Adeus, Elza Soares

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A música brasileira está triste. Faleceu nesta quinta-feira (20/01), aos 91 anos, de causas naturais, a cantora Elza Soares, um ícone da MPB.

Dona de voz marcante e swing sem igual, Elza Gomes da Conceição, mais conhecida como Elza Soares, foi eleita pela Rádio BBC de Londres, em 1999, como a cantora brasileira do milênio. Seu nome também aparece na da revista Rolling Stone Brasil, como uma das 100 maiores vozes da música brasileira.

Negra, de origem humilde, Elza Soares nasceu na favela da Moça Bonita, atual Vila Vintém, no bairro de Padre Miguel, Zona Oeste do Rio, no ano de 1930. Período em que o preconceito corria a largo, muito lutou para impor-se como cantora, mostrar seu talento genuíno.

Em 1953. se inscreveu no concurso musical do programa radiofônico “Calouros em Desfile”, apresentado pelo compositor Ary Barroso, quando interpretou a música “Lama”, de autoria de Paulo Marques e Aylce Chaves, ganhando a nota máxima. Mas antes, foi vítima de chacota por parte de Ary que, ao ver a moça humilde, lhe perguntou: “De que planeta você vem, menina?”. No que Elza lhe respondeu: “Do mesmo planeta que você, Seu Ary. Eu venho do Planeta Fome.”

Nos 34 discos de sua carreira, Elza se aproximou do samba, do jazz, da música eletrônica, do hip hop, do funk. . O último disco lançado foi “Planeta Fome”, em 2019.

Dentre seus inúmeros sucessos, “Se acaso você chegasse” (Lupicínio Rodrigues); “Salve a Mocidade” (Luiz Reis), “Bom dia, Portela” (David Correa e Bebeto Di São João), “Malandro” (Jorge Aragão e Jotabê).

Em 2020, Elza Soares foi homenageada pela escola de samba do seu coração, Mocidade Independente de Padre Miguel, com o enredo “Elza Deusa Soares”. A agremiação terminou na terceira colocação.

Talento, determinação, superação. Assim se construiu a carreira de Elza Soares. Assim a jovem humilde de Moça Bonita inscreveu seu nome na história da MPB. E conquistou reconhecimento no exterior.

À Elza Soares, que seu novo caminho seja de luz, harmonia e paz.

À família, nossas condolências.