“Toda maneira de amor valerá”, além de um verso emblemático de Milton Nascimento cantado por Gal, é um projeto do Manouche em conjunto com a série “Trans Musical”, que em breve vai ao ar pelo Canal Bis, dedicado a artistas no movimento LBGTQIAP+.
As atrações são Filipe Catto e Assucena, que vêm especialmente de São Paulo, e o capixaba Nick Cruz, abrindo o show de Assucena. Os shows acontecem nos dias 09/02, quinta, e 11/02, sábado, respectivamente.
“Este projeto é um ‘do It ourselves’ entre o Manouche, os artistas e suas produções e a direção do programa ‘Trans Musical’. Não só como um elogio à liberdade de ser e amar, mas também uma declaração de amor à arte. O público precisa saber dos esforços que todos nós fazemos nos bastidores pra viabilizar shows, sobretudo de artistas de fora da cidade. E que cada ingresso comprado, sobretudo agora, também é uma declaração à arte”, comenta Alessandra Debs, diretora artística do Manouche.
Filipe Catto, cantora, instrumentista, compositora, ilustradora e designer brasileira – que há tempos não se apresenta no Rio de Janeiro – é a primeira atração do projeto e traz o “Catto Show Solo”, com sucessos da carreira e músicas especiais para essa estreia nos palcos do Manouche.
O gaúcho Catto ganhou fama ainda muito jovem, voltada para a MPB, o samba e o tango moderno, mas com o tempo, avançou para outros gêneros, como o jazz, o rock e o bolero, entre outros. Apesar de se definir com freqüência como intérprete, é compositora da maioria de seus sucessos, que fizeram parte de trilhas sonoras de várias novelas como “Saga” (Cordel Encantad; o), “Quem É Você” (Sangue Bom), “Adoração” (Saramandaia) e “Flor da Idade” (Jóia Rara).
“Saga” foi lançada em EP pela internet em 2009 com download gratuito, o que marcou o início sua carreira profissional. Daí pra frente já dividiu o palco com outros grandes artistas nacionais como Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Vanessa da Matta, Toquinho, Daniela Mercury, Zélia Duncan, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Dzi Croquettes, entre outros.
Com três discos lançados seu terceiro disco de estúdio, “CATTO” (2017) expandiu ainda mais seus horizonte com shows em Portugal e três esgotados no Sesc Vila Mariana. Em março de 2018, levou a turnê aos Estados Unidos para shows no festival SxSW, em Austin, Texas. No site do evento, Filipe foi descrito como “uma das grandes vozes do Brasil no Séc. XXI, como uma diva e algo entre Freddie Mercury e Maria Bethânia, entre o bolero e o rock glam moderno”. O espetáculo circulou por várias cidades do Brasil e em festivais renomados como o Porto Musical de 2020, em Recife.
Com a chegada da pandemia e o impacto causado no seguimento da turnê, Filipe mais uma vez se reinventa. Desde maio do mesmo ano, a turma fervida da madrugada foi a companhia de Filipe Catto nas redes sociais. Para os fãs da cantora a balada era “Love Catto Live”. Cada edição teve um tema. Filipe foi construindo o repertório junto com os fãs e desconstruindo aquela imagem de artista inatingível. A “Love Catto Live” não teve filtros: teve erros, vinhos, tela compartilhada, palavrões, processos artísticos, auto-ajuda e muito humor – e tem.
Já Assucena, conhecida pelo trabalho com a banda As Baías, projeto com a qual foi indicada duas vezes ao Grammy Latino (2019/2020) e conquistou duas categorias no 29º Prêmio da Música Brasileira, apresenta pela primeira vez aqui no Rio de Janeiro o “Rio e também posso chorar – Um tributos à Gal Costa” com versões criadas especialmente o show, relembrando e celebrando um dos mais importantes álbuns da música brasileira, “Fatal – Gal a todo vapor”, de 1971, com abertura de Nick Cruz, jovem capixaba representante do novo pop nacional, com sonoridades do rap, do trap, do funk e do hip-hop.
Cantora, compositora e atriz, Assucena – que estreou sua carreira solo há um ano com este show e acaba de ser indicada como melhor atriz ao Prêmio Shell 2023, que pela primeira vez incluiu várias artistas trans em sua lista, por “Mata Teu Pai – Ópera Balada” – se Inspira tanto pela poesia e beleza das canções que compõem o álbum quanto pela postura política que Gal, Jards Macalé e Waly Salomão imprimem em “Fatal”. – “Este projeto nasce da composição de um canto e de um corpo livre de uma mulher-trans em tempos de ataque à dignidade humana e à democracia. É uma releitura na qual imprimo meus traços e minhas pesquisas sonoras também”, revela.
Assucena lançou em 2022 os primeiros singles da nova fase de sua carreira: a autoral “Parti do Alto”, uma releitura-homenagem de “Ela”, gravada por Elis Regina há 50 anos, e, ainda, “Menino Pele Cor de Jambo”, primeiro single do álbum autoral que será lançado em breve. Enquanto se prepara para a produção deste trabalho que marca um momento especial em sua trajetória artística, já que será seu primeiro álbum solo, ela conta que seguirá reverenciando a memória da artista que mais influenciou sua formação. – “Perdemos um cristal divino e profano que atravessou os gêneros da canção brasileira. Tenho o compromisso de zelar por esse monumento da cultura que é Gal Costa. Sem dúvida, uma das cantoras mais importantes de nossa história”, afirma.
“Fatal – Gal A Todo Vapor” foi um dos primeiros discos duplos da discografia brasileira. Gravado ao vivo no Teatro Tereza Raquel/RJ, sob recursos limitados de captação, apresenta tropeços e microfonias como um retrato acurado de uma rebeldia magistral. Não à toa, é tido como um dos marcos musicais da contracultura brasileira durante o regime militar.
“Quando eu me encontrei com essa obra, eu me reencontrei como cantora e como artista. Meu coração vagabundo finalmente achou morada numa expressão sincera e arrojada de uma de nossas maiores intérpretes. ‘Gal sempre me trata com choques elétricos…, como bem disse Tom Zé. Ali, naquele ‘Vapor Barato’, eu pude aprender a ser visceral e ser delicada, pude ser guitarra e violão sincopado, pude ser a ‘Falsa Baiana’ de Geraldo Pereira, embora seja verdadeiramente uma baianíssima de um sertão que ainda espera ser mar”, celebra Assucena.
SERVIÇO:
PROJETO TODA MANEIRA DE AMAR VALERÁ
Local: Manouche (Rua Jardim Botânico, nº 983)
Abertura da casa: 20h
Classificação: 18 anos
Vendas: https://linktr.ee/clubemanouche
* Show: “Filipe Catto – Catto Show Solo”
Data: 09 de fevereiro, quinta
Horário: 21h
Preços: R$ 60 (ingresso solidário – levando um quilo de alimento não perecível ou livro, a ser doado para o ONG Instituto da Criança – e meia-entrada) l R$ 120,00 (inteira)
* Show: Assucena em “Rio e também posso chorar – Um tributo à Gal Costa”
Data: 11 de fevereiro, sábado
Horário: 20h30
Preços: R$ 70 (ingresso solidário – levando um quilo de alimento não perecível ou livro, a ser doado para o ONG Instituto da Criança – e meia-entrada) l R$ 140,00 (inteira)