(*) Psicopedagoga Luciana Brites, CEO do Instituto Neurosaber
Com talentos acima da média, os superdotados também precisam de estímulos para desenvolver toda sua potencialidade. Sem eles e a compreensão de suas características, estes alunos podem ficar desmotivados e se afastarem da vida acadêmica.
As pessoas com superdotação possuem uma potencialidade de aptidões, talentos e habilidades muito acima da média, que ficam demonstradas por meio do alto desempenho em diversas atividades que vão se apresentando no desenvolvimento da criança.
Um fator determinante é a constância: essas aptidões precisam ser constantes ao longo do tempo, já que nos primeiros anos de vida pode não ficar tão claro esse padrão de desempenho expressivo.
Superdotados possuem três traços predominantes. Primeiro, habilidade acima da média: raciocínio em leitura e matemática, relação espacial, memória e vocabulário. Segundo fator, comprometimento: motivação empregada ao desenvolver uma tarefa, um foco ou concentração na atividade, com perseverança e paciência. Terceiro, criatividade: pensamentos originais, criativos e flexíveis.
Embora careça de divulgação e investimentos, a educação especializada contribui não só para o desenvolvimento, mas inclusão desses jovens. Garantir os meios para que as escolas recebam e estimulem essas crianças é um dos desafios.
Um dos principais mitos relacionados às pessoas com superdotação é a de que não precisam de estímulo e são capazes de desenvolver suas habilidades por si só. Mas, segundo especialistas, o ambiente em que estão inseridas é tão importante quanto os fatores genéticos para exercerem o máximo de suas habilidades e competências.
Outro ponto que pode trazer dificuldade às crianças é o assincronismo. Ele se refere à área intelectual-psicomotora, quando a criança aprende a ler precocemente, mas não desenvolve a escrita tão rapidamente por conta da necessidade de maturidade psicomotora. Ou então no campo da linguagem e do raciocínio, quando o estudante demonstra grande capacidade de compreensão de um processo matemático, mas tem dificuldade em expressar seu conhecimento em palavras.
O assincronismo pode levar a serem excluídos entre seus pares ou serem mal compreendidos pelos pais e educadores quando não há a identificação de altas habilidades/superdotação e um ambiente em que sejam estimulados corretamente.
Outro mito é o de que sempre terão um bom rendimento escolar. Longe de serem tratados apenas como gênios, as crianças com altas habilidades/superdotação necessitam de um olhar especializado, de inclusão e acolhimento de pais e educadores para se desenvolverem plenamente.
(*) Luciana Brites é CEO do Instituto NeuroSaber (https://institutoneurosaber.com.br/), autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem, palestrante, especialista em Educação Especial na área de Deficiência Mental e Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UniFil Londrina e em Psicomotricidade pelo Instituto Superior de Educação ISPE-GAE São Paulo, além de ser Mestra e Doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento pelo Mackenzie.