Mais do que contar a história de amor entre Georges e Henfil, a peça compartilha suas memórias aliadas a contextos do país. É por meio desse resgate que os dois personagens protagonistas lidam com diversos tipos de conflito. O tema torna-se ainda mais atual em tempos como o nosso, de polaridade.
É sobre essa relação de amor e divergências que trata “Peça de amar”, montagem inédita com dramaturgia de Henrique Fontes e Vinicius Arneiro construída a partir do texto “Eu e Vc”, do dramaturgo potiguar Henrique Fontes, vencedor do prêmio Shell em 2019 por “A invenção do Nordeste”. A direção do espetáculo é também assinada por Vinícius Arneiro, indicado duas vezes ao Prêmio Shell – em 2007, por “Cachorro!”, e, em 2016, por “Os Sonhadores” – e indicado ao prêmio Arte Qualidade Brasil de Melhor Espetáculo Musical e Melhor Direção em 2014 por “Cássia Eller – O musical”.
O espetáculo estreia no dia 10 de novembro no Mezanino do Sesc Copacabana, para uma temporada até 4 de dezembro, com apresentações de quinta a domingo, sempre às 20h30. Contemplado pelo edital Sesc Pulsar, do SESC RJ, é idealizado e protagonizado por Juracy de Oliveira e Maurício Lima, numa realização do Pandêmica Coletivo Temporário de Criação, grupo composto por artistas de diversas partes do país, criado durante a pandemia da Covid-19 e que propõe um deslocamento geográfico, ético e artístico.
“Peça de Amar” acompanha o relacionamento de Georges e Henfil – dois atores que vivem um amor intenso – desde o momento em que se conhecem, passando pelo atravessamento do HIV e uma relação sorodiferente. O pano de fundo é o cenário de um país em crise, trazendo também ao debate questões de classe. “É uma peça onde passado, presente e futuro tem suas fronteiras borradas, onde os jogos de cena e de encenação buscam experimentar justaposições entre tempo e espaço” – destaca Vinícius Arneiro, diretor do espetáculo.
A obra dialoga com trechos do livro “Cartas da mãe”, um compilado de cartas escritas pelo cartunista Henfil durante o período de 1977 a 1980. Esse cruzamento histórico é uma forte característica de Henrique Fontes, que desenvolve uma importante pesquisa em teatro-documental, onde constrói dramaturgias que refletem as complexidades da sociedade brasileira ao dialogar com fatos e dados históricos em uma inventiva produção de ficção.
O espetáculo conta com iluminação de Daniela Sanchez, direção musical de Beà Ayòóla, direção de movimento de Marcia Rubin e direção de produção de Paulo Mattos. O Ambidestra Ateliê, coletivo composto pelos artistas visuais Gabriel Vieira e Julia Vicente, assinam a direção de arte e a programação visual do espetáculo, e Dominique Arantes, a assistência de direção.
Sinopse:
“Peça de Amar” é também uma peça de amor. Não só, mas também é. O espetáculo busca compor um panorama afetivo através de um casal que reencena as suas próprias memórias.
Sobre o Pandêmica Coletivo Temporário de Criação
O coletivo surgiu durante a pandemia com a proposta de promover a descentralização e o intercâmbio de pensamento, juntando artistas de todo o Brasil para partilhar processos de criação e formação em teatro. “Peça de amar” é a continuidade de pesquisa deste coletivo que se destacou pela pronta resposta artística a esse momento devastador para a cultura no país.
“O processo de montagem de ‘Peça de amar’, em 2022, tem sido revelador do quanto precisamos denunciar os retrocessos sociais desses últimos quatro anos, no Brasil. Sinto, também, que essa peça é mais uma afirmação de que continuamos vivos e que as tábuas nos palcos dos teatros continuam sendo nosso trampolim para nossos desejos de futuro.” Henrique Fontes.
Serviço
“Peça de Amar”
Temporada: de 10 de novembro a 4 de dezembro de 2022
Local: Mezanino – Sesc Copacabana
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana – Rio de Janeiro
Sessões: de quinta a domingo, às 20h30
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
Classificação: 16 anos
Duração: 60 minutos