Prefeitura do Rio cria plano de contingência para amenizar o impacto das ondas de calor na cidade

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A Prefeitura do Rio anunciou, nesta segunda-feira (27/11), um conjunto de medidas de curto, médio e longo prazo que irá adotar para minimizar os impactos para a população das ondas de calor previstas para os próximos meses, com a aproximação do verão, e para preparar o Rio para a ocorrência de temperaturas extremas. O plano de contingência prevê que as altas temperaturas e a medição da sensação térmica passem a ser levadas em conta para a mudança dos estágios operacionais da cidade, disparados pelo Centro de Operações Rio (COR). O plano inclui ainda a abertura de mais de 100 pontos de hidratação distribuídos em clínicas da família, centros municipais de saúde e no Super Centro Carioca de Saúde (principal polo), em Benfica. Também foram apresentados o mapa de calor da cidade e as iniciativas de criação de parques e de reflorestamento que estão sendo executadas. Participaram da apresentação os secretários de Saúde, Daniel Soranz; de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula; e o chefe-executivo do COR, Marcus Belchior.

As altas temperaturas e as medições da sensação térmica passarão a ser indicadores da matriz decisória de mudança dos estágios operacionais da cidade. Sendo assim, a partir de agora, o município do Rio poderá trocar de estágio operacional em dias de maior vulnerabilidade da população ao estresse térmico. A mudança do estágio operacional da cidade leva em consideração variáveis como mobilidade, previsão do tempo, eventos e outros. A decisão acontece num momento em que os cinco maiores registros de temperatura, de toda a série histórica do Sistema Alerta Rio, iniciada em 2014, aconteceram este ano, sendo a maior sensação térmica, de 59,7ºC , foi registrada em Guaratiba no dia 18 de novembro às 8h10.

Para atender à população de maneira imediata, sobretudo os mais vulneráveis, nos dias de maior calor, a Prefeitura do Rio irá disponibilizar mais de 100 pontos de hidratação, que funcionarão nas clínicas da família, centros municipais de saúde e no Super Centro Carioca de Saúde. Estes pontos irão fazer a distribuição de água e isotônicos para pessoas em situação de rua, além de roupas, chinelos e protetor solar. Funcionarão também como áreas de conforto térmico para populações mais vulneráveis.

Para os casos que requeiram atendimento especializado, as unidades de saúde terão poltronas e leitos com opções de hidratação venosas e orais (de acordo com indicação do profissional de saúde de plantão).

Dados da rede municipal de saúde indicaram aumento expressivo na média semanal de atendimentos a doenças causadas pelo calor ou passíveis de agravamento em altas temperaturas. Foram 1.121 notificações do dia 8 ao dia 15 de novembro, um aumento de 51% em relação aos sete dias anteriores. O cálculo abrange os diagnósticos de mal-estar e fadiga; hipotensão (pressão baixa); efeitos do calor e da luz; síncope e colapso; e edema.

O diagnóstico de mal-estar e fadiga, por exemplo, somou 667 ocorrências no período mencionado, com recorde diário de atendimentos no dia 8 (166). Vila Kennedy registrou o maior número de ocorrências da enfermidade por região (274), seguida de Madureira (56) e Rocha Miranda (45).

Como o aumento das temperaturas pode gerar variadas reações no corpo, a Prefeitura orienta para os sinais do estresse térmico. Para além das queimaduras, a população deve prestar atenção ao suor excessivo, que regula temperatura, mas pode causar desidratação; a insolação, que pode acontecer inclusive na sombra; e as alterações no metabolismo, como a interferência na pressão arterial e descompensação cardiovascular, além de ressecamento de olhos e pele, e irritação no nariz, em casos de baixa umidade do ar.

Em caso de tonturas, fraqueza, sede intensa e dor de cabeça, a recomendação é que a pessoa procure a unidade de saúde mais próxima. Para localizar uma unidade, basta consultar prefeitura.rio/ondeseratendido. Já o Centro de Operações da Prefeitura vai disponibilizar em seu aplicativo COR.Rio os endereços das Clínicas da Família e demais unidades que funcionarão como pontos de hidratação durante o verão. Os endereços também vão estar no site do COR.

Outra preocupação é com a prevenção das arboviroses, que tendem a aumentar no verão devido às altas temperaturas e o acúmulo de água das chuvas, condições ideais para a reprodução do Aedes aegypti. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realiza durante todo o ano ações de combate aos focos do mosquito, que são intensificadas nesta época do ano. Até o dia 18 de novembro, foram realizadas 9.741.738 visitas a imóveis pelos agentes de vigilância em saúde, para controle do vetor, e 1.934.656 recipientes que poderiam servir de criadouros de mosquitos foram tratados ou eliminados. A SMS alerta que a maior parte dos focos do Aedes aegypti é encontrada nas residências e, para a prevenção das doenças, é imprescindível que a população colabore eliminando em suas casas os objetos que podem acumular água e servir de criadouros do mosquito.

Na coletiva, foi apresentado o mapa do calor do Rio, que reafirmou uma percepção histórica, registrada pelo senso comum: as principais ilhas de calor da cidade ficam na Zona Norte, em bairros como Complexo do Alemão, Complexo da Maré, Ramos e Pavuna, além de Bangu, na Zona Oeste. Áreas que historicamente possuem menor cobertura vegetal.

Para contornar o problema, a Prefeitura do Rio vem investindo na implantação de parques urbanos e reflorestamento, em projetos que incluem soluções para ampliar o conforto térmico da população. Na Zona Norte, a Prefeitura vem implantando o Parque Pavuna, que terá 17 mil metros quadrados, uma praia artificial e uma praça molhada, além de horta e plantio de 320 árvores nativas da Mata Atlântica. O poder público vem investindo ainda na construção do Parque Piedade, que além de áreas de lazer, quadras e centro cultural, esportivo e educacional, terá uma horta urbana, praça molhada com cachoeira artificial, numa área total de 18 mil metros quadrados. Já a nova Floresta da Posse passará pela ampliação da área de mata para 950 mil metros quadrados, o equivalente a 130 campos de futebol, com a recuperação dos mananciais e ações de proteção da fauna e flora nativa.

Na Barra da Tijuca, a antiga Via Olímpica está sendo transformada no Parque Rita Lee, que terá 136 mil metros quadrados. A criação de um bosque e uma esplanada arborizada voltada para a Lagoa de Jacarepaguá prevê o plantio de 970 árvores e 32 mil arbustos, além de uma área molhada de 1,2 mil metros quadrados. Em Realengo, as obras do Parque Susana Naspolini prevêem o plantio de 3,7 mil árvores, o equivalente a nove campos de futebol, um bosque com 11,2 mil metros quadrados, hortas e pomares, além de um espelho d’água e jardins aquáticos. O destaque do parque, que terá 77 mil metros quadrados, será um conjunto de torres que irão aspergir gotículas de água para espantar o calor. Em Inhoaíba, o Parque Oeste, que terá 234 mil metros quadrados, prevê o plantio de 11 mil mudas, reflorestamento de 61,8 mil metros quadrados, além da preservação do verde local. O parque terá ainda escada de águas e chuveiro cascata.

Em 2024, a Prefeitura do Rio irá implantar o programa “Cada Favela, uma Floresta”, que buscará promover um ambiente ecologicamente correto, com foco na construção de florestas e restauração no ambiente das comunidades. Vinte territórios da cidade serão beneficiados pela ação, que buscará prevenir e controlar a ocupação em áreas de risco e recuperar áreas degradadas, gerando melhorias no microclima das comunidades e na qualidade do ar e da água, além de incentivar a eficiência energética e promover a segurança alimentar.