Diretamente da Paraíba, o “Terreiro Envergado”, do Coletivo Tanz (https://www.instagram.com/coletivotanz/), chega à Sala Maria Tereza Tápias para duas únicas apresentações gratuitas: dias 30 de setembro e 1º de outubro, às 20h. O espetáculo é livremente inspirado pelos ecos das obras do escritor paraibano José Lins do Rêgo na sua série sobre o ciclo da cana-de-açúcar.
A interpretação arquitetada por Edigar Palmeira e Erik Breno é construída sobre a relação que estabelece com o público. Pequenos ritos cotidianos seguem um após o outro, ressignificados no corpo e no lugar, em constante transformação. Vendedores ambulantes, bêbados, brincalhões, entre outras figuras místicas que povoam a imaginação popular, nos convidam a partilhar o mesmo espaço, seja no palco ou na praça, para celebrar o encontro. Um verdadeiro caleidoscópio de imagens e sons que são traduzidos no corpo atravessado e cortado pela força midiática e pela memória pessoal dos artistas.
A partir dos gestos de festas populares como Cavalo Marinho e Coco de Roda, e num diálogo físico com a cultura urbana e o corpo mediático, danças como o breaking e funk carioca são redefinidas como parte do tecido das memórias corporais de cada indivíduo, desenvolvendo uma linguagem expressiva criada a partir de memórias revisitadas. A noção de caminho, encontro e territorialidade é impressa no espetáculo, cuja ação escapa à sagacidade, ao canavial e, mais precisamente, à sagacidade descrita pelo romancista José Lins do Rêgo. É, de certa forma, uma encenação da rede simbólica das migrações, num jogo cénico em que o espectador é levado para o terreiro, para lhe permitir encarnar-se na sua própria história.
Edigar Palmeira e Erik Breno contam que “Terreiro envergado” é o espaço urbano para a manifestação do “brinquedo beat” dos artistas que, a partir de ações gestuais e jogos propostos por eles próprios, estabelecem estruturas compostas de alternativas. Os componentes do jogo podem variar, sejam materiais ou imateriais. A materialidade em palco inclui objetos, roupas e instrumentos que fazem parte da memória pessoal dos intérpretes, sendo este último, por sua vez, a elaboração artística de uma esquematização dos códigos desta materialidade. A precariedade corporal é estabelecida pelo diálogo/conflito do equilíbrio instável da sensibilidade masculina e feminina. Explicada pelos códigos corporais, pelo próprio vestuário e pela interiorização feita pelo subtexto das ações e jogos propostos para o rito do terreiro envergado.
SINOPSE
Duas figuras, dois seres, dois mundos. O homem e as suas memórias, medos e desejos. Terreiro envergado é uma obra viva, construída sobre a relação estabelecida com o público e a paisagem circundante, uma sucessão de pequenos ritos diários, ressignificados no corpo x lugar e em constante transformação. Vendedores ambulantes, bêbados, mendigos, trapaceiros e foliões circulam neste terreiro, convidando o público a partilhar este espaço sagrado chamado de rua.
Um caleidoscópio de imagens e sons que são traduzidos no corpo atravessado e cortado pela força midiática e pela memória pessoal dos artistas.
SOBRE O COLETIVO TANZ
O coletivo Tanz tem se dedicado à criação interartes, produzindo espetáculos de dança, teatrais e performances, concebendo uma linguagem cênica híbrida na esteira da dança teatro, teatro físico e teatro de formas animadas.
O coletivo surge em 2006 da inquietação de dois artistas com experiências diferentes, um bailarino e um ator fizeram de suas experiências o motor de arranque que os move até hoje.
Ao longo de seus 17 anos, o Coletivo está desenvolvendo uma investigação sobre a identidade local-global, procurando uma linguagem que faça a ponte entre o trabalho e o espectador. Como repertório foram concebidos e produzidos 12 espetáculos, 2 documentários, publicações como revistas, ensaios e artigos dedicados à sua pesquisa intitulada “o espetacular e o espectador”, tendo ainda realizado apresentações e turnês regionais e nacionais passando por mais de 50 cidades.
Fundado por Edigar Palmeira e Erik Breno, artistas independentes que uniram suas experiências para fundar um coletivo de pesquisa e criação, hoje o Coletivo Tanz é um dos destaques da produção de artes cênicas na Paraíba, tendo representado o estado em importantes mostras e festivais como Circuito Nacional Palco Giratório, Festival do Teatro Brasileiro e MIT Mostra Internacional de Teatro.
O coletivo já foi contemplado em mais de 20 editais onde se destacam: Prêmio Funarte difusão e circulação da dança 2022, SESC Pulsar RJ 22/23 e Prêmio Klauss Vianna 2010 de dança da FUNARTE.
Entre os anos de 2006 a 2013 o coletivo produziu 4 obras, participou de festivais nacionais como o FENART (festival nacional de artes) e o festival de inverno de Campina Grande, ganhando ainda os prêmios de melhor espetáculo, melhor coreografia e melhor bailarino (Edigar Palmeira) na Mostra Estadual de Teatro e Dança da Paraíba, em 2008, com a obra “Experimento Raíz”.
Entre os anos de 2014 até 2023, o coletivo passou a pesquisar novas formas de interação com o público e produziu 8 oito obras cênicas, realizou uma turnê pelos estados PB, PE, RN e CE passando por 14 cidades, 1 um intercâmbio com o grupo Ateliê do Gesto de Goiânia-GO, documentários e publicações, ganhando espaço na produção das artes cênicas no Brasil através de prêmios e participação em grandes festivais e mostras como o Palco Giratório 2020/2021 e a Mostra Cariri de Culturas 2023.
FICHA TÉCNICA
EDIGAR PALMEIRA
Como pesquisador e artista, Edigar transita entre os campos da dança, teatro e cinema, mesclando saberes, estudos e experimentações, tecendo uma malha criativa cheia de referências e que se estende aos vários formatos. Sua pesquisa abrange desde os folguedos populares, ao estudo sobre ondas sonoras e suas afetações no corpo físico. A investigação é uma característica do trabalho do artista que busca desconstruir conceitos básicos, atribuindo aos mesmos, novos valores estabelecidos a partir da compreensão simbólica da obra.
ERIK BRENO
Erik Breno começou no ano de 1999 com um curso não-formal (informal)? de iniciação teatral, posteriormente participou de outras formações em oficinas até ingressar na graduação em Arte e Mídia na UFCG, onde concluiu em 2005. Nesse período, criou performances solo e duos em Dança e Teatro. Fez a especialização em Representação Teatral em 2009 na UFPB e até esse ano, participou de espetáculos de Teatro e de Dança, como por exemplo, criou junto com Edigar Palmeira o Coletivo Tanz. Ganhou prêmios de melhor espetáculo de dança com o Experimento Raiz, no FENART-PB em 2010.
Sobre o Centro Cultural Espaço Tápias
O novo Espaço Tápias, inaugurado em 30/4/2022, na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, nasce com o propósito de transformar vidas, dar oportunidades e realizar sonhos.
O Centro Cultural disponibiliza salas para aulas e uma sala para espetáculos e outros encontros envolvendo arte – a Sala Maria Thereza Tápias. É uma organização que tem como proposta favorecer, divulgar e oportunizar a dança, com foco na dança contemporânea e em seus segmentos.
A disposição para incentivar a criação, para promover performances, estimular talentos, e fomentar pesquisas são posturas e projetos valiosos para quem se dedica à dança, e permeiam todas as ações do espaço. Com a nova sede, contribui para o desenvolvimento e a expansão da dança, com ênfase na dança contemporânea, no Brasil e no mundo.
Serviço
[Dança] Coletivo Tanz com o espetáculo “Terreiro Envergado”
Local: Centro Cultural Espaço Tápias (Sala Maria Thereza Tápias)- Rua Armando Lombardi, 175- Barra da Tijuca.
Datas: 30 setembro e 1º de outubro às 20h – sábado e domingo
Classificação: 14 anos
Evento gratuito – retirada de ingressos pelo Sympla: https://www.sympla.com.br/produtor/espacotapias