Armazém Companhia de Teatro apresenta o espetáculo “NEVA” na Fundição Progresso

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“NEVA”, espetáculo escrito em 2005 pelo dramaturgo e diretor de teatro chileno Guillermo Calderón, vai ganhar uma versão cênica de Paulo de Moraes, diretor artístico da Armazém Companhia de Teatro. A obra do mais renomado dramaturgo chileno da atualidade fará curta temporada de apresentações de 31 de maio a 09 de junho na Fundição Progresso – Espaço Armazém.  Após a data, a companhia viajará para a China, onde fará apresentações de NEVA no Aranya Theater Festival, em Aranya, e no Theatre Young, em Shangai. 

A peça se passa em São Petersburgo, então capital do Império Russo, em um dia de 1905. Não em um dia qualquer, mas em 9 de janeiro de 1905, que ficou conhecido como Domingo Sangrento, quando manifestantes que marchavam para entregar uma petição ao Czar, pedindo melhores condições de trabalho nas fábricas, e foram fuzilados pela Guarda Imperial. A ação de “NEVA”, no entanto, se passa dentro de um teatro, onde um ator e duas atrizes que iriam se encontrar para ensaiar “O Jardim das Cerejeiras”, acabam, meio sem querer, se abrigando do massacre que acontece nas ruas e que será o estopim da revolução que acontecerá posteriormente no país. 

Uma das atrizes trancada dentro do teatro é a alemã Olga Knipper (Patrícia Selonk), primeira atriz do famoso Teatro de Arte de Moscou e que foi casada com o dramaturgo russo Anton Tchekhov. Sentindo-se incapaz de representar, depois da morte do marido por tuberculose acontecida há seis meses, e na tentativa de seguir vivendo – enquanto lá fora a cidade desaba –, Olga instiga Masha (Isabel Pacheco) e Aleko (Felipe Bustamante) a encenarem repetidamente junto com ela a morte de Tchekhov.

A partir desse desassossego, entre incertezas artísticas e embates políticos, a pergunta que mais se impõe é “para que serve o teatro?”. Com um humor feroz, Calderón escreve sobre uma Rússia conflagrada politicamente no início do século 20, mas reflete sobre o seu Chile da década de 1970 e, talvez, sobre o Brasil desses anos obscuros, tempos onde “tudo o que tem água está congelado, inclusive os homens”. A discussão proposta pelas personagens oscila entre a afirmação da absoluta necessidade da arte (“Temos que fazer teatro. Temos que fazer uma peça que nos cure a alma.”) e da sua total irrelevância (“Pra que perder tempo fazendo isso? O teatro é uma merda. Querem fazer algo que seja de verdade: saiam às ruas.”).

Para o diretor Paulo de Moraes, em “Neva”, Calderón propõe um tipo de teatro que me encanta porque é um teatro eminentemente político, mas que se propõe a mergulhar em uma linguagem poética cortante e num humor extremamente ácido. A partir de acontecimentos surpreendentes, no meio de muitas tosses e promessas vagas de amor, ele levanta perguntas muito provocativas. “Perguntar bem, perguntar mais e melhor, esse é o teatro que me interessa”. 

*Importante ressaltar que NEVA foi levantado sem nenhum patrocínio, mas com a colaboração fundamental de mais de 80 pessoas que participaram da campanha COLABORE COM O NOVO ESPETÁCULO DA ARMAZÉM, divulgado nas redes sociais da companhia. 

Sobre a Armazém Companhia de Teatro

Em 2022, a Armazém Companhia de Teatro comemora 35 anos de atividades ininterruptas apresentando seu novo espetáculo NEVA no Rio de Janeiro (estreia nacional). Com mais de 40 prêmios nacionais no currículo, a companhia também foi premiada duas vezes no Festival Fringe de Edimburgo (na Escócia), com o prestigiado Fringe First Award (2013 e 2014) e no Festival Off de Avignon (na França), com o Coup de Couer de la Presse d’Avignon (2014).

A Armazém Companhia de Teatro foi formada em 1987, em Londrina, em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 80 – de onde saíram nomes importantes no teatro, na música e na poesia. Liderados pelo diretor Paulo de Moraes, o senso de ousadia daqueles jovens buscando seu lugar no palco impregnaria para sempre os passos do grupo: a necessidade de selar um jogo com o seu espectador, a imersão num mundo paralelo, recriado sobretudo pela ação do corpo, da palavra, do tempo e do espaço.

Com sede no Rio de Janeiro desde 1998, a companhia completa agora 35 anos de sua formação. Sempre baseando seus espetáculos em pesquisas temáticas (com a criação de uma dramaturgia própria com ênfase nas relações do tempo narrativo) e formais (que se refletem na utilização do espaço, na construção da cenografia, ou nas técnicas utilizadas pelos atores para conviver com o risco de encenar em cima de um telhado, atravessando uma fina trave de madeira ou imersos na água), a questão determinante para a companhia segue sendo a arte do ator. Busca-se para o ator uma dinâmica de corpo, voz e pensamento que dê conta das múltiplas questões que seus espetáculos propõem. E a encenação caminha no mesmo sentido, já que é o corpo total do ator que a determina.

Apesar da construção de espetáculos tão díspares e complementares como A Ratoeira é o Gato (1993), Alice Através do Espelho (1999), Toda Nudez Será Castigada (2005), O Dia em que Sam Morreu (2014), Hamlet (2017) e Angels in America (2019), a Armazém Companhia de Teatro segue sua trajetória sempre investindo numa linguagem fragmentada, que ordene o movimento do mundo a partir de uma lógica interna. Essa lógica interna é a voz da Armazém, talvez a grande protagonista do mundo representacional da companhia.

 

Ficha técnica

NEVA

Texto de Guillermo Calderón

Montagem da Armazém Companhia de Teatro

Direção: Paulo de Moraes

Tradução: Celso Curi

Elenco: Patrícia Selonk (Olga Knipper), Isabel Pacheco (Masha) e Felipe Bustamante (Aleko) 

Interlocução Artística: Jopa Moraes

Iluminação: Maneco Quinderé

Música: Ricco Viana

Figurinos: Carol Lobato

Instalação Cênica: Paulo de Moraes

Maquete Teatro de Arte de Moscou: Carla Berri

Mecânica da Maquete: Marco Souza

Design Gráfico e Vídeos: Jopa Moraes

Fotografias: Mauro Kury

Preparação Corporal: Patrícia Selonk e Ana Lima

Produção: Armazém Companhia de Teatro

 

Serviço

NEVA

Local: Fundição Progresso – Espaço Armazém

Rua dos Arcos, 24, Lapa, Rio de Janeiro

De 31/05 a 09/06

Sextas e Sábados às 20h

Domingos 19h

 

Venda na bilheteria do Espaço Armazém (uma hora antes das apresentações) ou pelo site https://www.sympla.com.br/produtor/armazemciadeteatro

Meia-entrada: Estudantes, idosos, menores de 21 anos, pessoas com deficiência, professores e profissionais da rede pública municipal de ensino. 

Capacidade de público: 107 lugares

Ingresso: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia-entrada)

Classificação: 14 anos

Duração: 80 minutos

Drama

Contato: [email protected]