A Escola de Samba Portela apresentou seu enredo para o Carnaval 2024: “Um Defeito de Cor”, de André Rodrigues e Antônio Gonzaga, baseado na obra homônima da autora Ana Maria Gonçalves.
O anúncio foi feito neste sábado (01/04), durante a feijoada da escola. Na ocasião, a Majestade do Samba apresentou oficialmente a equipe que fará o Carnaval 2024: a porta-bandeira, Squel Jorgea – que será par do mestre-sala, Marlon Lamar -; o diretor de carnaval, Junior Schall, o diretor de harmonia, Julinho Fonseca e a dupla de carnavalescos.
Baseado no romance “Um Defeito de Cor”, da escritora Ana Maria Gonçalves, o enredo traz uma outra perspectiva da história, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luisa Mahim. Essa poderia ser a história da mãe de qualquer um de nós, ou melhor dizendo, é a história das negras mães de todos nós.
Antônio Gonzaga adianta que é um projeto dedicado a todas as mães e é uma forma de demonstração de afeto e gratidão por sua recém-chegada à escola, ao lado de André Rodrigues.
“Acreditamos que esse enredo é a nossa mais profunda manifestação de afeto nessa chegada. É um enredo que dedicamos a nossas mães, nossas avós e a cada mulher preta que carrega a força de sobreviver, ser e semear novas histórias. “Um Defeito de Cor’ é a história da luta preta no Brasil incorporada em uma mulher que enfrentou os maiores desafios imagináveis pra continuar viva e preservar suas heranças e raízes. A história de uma mãe, heroína, filha de África, que pariu a liberdade dessa nação. É uma honra imensa contar essa história e imaginar esse reencontro de Luísa com Luís Gama. Essa história fala de todos nós. É a nossa identidade construída no tempo”, frisa Gonzaga que aproveita a ocasião para agradecer a oportunidade de estar junto a comunidade portelense.”
“Agradecemos imensamente a Portela por acreditar na ideia e nos receber com tanto carinho e entusiasmo. Vamos escrever juntos um novo capítulo no livro da Majestade do Samba. Agradecemos também a Ana Maria Gonçalves que nos deu o abraço e a honra de adaptarmos sua obra para o carnaval da Portela. É uma felicidade que não cabe em mim e tenham a certeza que eu e André trabalharemos incansavelmente pra ver o portelense feliz”, garante.
Confira a sinopse do enredo.
Um Defeito de Cor
Argumento
Para o carnaval de 2024, o sonho da GRES Portela está baseado no principal fator simbólico que dá consistência para ela ser o que é e chegar onde chegou: O Afeto.
Ancestralidade cultuada no sagrado feminino, no terreiro da mãe de todas as outras que vieram depois, a Iyá centenária.
Baseado no romance “Um Defeito de Cor”, da escritora Ana Maria Gonçalves, o enredo traz uma outra perspectiva, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luiza Mahim. Essa poderia ser a história da mãe de qualquer um de nós, ou melhor dizendo, é a história das negras mães de todos nós.
Escolhemos este tema, que será contado através deste enredo, por entender a importância e a necessidade de celebrar e cultuar na arte, na cultura, junto do maior mecanismo de comunicação deste país (os desfiles das escolas de samba), a trajetória de uma negra matriarca que se confunde a tantas outras até os dias de hoje. Precisamos não apenas nos espelhar na história, mas principalmente valorizar as descendentes desses movimentos de coragem por amor à continuidade.
Através de seu filho, Luiz Gama, sonhamos com uma carta onde o importante abolicionista responde a sua mãe sobre o legado da memória que ela deixou: o livro.
Afastados enquanto ele ainda era menino, o desenvolvimento demonstra o tamanho do orgulho que o mesmo sente das façanhas de sua heroína.
Narrar essa história é como narrar a busca pelo sentido da nossa existência enquanto sujeitos negros ativos neste Brasil. Por que somos? Por que assim fazemos? Por quem lutamos? Em memória do que?
Nossos passos vêm de longe e necessitamos honrar cada pegada trilhada na dor que é ser uma negra na história afro-brasileira. Identidades plurais que são moldadas a todo tempo.
A saga de uma mulher que se incorpora a tantas outras que lhe atravessam, ensinam e revigoram, em um legado de persistência na insistência de sobreviver. Inúmeras trajetórias diferentes, vivenciadas por gerações e gerações de escravizados ao longo dos anos, e sabemos, até hoje por todas as mulheres que nasceram com este defeito de cor.