Faleceu nesta segunda-feira (8/05), em São Paulo, aos 75 anos, a cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista brasileira, Rita Lee, a rainha do rock brasleiro, um dos nossos maiores talentos. Em 2021, foi diagnosticada com câncer de pulmão e vinha fazendo tratamentos contra a doença.
Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. O pai, Charles Jones, era dentista e filho de imigrantes dos EUA. A mãe, a italiana Romilda Padula, era pianista.
Rita alcançou a marca de 55 milhões de discos vendidos, sendo a quarta artista mais bem-sucedida no Brasil. Considerada uma das mulheres mais influentes do Brasil, integrou o grupo Os Mutantes e Tutti Frutti.
Suas músicas eram regadas com uma ironia ácida ou com uma reivindicação da independência feminina. Rita nos deixou sucessos inesquecíveis, como “Ovelha Negra”, “Mania de Você”, “Lança Perfume”, “Agora Só Falta Você”, “Baila Comigo”, “Banho de Espuma”, “Desculpe o Auê”, “Erva Venenosa”, “Amor e Sexo”, “Reza”, “Menino Bonito”, “Flagra” e “Doce Vampiro”, dentre outras. O álbum Fruto Proibido (1975), lançado com a banda Tutti Frutti, é visto como um marco fundamental na história do rock brasileiro.
Em 2012, Rita anunciou que deixaria de fazer shows por causa da fragilidade física.
Seu último álbum de canções inéditas em estúdio saiu em abril de 2012,. “Reza”. Ao todo, foram 40 álbuns, sendo 6 dos Mutantes, 34 na carreira solo.
Em 2016, ela lançou “Rita Lee: uma autobiografia”. A série “Dr. Alex” é de 1983, foi relançada em 2019 e 2020; a obra tem foco na luta pela causa animal e ambiental da cantora. Em março de 2023, ela anunciou “Outra Autobiografia”, que está em pré-venda.
Nos últimos anos, ela viveu em um sítio no interior de São Paulo com a família. Ela deixa três filhos: Roberto, João e Antônio.
Ídolo de adolescentes dos anos 1970, em plena ditadura militar, Rita falava os sentimentos desses então jovens. Como em “Ovelha Negra”:
“Baby baby
Não adianta chamar
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar
Baby baby
Não vale a pena esperar, oh não
Tire isso da cabeça
E ponha o resto no lugar”
Sobre a nova mulher – independente, dona do seu nariz, longe do estereótipo vindo do passado, “Cor de Rosa Choque”:
“Nas duas faces de Eva
A bela e a fera
Um certo sorriso
De quem nada quer
Sexo frágil
Não foge à luta
E nem só de cama
Vive a mulher
Por isso não provoque
É cor de rosa choque
Mulher é bicho esquisito
Todo o mês sangra
Um sexto sentido
Maior que a razão
Gata borralheira
Você é princesa
Dondoca é uma espécie
Em extinção
Por isso, não provoque
É cor de rosa choque.”
À rainha do rock brasileiro, nossa saudade. Aos familiares, nossos sentimentos de pesar.