No porão de uma fábrica abandonada, um grupo de jovens se encontra para um ensaio de sua banda. O guitarrista leva uma garota para o ensaio, mas é a antiga namorada do baterista. Com quem ela está agora? Uma tensão se instaura. O ensaio precisa começar. O guitarrista revela então que não quer mais fazer parte da banda. Algo vai acontecer. Este é o enredo da peça Violeta, que estará em cartaz no Teatro Dulcina, no Centro do Rio de Janeiro, entre os dias 7 e 29 de outubro.
A peça foi escrita pelo dramaturgo norueguês Jon Fosse, um dos dramaturgos europeus mais encenados da contemporaneidade, com peças traduzidas em mais de 40 idiomas. No Brasil, sua primeira montagem foi em 2003, e suas peças foram encenadas por nomes importantes da cena teatral, como Monique Gardenberg, Denise Weinberg, Mário Bortolotto, Emílio de Mello e Marcos Damaceno. Por meio de uma escrita teatral minimalista, característica de Jon Fosse, a peça Violeta coloca diante do espectador um retrato de uma banda amadora que quer o sucesso, mas se vê envolvida com as inúmeras querelas do cotidiano.
O diretor e idealizador da peça, Marcio Freitas, ressalta que a pesquisa com a musicalidade da fala é um dos fundamentos da trajetória do seu trabalho com o grupo Teatro Número Três. “Em nossos espetáculos, sempre chamaram a atenção do público as formas inusitadas de trabalhamos a fala. Nesse sentido, investigar as nuances do texto de Jon Fosse é um percurso de interesse natural. A métrica inusual e rigorosa do autor é uma potente fonte de tensão cênica, com seus vazios e seus ecos”, afirma Marcio Freitas, idealizador e diretor do Teatro Número Três.
Com Cacá Ottoni, Maria Lucas, Marina Hodecker, Pamella Rodrigues e Renata Gasparim no elenco, Marcio conta que as personagens, tanto as masculinas como as femininas, são representadas por atrizes. “Essa é uma escolha que visa, sem dúvida, valorizar o elenco com o qual venho trabalhando. Mas, para além disso, ela cria uma camada performática para investigar a fluidez entre o masculino e o feminino. Acredito que essa escolha faz aparecer com mais clareza a violência e a opressão presentes na peça. Sem dar respostas, nem utilizar de didatismo, a estranheza da transposição de gêneros põe uma lupa na masculinidade tóxica dos ritos de juventude”, pontua o diretor.
Marina Hodecker, atriz e produtora do Teatro Número Três, reforça que a companhia teatral tem duas linhas de trabalho: uma trata de criações autorais com peças escritas e dirigidas por Marcio, e outra investiga o diálogo com textos de autores renomados. “No fim do espetáculo Viagem a Nova York, de 2018, partimos para o estudo de autores como Jon Fosse, Maurice Maeterlinck, Copi, Lagarce e outros. Esse estudo resultou numa oficina de prática de leitura, que também compõe este projeto, e na montagem de Violeta, de Jon Fosse”, explica a produtora.
“Nós desejávamos ampliar o diálogo com o público, criar mais ações de formação de plateia e, sobretudo, chamar a atenção do público jovem para o trabalho do grupo. Violeta é uma peça que fala sobre jovens, originalmente desenvolvida no renomado programa Connections: new plays for young people, do National Theatre, que, desde 1995, encomenda peças e financia montagens no território britânico.
Entendemos que esse será um bom caminho a percorrer”, finaliza Marina Hodecker.
Esta montagem inédita será apresentada através de uma temporada popular no centro do Rio de Janeiro, no Teatro Dulcina, em outubro de 2023, com realização do Teatro Número Três, e patrocínio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura (SMC), através do Programa de Fomento à Cultura Carioca – FOCA.
Sobre o Teatro Número Três
O Teatro Número Três realiza obras autorais a partir de processos de pesquisa e montagem, trabalhando com entrevistas, documentos do cotidiano e dramaturgias de forte caráter sonoro. O grupo já realizou três espetáculos teatrais: Sem falsidades, de 2011, com depoimentos reais de jovens atrizes, Pequenas biografias, de 2014, no qual se reconstitui um processo de pesquisa artística do passado, revendo gravações e e-mails, e Viagem a Nova York, de 2018, no qual o desaparecimento de Marcio é investigado por seus amigos, que devassam seu acervo. Desde 2019, o grupo lançou três publicações em meio digital. Em isolamento social, os artistas encenaram a peça A intrusa, de Maurice Maeterlinck, na forma de vídeo-teatro, filmaram a websérie Moermemória, que estreou em 2021, e realizaram o experimento audiovisual A vida secreta de Cassiane, em 2022.
Serviço
Espetáculo Violeta
De 07 a 29 de outubro de 2023, sexta e sábado, às 19h, domingo às 18h
Teatro Dulcina – Rua Alcindo Guanabara, 17 – Centro, Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) | R$10,00 (meia)
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
FICHA TÉCNICA
Texto: Jon Fosse
Direção: Marcio Freitas
Elenco: Cacá Ottoni, Maria Lucas, Marina Hodecker, Pamella Rodrigues e Renata Gasparim
Cenografia e Figurinos: Arlete Rua Iluminação: Adriana Milhomem Trilha sonora: Ribeiro DiCastro Fotografia: Clayton Leite
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
Direção de produção: Marina Hodecker e Marcio Freitas
Realização: Teatro Número Três