Campanha garante cestas básicas a ritmistas de Escolas de Samba do Rio

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As doações já começaram a chegar na campanha Ritmo Solidário, que vai entregar cestas básicas de alimentos e de produtos de limpeza a 810 ritmistas de 27 baterias de Escolas de Samba do Rio de Janeiro. O compositor China do Estácio, que está à frente do projeto, teve a ideia de organizar doações ao ver uma matéria em um canal de TV e identificar um amigo ritmista em uma fila para receber ajuda.

Depois de conversar com o ritmista, China notou a mudança que a pandemia do novo coronavirus tem provocado em pessoas como o amigo, que para manter uma renda durante todo o ano, fora do carnaval, fazem uma série de apresentações e shows. Com as medidas de isolamento social, nada disso ocorre mais.

“No momento da matéria, a câmera focou em uma fila e nela estava o meu amigo mestre de bateria”, disse em entrevista à Agência Brasil.

A fila em que estava o mestre de bateria era de uma ação para a distribuição de cestas básicas em uma quadra cedida por uma escola de samba. “Com essa pandemia está todo mundo nessa situação. Todo mundo precisando de ajuda”, disse.

Mestres de bateria
Depois da conversa com o amigo, China do Estácio começou a estruturar a campanha e fez contato com os mestres de baterias das escolas e cada um fez um levantamento com uma lista de 30 ritmistas. São eles que receberão, a partir da próxima sexta-feira (24), as cestas básicas.

“Estamos aguardando as pessoas a se conscientizarem e nos ajudarem, porque o samba para algumas pessoas termina em fevereiro, mas para outras que trabalham em eventos e shows como mestres de baterias e diretores com seus projetos continuam durante o ano. Então, foi por isso que conseguimos reunir um grupo de mestres para fazer essa ação”, disse.

Para achar o local em que as doações pudessem feitas e os ritmistas pegarem a cesta, China procurou a prefeitura do Rio. A Empresa de Turismo do Rio de Janeiro (Riotur) autorizou o uso do espaço em baixo da arquibancada do setor 10 do Sambódromo da Marques de Sapucaí, no centro do Rio, palco dos desfiles das Escolas de Samba do grupo especial e da série A.

As doações podem ser feitas de segunda a sábado, das 10h às 17h. Já a distribuição das cestas será sempre às sextas e sábados. A intenção é atender ritmistas de três escolas por dia. Para evitar aglomerações está sendo feito um agendamento e é o mestre de cada bateria que informa aos seus componentes o horário que eles devem ir ao local.

“A entrega vai ser após uma listagem de cada mestre de bateria. Nessa listagem vai ter 30 ritmistas com documentação, carteira de identidade e CPF”, informou.

Agendamento
Antônio Brito, funcionário da Riotur e gerente da Passarela do Samba, disse que o agendamento facilita o trabalho que conta ainda com o apoio de outros funcionários da empresa, da Guarda Municipal e da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). “Quem quiser fazer a doação deve ir para o setor 10 e entrar pela [Avenida] Salvador de Sá. A pessoa não precisa nem sair do carro. A gente até fez uma fila com espaço de 1,5 metro para cada pessoa como a Organização Mundial de Saúde pede. A gente tem que se preocupar com isso para não ter aglomeração”, disse o gerente.

Brito destacou que é preciso ficar bem claro que as doações são feitas exclusivamente aos ritmistas para evitar a corrida de outras pessoas que também necessitam, mas que não podem ser atendidas pela campanha. “O principal para a gente também é não criar expectativas fora do mundo do samba, porque, senão, daqui a pouco acontece uma aglomeração na entrada do setor 10 e aí em vez da gente acertar, a gente vai errar”.

Doações
A primeira doação recebida foi da Escola de Samba Grande Rio. A escola levou para o local 200 cestas básicas, sendo 100 com alimentos e 100 com produtos de limpeza. Outras doações foram feitas por pessoas físicas, mas China do Estácio está entrando em contato com grandes empresas que costumam patrocinar os desfiles da Passarela do Samba do Rio para ver se elas também participam da campanha, como Ambev e Supermercados Guanabara. “Estamos tentando com muitas empresas para ver se nos ajudam a gente ter uma quantidade boa para atender a um máximo de pessoas”, disse o compositor.

Os ritmistas que receberão as cestas são de escolas do grupo especial, consideradas a elite do carnaval carioca, e da série A. Depois de atender a essas 27 escolas, a campanha pretende estender as doações para as alas de baianas, passistas e Velha Guarda, mas para isso precisam garantir mais doações. “Outros segmentos que também trabalham com shows como passistas, alas de baianas, carro de som, Velha Guarda, muitos que fazem shows nas quadras”, disse, lembrando que a campanha não tem data para terminar. “A gente não sabe até quando vai a pandemia”.