Grande Dionisíaca Experiência estreia na Fundição Progresso

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Com idealização e direção de Jopa Moraes e atuação de Vitor Schei, “Grande Dionisíaca Experiência”, terceira criação do coletivo Anêmona Teatro, abre seu experimento ao público no dia 7 de julho, domingo, no Espaço Armazém, na Fundição Progresso. 

Dando continuidade às provocações do coletivo acerca das convenções e da história do teatro ocidental que buscam tensionar o evento teatral até sua ruptura, neste novo espetáculo, a inversão é a regra. No lugar de poltronas dispostas em uma plateia, cadeiras espalhadas pelo palco; ao invés de um elenco capacitado e com o texto decorado, o público é convocado à cena com folhas de papel na mão. Tudo isso começando quando os teatros da cidade já estão fechados, em uma arriscada jornada até o nascer do sol.

O pano de fundo desse encontro são as Grandes Dionisíacas, os lendários festivais de teatro dos antigos gregos. No espetáculo, um ator se junta com um público de até 50 pessoas para tentar reviver a experiência do teatro em seu surgimento e apogeu, o momento em que a importância dessa arte para a comunidade era tanta que sua realização acontecia — mesmo no meio de guerras e durante a fome — como um rito essencial para compreender o mundo entre seus pares. Esse ator, armado apenas com um teclado de baixa qualidade e uns textos pelos quais é apaixonado, conduz os espectadores como membros de um coro. E, a cada apresentação, requer que um conjunto diferente de pessoas se desdobre em diversos papéis. Um mergulho rumo ao inesperado.

A estrutura do espetáculo, em pouco mais de cinco horas, percorre as diferentes etapas desse festival que durava vários dias. Passando por ditirambos (espécie de canto ritualístico), comédias, tragédias, peças satíricas, e se estendendo até a ressaca dos vencedores (já que se tratava de um evento competitivo). Alguns textos ancoram o experimento. Os dois maiores se encontram nas extremidades da estrutura: “As Rãs”, do cômico Aristófanes, e “O Banquete”, de Platão. Neles, o único ator do espetáculo toma para si os personagens de Dionísio (no primeiro texto) e Diotima (no segundo). Figuras que guiam, abridores de caminhos, desbravadores de suas respectivas jornadas — o deus Dionísio rumo ao Hades para resgatar o teatro que havia morrido; a sábia Diotima para fora da caverna, desfazendo ilusões numa espécie de teatro invertido, que busca a verdade para além da representação.

Começando despojadamente, quase como um ensaio, utilizando somente a luz de serviço do espaço, e progredindo para uma experiência completa, com figurinos, microfones e efeitos de luz, “Grande Dionisíaca Experiência” vai gradativamente se transformando em um espetáculo teatral total. A ideia é que essa viagem ao passado e a uma das origens do teatro seja vivenciada tanto como jornada dramática, quanto como processo criativo. Por isso, os elementos da representação vão sendo descobertos paulatinamente, “conquistados” pelos participantes. Ao longo da madrugada, a experiência passa cada vez mais para as mãos do público, que vai deixando de lado seu caráter de observador e tomando seu lugar no primeiro plano, contracenando primeiro com o ator que conduz, até chegar ao ponto de contracenar entre si, sendo conduzidos também a criar com som, movimento e pensamento. A chave desse convite à interação não é, no entanto, o desbunde. É a timidez, o constrangimento mesmo que existe no ato criativo, que caracteriza o gesto fundamental do espetáculo. Para que seja possível sentir a sensação tão bem descrita pelo cantor e compositor Bob Dylan quando diz: “eu morro de medo de estar no palco, mas, por outro lado, é o único lugar em que eu sou feliz”.

 

Serviço: 

GRANDE DIONISÍACA EXPERIÊNCIA

Direção e Idealização: Jopa Moraes

Atuação: Vitor Schei

Roteiro* e Textos Originais: Jopa Moraes

Figurinos: Dimi Rumbelsperger

Iluminação e Espaço Cênico: Jopa Moraes

Direção Musical: Gustavo Gomes

Vídeos e Design Gráfico: Rafael Nasária

Equipe Cobaia: Nayane Ficher e Dimi Rumbelsperger

Letras Canções: Gustavo Gomes e Jopa Moraes

Assistência de Direção: Nayane Ficher

Confecção de Bonecos: Aristodemo Apolodoro e Nayane Ficher

Produção de Logística: Patrícia Selonk

Apoio: Armazém Companhia de Teatro e Fundição Progresso

Produção: Anênoma Teatro

 

*a partir de trechos de Aristófanes, Sapho, Ésquilo, Sófocles, Eurípides, Ágaton e Platão

 

Temporada: 07, 10, 14 19 e 20 de julho, às 23h30

Duração Aproximada: 330 minutos

Espaço Armazém — Fundição Progresso