, parece ter dado à sua obra musical a
referida dimensão.
Como explicar o estado de plena alegria que toma os sentidos daqueles
que cantam e dançam? Como definir com palavras o caráter festivo de um
ambiente junino? O perfume de uma fogueira queimando em brasa e o
colorido do balão de papel que sobe aos céus?
Como dar voz ao grito daquele que torce pelo time que entra em campo?
Como expressar com palavras o desespero daquele que vê seu clube na
iminência da derrota? Como escolher a melhor palavra para arrancar da
garganta do torcedor a glória do time que vence?
Qual a melhor palavra para estar na boca de foliões em estado de
desvario? Como, com uma ou duas linhas, expressar o frenesi de MORENAS,
PALHAÇOS, PIRATAS, PIERRÔS, BATE-BOLAS, DOMINÓS e COLOMBINAS em meio ao
ENLACE DE SERPENTINAS?
Para qualquer um de nós, a tradução disso seria árdua tarefa. Para
Lamartine Babo não. Lamartine deu à sua obra esse contorno popular
sublime. Compôs como quem decifrava – ao tempo em que estimulava – um
estado de PLENA ALEGRIA. Para Lamartine – e sua obra festiva – TODO DIA,
ERA DIA DE SER FELIZ.
“Era” para falar de Lamartine, cai mal. Cinquenta e sete anos após a sua
morte, a obra de Lamartine segue viva. Ele “É”. Compositor PRESENTE e
IMORTAL. Em junho – quando a celebração de São Pedro, Santo Antônio e
São João ganha o calendário – ainda cantamos clássicos como “Chegou a
hora da fogueira”, “Noites de Junho” e “Isto é lá com Santo Antônio”.
Nos dias de jogos, cariocas seguem externando a extensão de sua paixão
pelos principais clubes de futebol do Rio cantando os hinos que LALÁ – o
apelido carinhoso dado à Lamartine – compôs já nos distantes anos
quarenta do século passado.
NO CARNAVAL, QUANDO O POVO SE AGIGANTA – e sua verve, ou seja, onde ele
parece ser ainda mais inspirado – “lindas morenas”, “palhaços”, “galos”,
“rainhas da cabeça aos pés”, “mulatas”, “andorinhas”, e tantas outras
imagens, seguem sendo cantadas por foliões que desfilam em delírio junto
aos blocos e as bandas que ganham as ruas nos festejos de Momo.
Optar por apresentar a obra de Lamartine como o tema do carnaval
proposto é desejar que a vida siga em um estado de alegria SEM FIM. É
deixar que a música nos convide a uma viagem – quem sabe, NO TREM DE
ALEGRIA – para SONHAR, SORRIR e CANTAR, desejando que este estado tão
caro – de alegria plena, sonhos, sorrisos e canto – NUNCA MAIS TENHA
FIM.
Leandro Vieira, novembro de 2019.