Macaé e região são destacadas como hub da transição energética no Rio

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A transição energética e a transformação econômica do gás natural foram destaques durante do Macaé Energy 2024, evento que ocorreu semana passada na cidade do Norte Fluminense. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apresentou dados confirmando que o país tem a mais alta participação de renováveis na matriz energética entre os países do G20, e que 62% das energias consumidas pela indústria brasileira já é renovável.

Diretora de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges afirmou que a solução para o problema climático inclui o mercado de petróleo e gás. “Os investimentos neste mercado são fundamentais para o desenvolvimento das tecnologias necessárias para a descarbonização da economia” afirmou. A diretora da EPE explicitou também que um quarto dos recursos do PAC são na indústria de petróleo e gás.

Daniel Lamassa, subsecretário ajunto de Energia da Secretaria Estadual de Energia e Economia do Mar do Rio de Janeiro, lembrou que o estado já conta com 15 projetos de eólica offshore em licenciamento, incluindo o Projeto Piloto que a secretaria realiza. “O desenvolvimento do projeto piloto de um parque eólico no Porto do Açu será 100% financiado pelo PD&I da ANP e ANEEL, e conta com a colaboração dos principais atores interessados, por meio do Grupo Trabalho estabelecido para desenvolvimento do projeto”, acrescentou.

Segundo Ezequiel Zago, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Prumo Logística, as estratégias para trabalhar energia renovável no terminal portuário começaram em 2019. “Há projetos em desenvolvimento e estudo para aproveitar o potencial do porto de geração por biomassa, solar, eólica offshore e hidrogênio. E o Porto já está conectado ao Sistema Interligado Nacional pelas duas termelétricas da GNA. Também já está em desenvolvimento uma planta solar de 220 MW de capacidade”, afirmou.

Já Gabriel Lassery, superintendente executivo da ABH2, afirmou que o hidrogênio é um dos principais vetores do futuro da matriz energética brasileira. Liu Su, gerente de Permissões/Originação de Negócios Renováveis da Neoenergia, destacou que o país já parte de uma ampla infraestrutura consolidada, com 10 mil km de linhas de transmissão de energia elétrica e cinco concessionárias. Conforme Liu, “a transição é sempre muito gradual, mas o Rio já se diferencia por, além de ser o maior produtor de petróleo e gás, é também o único gerador nuclear do país”.

Diretor da Firjan, Henrique Osório Santos lembrou que as oportunidades da região e no estado foram destaques na publicação “Transição e Integração Energética no Rio”, produzida pela Firjan SENAI, onde apresenta mais de US$ 70 bilhões de investimento potencial, que pode ser desenvolvido em dezenas de projetos de eólica offshore e hidrogênio, entre outros. O sumário do estudo foi divulgado na OTC Houston, em mais passado, e distribuído a todos os participantes da Macaé Energy.

Transformação econômica do gás natural

Já o painel “Gás Natural – Transformador Econômico” reuniu cinco empresas com atuação no setor. Christiane Delart, diretora de Distribuição de Gás da Naturgy, ressaltou que, embora o estado seja referência no uso de gás natural em veículos, a adesão no transporte pesados ainda é baixa. Vladimir Paschoal, conselheiro da Agenersa, reforçou que é preciso avançar na regulamentação para veículos pesados, promovendo a competitividade e garantindo a modicidade tarifária para o mercado cativo.

O conselheiro também explicitou que, com o avanço do mercado de gás, sua regulamentação dependerá cada vez mais da interação entre agentes. “A tendência é que surjam mais projetos interestaduais, motivo pelo qual a Associação Brasileira de Agências Reguladoras está unindo os envolvidos para promover a competitividade no mercado livre”, destacou.

Foi pauta também do painel a importância da retomada plena das atividades de agências reguladoras, como ANP e ANEEL, e de outras entidades federais, como o IBAMA. A restrição de recursos foi colocada como fator que afeta diretamente o pleno funcionamento e evolução do mercado, afastando investimentos, dada a   dívida regulatória gerada.

Para o diretor Comercial da TAG, Ovídio Quintana, é necessário investimentos com foco na modicidade tarifária e equilíbrio logístico para atender o crescimento do mercado. Quintana citou o exemplo do Nordeste, onde houve grande economia com a redução do preço da molécula de gás, além de ressaltar a importância de investimentos e da remoção de entraves regulatórios, mencionando o “Custo Brasil”.

Também participaram das discussões Rogério Manso, presidente executivo da ATGás; Daniela Santos, sócia da SG Advogados; e Alexandre Calmon, sócio da Campos Mello Advogados. Eles destacaram a importância do gás natural para a economia, ressaltando o papel do Rio e de Macaé na infraestrutura nacional, e as oportunidades e desafios para a abertura do mercado de gás.

A primeira edição do Macaé Energy ocorreu entre 11 e 13 de junho, promovendo 15 painéis com 1.860 minutos de palestras, debates e reuniões. O evento reuniu 90 debatedores, especialistas em petróleo, gás e energias renováveis de empresas privadas, entidades e associações e representantes governamentais. Também promoveu o Rede de Oportunidades com a presença de cerca de 350 representantes de empresas fornecedoras com grandes players do mercado. Durante os três dias de evento, cerca mil pessoas participaram do Macaé Energy 2024.

A gerente geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, Karine Fragoso, destacou a oportunidade para as empresas construírem novas perspectivas de desenvolvimento do mercado a partir do evento na cidade capital da energia. “O Macaé Energy não é só um evento, é uma construção contínua de um futuro cada vez mais promissor para Macaé e toda região Norte Fluminense”, afirmou.