A Fábrica de Startups e a Câmara de Comércio e Indústria
Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio) lançaram nesta
segunda-feira (22/07), no Rio, o Programa I² (Inovação e Inclusão),
que tem como desafio aumentar a empregabilidade dos jovens em risco
social no Brasil. Durante o Discovery Day, como foi chamado o primeiro
passo do projeto, estavam reunidos na plateia gestores de RH,
empresários e representantes de ONGs interessados em contribuir para a
diminuição da desigualdade social do Rio de Janeiro, por meio de vagas
do programa Jovem Aprendiz.
O presidente eleito neste ano, Antônio Roberto Cortes, quer focar na
área social. Por isso, nada mais justo do que apoiar este projeto de
alto impacto, que vai transformar a vida de jovens em situação de
vulnerabilidade social, acredita Hanno Erwes, Diretor Executivo da AHK
Rio.
Este é o primeiro grande projeto social da aceleradora corporativa. A
Fábrica de Startups entende que o empreendedorismo e a inovação são
dois dos principais instrumentos para termos uma sociedade capaz de
resolver seus desafios e criar um mundo melhor. É com isso que vamos
trazer empreendedores e startups para impactar milhares de jovens que
podem ter a oportunidade de se inserir no mercado de trabalho e ajudar
as empresas a encontrarem pessoas capacitadas e com o desejo de
transformar suas vidas e o ambiente que lhes der a chance de
trabalhar, explica o CEO da Fábrica de Startups, Hector Gusmão.
O evento contou com a participação da juíza Vanessa Cavalieri, titular
da Vara da Infância e da Juventude do Tribunal do Rio, que apresentou
ao público um perfil dos jovens infratores do Rio de Janeiro. De
acordo com Vanessa, atualmente, o Estado do Rio de Janeiro conta com
cerca de 95 mil vagas para jovens aprendizes, e menos de 50 mil estão
preenchidas. Há, portanto, mais de 40 mil vagas ociosas em empresas
privadas e públicas, que descumprem a determinação legal de inclusão e
profissionalização de jovens.
Existem no Estado 4 mil jovens em situação de alto risco social. Vale
ressaltar que nem todos que estão nesta situação de vulnerabilidade
cometeram um ato infracional, mas se continuarmos fingindo que eles
não existem, vão acabar cometendo por não terem tido uma oportunidade.
Hoje em dia, as empresas preferem pagar multa por não cumprir a cota
de Jovem Aprendiz, conta.
Elionai da Costa, de 19 anos, é um dos que participam do programa
Jovem Aprendiz e estava no evento para falar sobre as dificuldades que
enfrenta na busca de uma vaga no mercado de trabalho. Já fui da vida
errada, tenho proposta todo dia do tráfico de drogas para voltar para
o crime, mas não quero. Fiz um curso de eletricista, em um projeto em
parceria com a Universidade Veiga de Almeida, e quero ter minha
primeira carteira de trabalho, afirma o jovem.
Conseguir o primeiro trabalho formal é mesmo um grande desafio para
jovens de 18 a 24 anos. De acordo com um levantamento feito pela
empresa argentina de pesquisa em tendências Trendsity, para 77% dos
jovens brasileiros a exigência de experiência anterior é a maior
barreira na hora de arranjar o primeiro emprego. Por isso, o evento
também contou com depoimentos de empresários para que relatassem o
porquê de tantas resistências e dificuldades em contratar esses jovens
e como contornar este problema.
As empresas precisam se humanizar e perceber que todo mundo importa.
Lá na Merck implementamos o Jovens Aprendizes sem quem ninguém, além
dos gerentes envolvidos, soubessem quem são os três jovens que
pertencem ao programa no meio dos outros 27 que foram contratados. Não
queríamos que fossem olhados com desconfiança. E eles estão indo muito
bem. Este programa permite que a gente troque um fuzil por uma
carteira de trabalho, diz Renato Senna, ex diretor de RH da Merck e
atual diretor geral da Ong Rede Cruzada.
A partir do dia 12/08 começa a segunda etapa do projeto, com duração
de cinco dias, que é a semana da ideação, em que 40 pessoas serão
selecionadas e divididas em dez grupos, mergulhando no problema tanto
pelo lado do RH, quanto dos jovens que buscam por um emprego. Na
sequência, inicia-se a fase de aceleração, com a participação de no
máximo cinco startups, que apresentaram protótipos de ideias no fim de
três meses. Depois de serem analisadas por uma banca julgadora, será
escolhida a ideia mais viável para entrar na fase de pós-aceleração.
Durante sete semanas serão oferecidas ferramentas para que a startup
consiga atender em larga escala a demanda da empresa. A expectativa é
de que no fim do ano se chegue à solução para o desafio da inclusão
social. Ao longo do processo, os participantes vão trabalhar na
Fábrica de Startups, contando com a metodologia da empresa e também
suporte nos negócios para ajudar a se transformar numa startup.