Pois é. Nesta terça-feira (30/04), faleceu a madrinha do samba,
mangueirense e botafoguense, cantora e compositora Beth Carvalho.
Beth tinha mais de 50 anos de carreira e dezenas de discos gravados.
Seu início de carreira foi pelo caminho da Bossa Nova. Em 1968,
conquistou o 3º lugar no Festival Internacional da Canção (FIC), ao
lado dos Golden Boys, interpretando “Andança”, de Edmundo Souto,
Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi. Foi no início dos anos 1970 que Beth
se voltou para o samba de raiz, resgatando nomes importantes como
Cartola e Nelson Cavaquinho, bem como descobrindo novos e talentosos
nomes da nossa cultura popular. Por esse trabalho, Beth Carvalho
recebeu o título de madrinha do samba.
Importante destacar que essa iniciativa de trazer ao público a música
dos morros, das quadras e rodas de samba, divulgando novos talentos do
nosso samba, ocorreu durante o período em que todo o país passava por
forte repressão, incluindo a cultura, vítima (por muitas e muitas
vezes) da censura federal. Período em que nada era fácil. E não havia
o desenvolvimento tecnológico dos dias atuais, quando mais fácil é
divulgar obras.
Beth também divulgou nosso samba de raiz em eventos internacionais de música.
E Beth não se furtou a participar de um momento importante para o
nosso país: Diretas Já, o anseio do povo brasileiro pela
redemocratização do Brasil.
Eis o legado de Beth Carvalho. Além de sua obra, sua postura, sua
coragem e seu comprometimento com a cultura brasileira.
Chegou sua hora, enfim. Aquele Lá de Cima sabe o que faz. Foram anos e
anos de sofrimento físico. Chegou a hora de descansar.
Ficou sua obra, trabalho importante. Ficaram seus inúmeros sucessos.
Mas, que também fique registrado na memória do Brasil o seu trabalho
pela cultura popular brasileira. Sua coragem em abrir espaço para
aqueles que não dispunham de acesso à mídia. De dar importância
àqueles que poderiam estar condenados ao desconhecimento por parte da
maioria dos brasileiros.
Valeu, Beth Carvalho. Obrigada.
Descanse em paz.
E vida que segue…