O trio carioca Djangos (que já respondeu pelo nome Kamundjangos na década de 90) lança a música Bibliografia, primeiro single do projeto “100 Cortes Revisitado”, no dia 5 de março pelo selo 90 Under – destinado a lançar material de artistas da década de 90 que ainda estão na ativa. “100 Cortes Revisitado” se caracteriza por regravações de músicas não lançadas oficialmente pela banda. A ideia do projeto começou por conta de um show gravado ao vivo em uma casa de shows de Curitiba no dia 29 de janeiro de 1997. A fita “demo” cassete e se espalhou rápido pelo público underground da época. Vale ressaltar que a maioria das músicas contidas nesse registro foram gravadas no primeiro disco da banda (“Raiva Contra Oba Oba” – LOS DJANGOS – Warner – 1998 – produção de João Barone, dos Paralamas do Sucesso e do ganhador do Grammy Latino, Tom Capone).
Na década de 1990, várias bandas do underground conseguiam, sem internet, manter uma boa divulgação usando os fanzines e uma parte da grande mídia engajada na música (exemplo da MTV e dos jornalistas nos grandes jornais das capitais que davam bastante espaço para música independente). Os artistas, mesmo sem grandes orçamentos ou aproveitando os custos de viagem, alimentação e hospedagem bancados por algum festival, conseguiam viajar para outras cidades para se apresentar, mantendo assim, uma plateia sempre ávida por novidades.
Assim, os na época Kamundjangos (hoje Djangos) foram tocar em Curitiba, em 1996, na mesma noite em que os locais do Skuba, outra banda aficionada por ska, num dos palcos mais lindos em que os cariocas haviam tocado, o da casa outrora chamada Aeroanta. Por sorte, a casa registrava o áudio direto da mesa de som e em vídeo. De posse, dessa fita cassete, a banda lança uma demotape (fita K7 de demonstração) chamada “100 Cortes – Ao Vivo no Aeroanta (Curitiba)”.
Algum tempo depois, o trio (Marco Homobono – voz e guitarra, Lyle Diniz – baixo e Jj Aquino – bateria) reparou que essa fita tinha uma demanda enorme a tal ponto que sua produção foi terceirizada por um coletivo carioca, a Sociedade HQ, que duplicou e vendeu as fitas, com capinha em xerox colorida (um luxo na época). Ou seja, a demo “100 cortes” era um hit do underground passado de mão e mão, a pirataria “do bem”.
A pandemia de Covid-19 interrompeu os ensaios para composição das músicas do terceiro disco da banda, mas deu outras ideias: regravar algumas das quatro canções que sobraram da fita “100 cortes”. Nesse espírito, os Djangos fizeram uma nova versão para “Bibliografia”, um reggae-dub, em que a letra se limita a citar o nome de artistas, bandas e até objetos que influenciavam o trio na época – e continuam como referências na cabeça do trio.
Com produção conjunta do trio e do amigo, músico, compositor e produtor, Jomar Schrank, os Djangos lançam o primeiro single do projeto “100 Cortes – Revisitado”, em breve nas melhores prateleiras da internet pelo selo 90 Under.
Sobre o selo 90 Under
Administrado pelo veterano da cena Vital Cavalcante, o projeto 90under começou como uma página de Facebook, de forma bem despretensiosa. Com o tempo Vital começou a receber muito material digitalizado da época, como fotos, cartazes, matérias da imprensa , etc. A iniciativa se expandiu paras as outras redes sociais, e foi no grupo do Facebook 90under (seu local de maior efervescência no momento) que nasceu a ideia do financiamento coletivo de compactos de vinil, com material raro da época. Nascia então o selo 90under, com dois discos de 7 polegadas já lançados: o primeiro dos curitibanos do Pinheads e o segundo dos cariocas do Dash.
Além disso, o selo inaugurou recentemente seu braço digital. A ideia é a mesma, resgatar material clássico da época também nos serviços de streaming. O próximo lançamento é o novo single do Djangos, uma releitura atual para a demo-tape Sem Cortes.